Conto De Fadas
Ensaios: Conto De Fadas. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 13/5/2014 • 1.773 Palavras (8 Páginas) • 471 Visualizações
Os Contos de Fadas
Os Contos de Fadas teve sua origem a tempos atrás, sendo contados e recontados de geração em geração, se modificando conforme o tempo e a sociedade. No início, os contos não eram considerados de “fadas”, traziam enredos assustadores, eram mitos difundidos por diversos povos, e continham expressões de conflitos entre o homem e a natureza, era carregado de moral, ritos, anseios e orientações gerais da cultura que fora gerado, traziam preocupações da vida cotidiana como morte, fome, abandono e abuso sexual. Esses contos não foram escritos para crianças, segundo Sheldon Cashdan:
Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os contos de fadas eram contados em reuniões sociais, nas salas de fiar, nos campos e em outros ambientes onde os adultos se reuniam – não nas creches. (CASHDAN, 2000).
E continua exemplificando:
É por isso que muitos dos primeiros contos de fadas incluíam exibicionismo, estupro e voyeurismo. Em uma das versões de Chapeuzinho Vermelho, a heroína faz um strip-tease para o lobo, antes de pular na cama com ele. Numa das primeiras interpretações de A Bela Adormecida, o príncipe abusa da princesa em seu sono e depois parte, deixando-a grávida. E no conto A Princesa que não conseguia rir, a heroína é condenada a uma vida de solidão porque, inadvertidamente, viu determinadas partes do corpo de uma bruxa.
E a partir do século XVI, esses contos foram reunidos em várias coletâneas.
No século XVII, nascia as versões mais leves dos contos, pelas mãos do francês Charles Perraul. Que popularizou os contos através de vendedores ambulantes que levavam “livros baratos” contendo a simplificação dos contos, assim tornando público o acesso ás histórias. Porém, houve um grande desinteresse por parte dos adultos após a Revolução Francesa (1789 – 1790), e despertou a atenção de pesquisadores no início do século XIX, que transcreveram os contos determinando a identidade de cada povo. Passaram a ser conhecidos como “Contos da Carochinha”.
Os Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen deram continuidade na linha literária, coletando as antigas narrativas populares, acrescentando características do povo alemão e criando “morais de história”. Publicando uma coletânea de 100 contos e denominando de “Contos de fadas para crianças e adultos”, entre 1812 e 1822. Suas histórias continham semelhanças de episódios e personagens das de Perrault, evidenciando que os irmãos não fizeram adaptações das histórias originais e sim, dos contos “mais leves”.
Os contos que conhecemos hoje, são versões que foram se modificando, reinventando desfechos, episódios e morais, deixando seu conteúdo mais leve e tirando a ideologia daquelas narrativas antigas, mantendo a sua base e preservando os personagens, e em alguns casos, criando personagens novos. Essas narrativas, que leva nosso imaginário para um mundo de amor e fantasias, tem como base a preocupação com o impacto psicológico que pode ocorrer na criança a partir da influência, o que gera discussões sobre os conteúdos da indústria infantil e do que, realmente, é correto para influenciar as crianças.
Esse breve relato sobre a origem dos contos de fadas nos permitiu entender que eles sempre estiveram presentes em nossa sociedade, mesmo que no começo não tenham sido elaborados para o público infantil. Com o passar do tempo os contos foram sofrendo muitas modificações de autores diversos, mudando assim o cenário das histórias ao longo dos séculos, permitindo que esses passassem a contribuir de maneira adequada para a educação dos pequenos, uma vez que os contos de fadas trazem em sua narrativa princípios que estão presentes nos cotidiano de todos nós. As histórias infantis são encantadoras, elaboradas para que toquem de forma delicada e mágica o interior da alma infantil.
Para Bettelheim (1980) os contos de fadas, são melhores do que qualquer outro tipo de conto, já que tem o poder de ensinar as crianças a enfrentar seus medos, angustias e preocupações interiores achando assim ao final de cada história soluções para enfrentar qualquer tipo de problema que por ventura estejam passando naquele momento, independentemente do tipo de sociedade que estão inseridos, pois os contos de fadas tem linguagem universal. A criança aprenderá a enfrentar e aceitar sua condição, desde que seus sentimentos lhe permitam.
Para dominar os problemas psicológicos do crescimento - superar decepções narcisistas, dilemas edípicos, rivalidades fraternas, ser capaz de abandonar dependências infantis: obter um sentimento de individualidade e de autovalorização e um sentido de obrigação moral a criança necessita entender o que está se passando dentro de seu eu inconsciente. Ela pode atingir essa compreensão, e com isto a habilidade de lidar com as coisas não através da compreensão racional da natureza e conteúdo de seu inconsciente, mas familiarizando-se com ele através de devaneios prolongados ruminando, reorganizando e fantasiando sobre elementos adequados da estória em resposta a pressões inconscientes. Com isto, a criança adequa o conteúdo inconsciente às fantasias conscientes, o que a capacita a lidar com este conteúdo (BETTELHEIM, 1980, p. 16)
De acordo com Abramovich (1991), os contos de fadas tem o condão de relatar autodescobertas permitindo também que a criança descubra sua própria identidade, fato esse indispensável para o desenvolvimento das crianças. A autora exemplifica sua afirmação acima com a história do “O patinho feio” escrita por Hans Christian Andersen. O referido conto relata a história de um filhote de cisne que por engano foi chocado no ninho de uma pata. Por ser diferente dos outros filhotes o pequeno cisne é perseguido, ofendido e maltratado por todos os patos e outras aves. Depois de muito sofrimento quando finalmente se aproxima de uma lagoa, onde estavam belos cisnes, o “patinho feio” se identifica como sendo um deles e ao final é escolhido como o mais belo e formoso dentre eles.
