DISCURSO DO METODO - DESCARTES
Artigo: DISCURSO DO METODO - DESCARTES. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jeanbahia • 23/1/2014 • 3.634 Palavras (15 Páginas) • 963 Visualizações
Discurso do Método, René Descartes
DISCURSO DO MÉTODO
INTRODUÇÃO
Esta obra do filósofo, físico e matemático francês René Descartes (1596-1650), resume o espírito do sábio francês cujo Discurso do Método inaugurou a filosofia moderna, onde se trata de um manual da razão, um prático "modo de usar", ele postulava a ideia de que a razão deveria permear todos os domínios da vida humana e que a apreciação racional era parâmetro para todas as coisas, numa atividade libertadora, voltada contra qualquer dogmatismo. O livro é dividido em seis partes e encontra-se nele uma das frases filosófica mais famosa, "Penso, logo existo".
PRIMEIRA PARTE
Na primeira parte da obra Discurso do Método, Descartes conceitua a capacidade humana de julgar e de distinguir o verdadeiro do falso como bom senso. Ele é a potencialidade própria do homem para orientar seus pensamentos e desenvolver suas virtudes. Segundo Descartes, o bom senso, se bem orientado, leva o homem à perfeição do espírito e ao conhecimento da verdade. Assim, propõe-se a apresentação do conceito de bom senso natural e do método de buscar a verdade nas ciências e descobrir métodos para conduzir nossos pensamentos através do bom senso, para assim desenvolver virtudes oriundas do esforço da observação, sendo assim, não pode ser acidental e contingente o que transcorre em nosso pensamento, pois a capacidade de pensar é a raiz da essência humana. Consequentemente, o pensamento para extrair de si mesmo todos os conhecimentos que são úteis à vida humana precisa de um método. A importância do método consiste na orientação da razão pela busca das “verdades na ciência”. As regras do método têm por objetivo descrever a maneira como procede a razão no seu uso. Em suma, o esforço para a perfeição do próprio espírito conduzirá a mente a adquirir uma inteligência capaz de discernir o que é verdadeiro e falso, na fundamentação da ciência.
“O bom senso é coisa do mundo melhor partilhada, pois cada qual pensa estar bem provido dele, que mesmo os que são mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa não costumam desejar tê-lo mais do que o têm. E não é verossímil que todos se enganem a tal respeito; mas assim antes testemunha que o poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso, que é propriamente o que se denomina o bom senso e a razão, é igual em todos os homens; e, destarte que a adversidade de nossas opiniões não provem, do fato de serem uns mais racionais que os outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas. Pois não é suficiente ter o espírito bom, o principal é aplica-lo bem. As maiores almas são capazes dos maiores vícios, tanto quanto das maiores virtudes, e os que só andam muito lentamente podem avançar muito mais, se seguirem sempre o caminho reto.”
“Jamais presumi que meu espírito em nada perfeito do que os do comum; desejei ter o mesmo pensamento tão rápido, ou a imaginação tão nítida e distinta, ou a memória tão ampla ou tão presente, quanto alguns outros. E não sei de quaisquer outras qualidades, exceto as que servem a perfeição do espírito; quanto à razão ou o senso, posto que é a única coisa que nos torna homens e nos distingue dos animais.”
“Meu desígnio não é ensinar aqui o método que cada qual deve seguir para bem conduzir sua razão, mas apenas mostrar de que maneira me esforcei para conduzir a minha.”
“Eu apreciava muita a eloquência e estava enamorado da poesia; mas pensava que umas outras, eram dons do espírito, mas do que frutos do estudo.”
“Comprazia-me, sobretudo com as Matemáticas, por causa da certeza e da evidencia de suas razões; mas não notava ainda seu verdadeiro emprego, e pensando que serviam apenas às artes mecânicas, espantava-me de que sendo seus fundamentos tão firmes e tão sólidos, não se tivesse edificado sobre eles nada mais elevado.”
“Eu reverenciava a Teologia e pretendia como qualquer outro, ganhar o céu; mas tendo aprendido, como coisa muito segura, que o seu caminho, não está menos aberto aos mais ignorantes do que os mais doutos e que as verdades reveladas que para lá conduzem estão acima de nossa inteligência, não ousaria submetê-las à fraqueza de meus raciocínios, e pensava que, para empreender o seu exame e lograr êxito, era necessário ter alguma extraordinária assistência do céu e ser mais do que homem.”
“Da filosofia, nada direi, senão que, vendo que foi cultivada pelos mais excelsos espíritos que viveram desde muitos séculos e que, no entanto, nela não se encontra ainda uma só ciosa sobre a qual não se dispute, e, por conseguinte que não seja duvidosa, eu não alimentava qualquer presunção de acertar melhor que os outros.”
“Quanto à outras ciências, na medida em que tornam seus princípios da Filosofia, julgava que nada de sólido se podia construir sobre fundamentos tão pouco firmes.”
“O maior proveito que daí tirei foi que, vendo uma porção de coisas que, embora nos pareçam muito extravagantes e ridículas, não deixam de ser comumente acolhidas e aprovadas por outros grandes povos, aprendi a não crer demasiado firmemente em nada do que me fora inculcado só pelo exemplo e pelo costume.”
SEGUNDA PARTE
Na segunda parte, Descartes nos apresenta seu método. A preocupação de Descartes era que pudéssemos chegar a um conhecimento garantido, livre de erros e falsidades, para tanto, recorreu ao método da dúvida. Duvidar de todas as coisas é o primeiro passo para não se deixar enganar por elas, corremos grandes riscos de nos enganarmos se tomamos, de súbito, por verdadeiras todas as coisas que nos ensinam.
“Achava-me, na Alemanha, para onde fora atraído pela ocorrência de guerras, que ainda não findara, e, quando retornava da coroação do imperador para o exercito, o inicio do inverno me deteve num quartel, onde não encontrando nenhuma frequentação que me distraísse, e não tendo, além disso, por felicidade, quaisquer solicitudes ou paixões que me perturbassem, permanecia o dia inteiro fechado num quarto bem aquecido onde dispunha de todo o vagar para me entreter com os meus pensamentos.”
“Imaginei que os povos, que, tendo sido outrora semi-selvagens e só pouco a pouco se tendo civilizado, não elaboraram suas leis senão à medida que a incomodidade dos crimes e das querelas a tanto os compeliu, não poderiam ser tão bem policiados como aqueles
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