DIVERSIDADE ORGANIZACIONAL ESCOLAR
Exames: DIVERSIDADE ORGANIZACIONAL ESCOLAR. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 21/2/2015 • 2.497 Palavras (10 Páginas) • 754 Visualizações
DIVERSIDADE NA CULTURA ORGANIZACIONAL ESCOLAR
ADRIANA LOCATELLI
RESUMO
O artigo analisa a necessidade de conhecimento e reflexão sobre a diversidade organizacional escolar para que seja possível haver o respeito e a valorização das diferenças presentes na escola, refletindo as questões relacionadas ao papel do professor nesse contexto. Inicialmente, o artigo apresenta à valorização das diferenças e o desafio que o professor tem de combater os preconceitos e as discriminações causadas pela diversidade cultural na sala de aula. Retrata ainda algumas mudanças que vem ocorrendo no sistema pedagógico das escolas e que estão sendo valorizadas devido ao resultado positivo em relação às diversidades, como exemplo a Escola Jena Plan (Alemanha), finalmente expondo alguns fatores que influenciam a negligência por parte do professor em relação a esta problemática e a pesquisa de campo na Escola Santa Terezinha em Imperatriz- MA.
Palavra chave: Diversidade cultural, papel do professor, valorização das diferenças.
2 INTRODUÇÃO
A realidade que vivenciamos na educação hoje enfrenta diversos problemas, principalmente no que se refere à diversidade na cultural organizacional escolar. A discriminação é promovida e reforçada na educação escolar de diversas formas: as condições salariais, a desvalorização do professor, a pouca atenção que muitos governos vêm dando à escola pública, a falta de uma formação continuada eficaz, o racismo, as deficiências físicas, auditivas, visuais, e mentais, a idade e a cultura são alguns dos fatores que fazem com que a sala de aula acabe se tornando um centro de discriminação cultural. Poucos exigem respostas para tantas indagações a respeito dessas problemáticas, no entanto cabe ao professor ter um comprometimento pessoal por uma humanidade mais justa e solidária. Tais acontecimentos como atitudes preconceituosas nos atos, gestos e falas, podem ser observadas no ambiente escolar, fato esse deve ser solucionado para não haver tanta discriminação cultural no ambiente escolar. O tema das diferenças e de como a escola lida com elas, pode gerar um interessante trabalho, envolvendo os alunos na compreensão de si mesmos e da realidade em que vivem. O fato se comprova na pesquisa de campo feita na Escola Santa Terezinha em Imperatriz- MA. Demonstrando que esta problemática também acontece em escolas privadas, no entanto o trabalho de socialização das diferenças para um melhor convívio tem mais efetividade na escola privada.
3 A VALORIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS CULTURAIS NO AMBIENTE ESCOLAR.
As diferenças que caracterizam uma sociedade estão presentes também na escola. O convívio com as diferenças culturais desde a educação infantil até o final da formação escolar, auxilia o indivíduo a se perceber como sujeito, que se diferencia pelos anseios, idéias, formas de vida... isso ajuda a perceber que cada um faz parte de um universo diferente com manifestações distintas. Acolher as diferentes desigualdades nas escolas significa considerar o que cada um traz dentro de si e ensinar que o convívio democrático deve fazer parte do cotidiano, o que não significa ter que aderir os valores dos outros. A valorização das diferenças culturais devem ser estimuladas, tornando- se tema indispensável na construção de valores éticos e morais. Para ser possível haver o respeito e a valorização das diferenças presentes na escola é preciso reconhecer que não se aprende a conviver com as diferenças teorizando sobre as problemáticas, aprende-se sim a participar das diferenças praticando, ou seja, ensinando a buscar formas de exercitar a cidadania, trabalhando o lado social do aluno. E se isso não acontecer alguém será excluído e esse alguém com certeza será o mais fraco. Isso é um desafio e um compromisso da escola para formação de uma sociedade democrática justa, igualitária e solidária.
