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Clinica De Repouso

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Por:   •  27/9/2013  •  2.559 Palavras (11 Páginas)  •  831 Visualizações

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ALUNO(A): LINDAURA MARIA DOS SANTOS NETA

CLINICA DE REPOUSO

Trabalho de Produção Textual Interdisciplinar Individual

apresentado à Universidade Norte do Paraná – UNOPAR

como requisito parcial para a obtenção de média

semestral.

Orientador: Prof.s Valdeci Araújo; Vânia Machado;

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO

2 – EXIGÊNCIAS LEGAIS PARA ABERTURA DE UMA CLINICA DE REPOUSO

3 – IMPACTOS DA PEC DOS DOMÉSTICOS NO ESTADO DE SEU ESTADO

4 – FORMALIZAÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO ENTRE EMPREGADORES E EMPREGADOS DOMÉSTICOS

5 – CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS

AS REPRESENTAÇÕES DA FAMÍLIA

Em “CLÍNICA DE REPOUSO,” DE DALTON TREVISAN

Resumo: Este artigo pretende abordar como as relações familiares presentes no conto “Clínica de Repouso” de Dalton Trevisan, retratam a subversão das ordens patriarcal e matriarcal, apontando para a alteração do núcleo familiar brasileiro tradicional como resultante de transformações históricas e políticas no país. pretende-se também examinar um possível sentido alegórico da narrativa a partir da internação da mãe de Maria, d. Candinha, protagonista da narrativa, que parece questionar práticas opressivas do regime político da época. Tal sentido pode ainda ser enfatizado pela utilização de elementos cômicos na obra.

PALAVRAS-CHAVE: literatura brasileira; modernismo; família; ditadura militar.

DALTON TREVISAN: SUA OBRA E SEU TEMPO

Dalton Trevisan, nascido em 1925 em Curitiba, é conhecido do mundo literário e jornalístico por sua reclusão. divulgador incontestável do conto, o autor contribuiu para a literatura brasileira com algumas obras de reconhecida importância como vampiro de Curitiba, conto publicado em 1965 no livro homônimo. Na obra de Trevisan há destaque para personagens do submundo, com hábitos pouco aceitos socialmente e de natureza violenta. Seus textos possuem em muitos momentos elementos do fantástico que parecem sinalizar para algo exterior à obra, funcionando como dura crítica social.

Isto não é tão surpreendente se considerarmos que Trevisan teve grande parte de suas obra escrita e publicada durante o período da ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1984. Neste momento, o mundo passava por diversas mudanças significativas para a organização familiar ortodoxa, entre elas uma tendência à inserção de mulheres no mercado de trabalho em virtude das duas grandes guerras mundiais e da consequente ausência de trabalhadores do sexo masculino nas cidades. também foi no período imediatamente antecedente à ditadura militar que o Brasil acentuou sua longa dependência econômica, cultural e ideológica dos estados unidos da América, salientada por “uma política de apoio e colaboração” a diversos governos estaduais e municipais deste país (Cervo 2002: 363). Cumpre ressaltar que a construção de Brasília e a instalação de diversas multinacionais no país neste momento e em momentos imediatamente subsequentes deveu-se à entrada de capital norte-americano. esta nova situação perturbava alguns e agradava a muitos, pois empregos foram gerados e houve um crescimento considerável da economia brasileira. o aumento de empregos colaborou significativamente para uma mudança nas relações sociais, primeiramente no âmbito familiar: com recursos financeiros, tanto as mulheres solteiras quanto as casadas chegavam a uma independência nunca vista até então e, de uma forma geral, os jovens dos grandes centros brasileiros alcançavam mais independência da família, mudando-se das casas dos pais, ainda que solteiros. Essas alterações nas estruturas familiares e sociais são refletidas de alguma forma em diversas obras literárias brasileiras e principalmente a partir da segunda metade do século XX, mas ressaltamos aqui Feliz Aniversário, de Clarice lispector, um claro questionamento sobre as obrigações familiares. publicado na coletânea de contos Laços de Família, de 1960, a narrativa descreve a reunião anual obrigatória de uma família em virtude do aniversário de sua matriarca, d. Anita. A aniversariante que completa oitenta e nove anos parece um objeto da família armazenado na casa da filha Zilda. em um momento epifânico da idosa, ela questiona toda a transformação que sua família tem a partir de seus filhos. Para ela, que se considera uma mulher com muita força própria, ainda que subserviente ao marido respeitador, é vergonhoso ver a que se resumem seus descendentes uma outra percepção pode ser encontrada em “Hell’s Angels” de márcia denser, publicado em Animal dos motéis, de 1981. A relação heterossexual entre duas pessoas solteiras está longe de ser uma gênese de núcleo familiar: diana, que acaba de completar trinta anos, tem apenas uma aventura romântica com robi, motoqueiro de dezenove anos incompletos. diana não faz referência a sua família. menciona que não para em casa, mas que o rapaz sempre a encontra quando passa brevemente por lá, dando a entender que mora sozinha. robi, no entanto, possui pai, mãe, governanta e irmã mais nova. É de diana também a decisão de sair da relação: ao deixar uma encomenda para robi no prédio dele, parece não ter planos de voltar ou de continuar o relacionamento. durante toda a narrativa, mais atenção é dada ao caráter sexual da interação dos dois do que a qualquer outro fator que porventura os tenha unido.

O CONTO “CLÍNICA DE REPOUSO”

Como não poderia deixar de ser, muitas das características do tempo e da obra de Trevisan também se encontram presentes em “Clínica de repouso”, conto perturbador pelo retrato que tece dos personagens que o protagonizam: d. Candinha, a matriarca,

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