Carr, Resenha

Nos três primeiros capítulos do livro "Vinte anos de Crise", principalmente nos primeiros dois capítulos, o autor procura nos dar base para compreendermos o surgimento de uma ciência humana, ressaltando, como já comentado pelas minhas colegas, a questão utopia x realidade, vista mais para frente como questão liberal x conservador, o que inclusive nós encontramos na política brasileira desde o tempo dos Reinados.

Neste aspecto, ele mostra através de acontecimentos marcantes do pós-Primeira Guerra o modo como há interação entre utópicos e realistas, os primeiros movidos pelo intenso desejo e mudança e os segundos focados nas "peças do jogo de xadrez à frente", como dito pelo professor a fim de metaforar a realidade, os fatos.

O primeiro grande exemplo é dado no capítulo três, e é nada menos que a Liga das Nações, idealizada, obviamente, pelos idealistas, utópicos, sedentos por uma resolução na crise das relações internacionais intensificada pela Grande Guerra. Convencidos de que os diplomatas, rpresentando os conservadores ou melhor, os realistas, não estavam mais aptos a cuidar das relações internacionais, e tachando-os de "vilões" das relações internacionais, os intelectuais decidem assumir a frente, como sempre o fazem, como exemplo Marx.

Não obstante, o autor nos deixa claro desde o início que a ciência nasce não da divergência desses opostos, mas de sua junção, de sua complementação, e, seguindo o que o autor nos mostra com o que é contado em sala, defere-se que realmente o idealismo solo não é o suficiente para nos guiar, e que, no final, o idealismo sempre se apoia no realismo para contornar seus devios drásticos da realidade. Ainda defere-se que, o realismo solo também não é o suficiente, pois trabalhar apenas com as "peças" prontas não torna nada novo, e as possibilidades são bem mais limitadas do que se o realismo se utilizar da mão da utopia.