Assim sendo, os contos contribuem nos processo da construção da identidade infantil, bem como no desenvolvimento da sua capacidade social, cultural e educativa, já que uma das finalidades da literatura é a de e estimular a consciência crítica do leitor.
Segundo Costa e Baganha (1989) o ambiente escolar não é responsável apenas pela multiplicação de conhecimento, está também responsável por auxiliar na formação pessoal de cada aluno que passa por ela. Nesse sentido, os contos de fadas podem ser um respeitável material pedagógico, por ajudar no processo de simbolização, ao mesmo tempo em que alivia pressões inconscientes.
"Nessa luta pela independência, a escola desempenha um papel muito importante por ser o primeiro ambiente que a criança encontra fora da família, Os companheiros substituem os irmãos, o professor o pai, e a professora a mãe" (JUNG, 1981, p.59 apud SAIANI, 2003, p.22).
O que os pequenos conseguem assimilar dos contos de fadas, não é compreendido na prática Pedagógica. [...] p. “Deixar a criança viver livremente sua fantasia gera um conflito no professor, que perde seu papel de educador e não corresponde ao modelo que foi idealizado pela Pedagogia” (COSTA e BAGANHA, 1989).
O professor não pode ser visto como um simples transmissor de conhecimentos, ele deve ser encarado como uma ponte para que a criança possa progredir intelectualmente. "A criança se desenvolve a partir de um estado inicial inconsciente e semelhante ao do animal até atingir a consciência primitiva, e a seguir, gradativamente, a consciência civilizada”. (JUNG, 1981, p.105 apud SAIANI, 2003 p. 18).
Certamente, quando uma criança de seis anos entra na escola, ainda é, em todo sentido, apenas um produto dos pais; é dotada, sem dúvida, de uma consciência do ”eu" em estado embrionário, mas de maneira alguma é capaz de afirmar sua personalidade, seja como for (SAIANI, 2003 p.58)
Conforme dispõe Saiani (2003) uma das missões da escola, como estabelecimento de ensino, é auxiliar para diferenciação da personalidade, com o objetivo de formar um indivíduo racional.
Desse modo emerge a consciência a partir do inconsciente, como uma nova ilha aflora sobre a superfície do mar. Pela educação e formação das crianças, procuramos auxiliar esse processo. A escola é apenas um meio que procura apoiar de modo apropriado o processo de formação da consciência. Sob esse aspecto, cultura é consciência no grau mais alto possível (JUNG, 1981a, p.56 apud SAIANI, P.26).
A relação que o professor tem com seus alunos, é de extrema importância, pois as consequências desse elo é que irá determinar qual será o resultado do ensino e da transformação dessas crianças em adultos saudáveis, que é a verdadeira finalidade da escola.
Segundo Jung, 1981 apud Saiani, 2003, é fundamental que a escola consiga fazer com que a criança se desprenda da personalidade da família a qual ela pertence, fazendo com ela tenha sua consciência, sem ser influenciada por nada nem ninguém, tornando-a consciente de si própria. Sem essa consciência, a criança nunca saberá o que realmente deseja, estando sempre subordinada a família, procurando apenas imitar os outros.
“Ninguém, absolutamente ninguém, está com sua educação terminada ao deixar o curso superior”. Ou seja: o educador não deve ser apenas portador da cultura de modo passivo, mas também desenvolvê-la por meio de si próprio (JUNG,1981, p.61 apud SAIANI, 2003, p.26).
Os contos de fadas, para Saiani (2003), são um elo entre o professor e o aluno no trabalho afetivo, ajudando-os a superar seus problemas interiores, possibilitando que a mente possa se desenvolver e trabalhar com o mínimo de interferências emocionais.
2. Conclusão
Este trabalho dedicou-se através de uma abordagem de referencial teórico, buscar as principais fontes sobre a origem, o desenvolvimento e a contribuição dos contos de fadas para a formação da criança ao longo dos anos. Explicando, de uma forma breve, a contextualização histórica dos contos de fadas, ou seja, como surgiu e quais os principais autores. Entendendo assim, que os contos, inicialmente, era destinados a adultos, porém, ao longo dos séculos foi se adaptando até tornar-se literatura infantil.
Os contos de fadas são caminhos de descoberta e compreensão do mundo, pois, ao contar uma história, desperta a curiosidade, estimula a imaginação, desenvolve o intelecto e as habilidades da criança contribuindo na formação da personalidade, descobrindo a sua identidade, construindo sua comunicação e também sugerindo experiências que são necessárias para o desenvolvimento de seu caráter, dando a oportunidade da criança utilizar seu inconsciente, condição básica para se conhecer o significado da vida. “O conto de fadas procede de uma maneira consoante a caminho pelo qual uma criança pensa e experimenta o mundo; por esta razão os contos de fadas são tão convincentes para elas”. (BETTELHEIM, 2004)
A escola, tem um papel fundamental, pois é palco das diversas interações cognitivas e afetivas, além de ser aspecto relevante da ruptura entre a criança e a família, o professor não deve ser apenas transmissor dos saberes historicamente acumulados, mas, manter uma relação de afeto com a criança,
A verdadeira educação pode respeitar e aproveitar a natureza infantil. Se a fantasia e as emoções infantis puderem estar integradas no processo de desenvolvimento e conhecimento, a criança irá sentir-se respeitada e terá condições satisfatórias de ingressar em um mundo social e cultural.
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