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CUNHA, Maria Isabel da

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Por:   •  10/9/2014  •  Seminário  •  1.691 Palavras (7 Páginas)  •  395 Visualizações

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Texto 1 - CUNHA, Maria Isabel da – O bom professor e sua prática, 6ª edição, Papirus editora, Campinas, São Paulo, 1996. Parte IV – p.135 – 151

O fazer do Bom Professor

Para perceber o fazer do bom professor propus-me a assistir às suas aulas. Na maior parte das vezes, cumpri a tarefa de observação antes de realizar a entrevista. Em geral, os professores colocavam à disposição o seu horário e eu escolhia aquele que me favorecia mais.

Ao todo, fiz 42 observações distribuídas pelos 21 professores. De cada um deles, portanto, assisti a duas aulas.

A natureza de cada encontro determinava variações. Estive em laboratórios, em quadras esportivas e em aula de campo. A grande maioria das aulas, entretanto, aconteceram em sala ambiente comum.

Os Procedimentos

A exposição oral foi a técnica a que mais assisti. O objetivo do seu uso variou como resultante do momento em que ela acontecia, em relação ao desenvolvimento do currículo.

Em todos os casos observei a preocupação dos professores com o clima favorável no ambiente escolar e com a participação dos alunos.

O ritual escolar está basicamente organizado em cima da fala do professor. Há, sim, a constatação de que é o professor a principal fonte da informação sistematizada. Tenho a impressão até de que os professores criam um certo sentimento de culpa se não são eles que estão “em ação”, isto é, ocupando espaços com a palavra, na sala de aula. O fato de ser achar na condição de ouvinte é confortável ao aluno especialmente se o professor possui habilidades de ensino que fazem com que a aula não se torne maçante. Este comportamento ratifica a tendência de que o ritual escolar se dê em cima da aula expositiva.

É provável que professores e alunos assim se comportem por falta de vivência noutro tipo de abordagem metodológica. Se o comportamento do professor não é neutro como já afirmamos, podemos ver relações entre as habilidades observadas e os pressupostos que embasam uma visão de homem e de mundo.

As Habilidades

Vale a pena constatar as habilidades de ensino que os nossos bons professores apresentaram. Minha observação encaminhou para a identificação de trinta e nove diferentes evidências, sendo que algumas delas com grande incidência entre o grupo.

Um bom professor apresenta habilidades relacionadas com a organização do contexto da aula. Outra evidência relacionada com a referida habilidade é a que localiza historicamente o conteúdo. Parece haver uma certeza de que é preciso saber como o conhecimento foi produzido para então estabelecer estruturas de pensamento que levem à compreensão. Observei que os alunos ficam muito interessados quando os professores realizam esta localização histórica de modo a valorizar o conhecimento científico com produção social, isto é, com construído por um grupo social, com necessidades e anseios historicamente situados.

Alguns professores, dentro da habilidade de organização do contexto da aula, usam artifícios verbais para apontar as questões fundamentais dentro do conteúdo estudado. Apresentar ou escrever o roteiro da aula também foi um desempenho docente diversas vezes usado. Os professores acreditam que tal procedimento auxilia o aluno a ter uma visão sincrética da aula e favorece a compreensão lógica do conteúdo.

Outro grupo de comportamentos foi reunido por mim como uma evidência de habilidades de incentivo à participação do aluno. Entre estas surge, principalmente, a capacidade dos bons professores em formularem perguntas.

Mesmo que ainda a grande iniciativa de agilização verbal esteja localizada no professor, percebe-se uma intenção de que os alunos participem, que valorizem uma interação entre eles mesmos, o conteúdo e o professor.

O fato de o professor usar a indagação como forma de conduzir a aula, coloca os alunos mais à vontade para também perguntarem. Não que este tenha sido, na minha observação, um comportamento habitual entre os alunos.

A transferência de indagações de um aluno para todo o grupo foi outro aspecto interativo obsevado nos professores. Esta é uma perspectiva que permite coletivizar as questões na sala de aula.

Completando o quadro de habilidades que o professor evidencia como forma de incentivar o aluno a participar da aula, percebi, com frequência, o uso de palavras de reforço positivo frente às respostas dos alunos. Refiro-me ao fato do aproveitamento dessas respostas dos alunos para dar continuidade à aula e, ainda, do esforço que percebi nos professores para auscultar as experiências cotidianas dos alunos e, sobre elas, tentar a construção do conhecimento que estava em pauta.

Outra categoria de habilidades que consegui reunir dizem respeito ao trato da matéria de ensino. Nelas inclui o esforço que o professor faz para, no seu discurso, tornar compreensível o conhecimento que Poe em disponibilidade para os alunos. Isto passa, tornar a sua linguagem acadêmica acessível aos mesmos.

Mas, de qualquer forma, é possível reconhecer a preocupação do professor em não falar no vazio e não usar a linguagem como mais uma forma de poder acadêmico. Percebo que para trabalhar bem a matéria de ensino, o professor tem de ter profundo conhecimento do que se propõe a ensinar. Verifiquei que a principal estratégia que o professor utiliza para explicitar suas proposições, é o uso de exemplos.

Vi que o professor explora e aproveita bastante bem a sua atividade de pesquisa e a sua prática profissional. Mas ainda muito pouco investiga seus próprios alunos e as experiências que já desenvolveram enquanto aprendizes.

Meu material de análise também indica que muitos bons professores demonstram bastante competência na variação de estímulos. Percebi o uso adequado de recursos de ensino, em que especial do quadro de giz e do manuseio com o projetor de slides.

Percebi, ainda, outras habilidades do professor que estimulam os alunos na sala de aula. Verifiquei que a movimentação que o professor faz no espaço de ensino torna mais constante a participação dos alunos e dá ao professor condições de verificar o nível de atenção de seus interlocutores.

Em menor significação observei habilidades docentes de estimulo à divergência e à criatividade, bem como à preocupação em instalar a dúvida entre os alunos. Isto leva a crer que esta não é ainda uma prática comum nas nossas escolas.

Em muitos casos percebi a ideia de que segurança

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