“ É a partir do reconhecimento da diversidade é que se deve traçar as estratégias pedagógicas, a determinação dos métodos, as vias, os procedimentos, que não podem ser tão rígidos, por existirem tantos caminhos pedagógicos a reconhecer”. Luís Inácio Gomes, Ministro de Educação de Cuba, em seu discurso de abertura do II Encontro Mundial de Educação em 1998.
3.1 TRABALHAR AS DIFERENÇAS
Como atuar dentro da diversidade cultural escolar, uns planos inclusivos, livres de preconceitos e discriminação? Compreendendo a qualidade racial do aluno, sua idade e cultura, se é portador de necessidades educativas especiais e respeitando-o na sua diferença, desnivelar o elevado número de alunos por escola e turma, pois tendem igualmente não apenas a provocar o aumento dos conflitos, mas sobretudo a diminuir o rendimento individual, reconhecendo-o como pessoa que tem determinado tipo de limitação (e, embora as dele sejam de conseqüência geralmente mais difíceis, todos tem limitações), mas que também possui seus pontos fortes. Para isso, é necessário que se abandonem às aparências, às classificações, procurando levar em conta as possibilidades e necessidades impostas pelas limitações que a sua condição física, mental ou social lhe traz. “ É preciso levar em consideração a singularidade do ser humano e, ao mesmo tempo, respeitar a diversidade e as semelhanças”. Bernard Charlot (2001 p 25).
O clima escolar, isto é, a qualidade do meio interno que se vive numa organização, é consensual que influência bastante o comportamento dos seus membros contribuindo para o seu sucesso ou fracasso. O problema é que o clima escolar resulta de uma enorme variedade de fatores, sobretudo dos que são de natureza imaterial como as atitudes, esperanças, valores, preconceitos dos professores e alunos, o tipo de gestão etc, e não tanto do ambiente físico (instalações, localização da escola, etc). O problema é identificar quais são as causas determinantes para um mau clima escolar. Uma coisa é certa, os alunos que trabalham num bom clima tendem a obter melhores resultados que os restantes.
A pequena quantidade de alunos negros nas escolas é resultado, na realidade, da desigualdade praticada pela instituição escolar e pelo próprio processo de seu desenvolvimento educacional. Também a prática seletiva da escola silencia sobre as diferenças raciais e sociais, provocando a exclusão do aluno de origem negra pobre, dos portadores de necessidades especiais e de outros. Trabalhar igualmente essas diferenças não é uma tarefa fácil para o professor, porque para lidar com elas é necessário compreender como a diversidade se manifesta e em que contexto. Portanto, pensar uma educação escolar que integre as questões étnico- raciais significa progredir na discussão a respeito das desigualdades sociais, das diferenças raciais e outros níveis e no direito de ser diferente, ampliando, assim, as propostas curriculares do país, buscando uma educação mais democrática.
3.2 PAPEL DO PROFESSOR
A proposta de uma educação voltada para a diversidade coloca aos educadores, o grande desafio de estar sempre atento às diferenças econômicas, sociais e raciais e de buscar o domínio de um saber crítico que permita interpretá-las. É preciso rever o saber escolar e também investir na formação do educador, a escola precisa mostrar aos alunos que existem outras culturas, e a escola terá o dever de dialogar com tais culturas e reconhecer a diferenças culturais. Pensar a diversidade como um dos caminhos para combater os preconceitos e discriminações ligadas à raça, às deficiências, à idade e à cultura, constituindo assim uma nova ideologia para uma sociedade como a nossa que é composta por diversas etnias, nas quais as marcas, como cor da pele, modos de falar, diversidade religiosa, fazem a diferença em nossa sociedade. E essas marcas são definidoras de mobilidade e posição social na nossa sociedade. Os educadores têm a obrigação não só de conhecer os mecanismos da dominação cultural, econômica, social e política, ampliando os conhecimentos, mas também de perceber as diferenças étnico-culturais sobre essa realidade cruel e desumana.
Olhar as diferenças é vê-la no plano da coletividade. Pensar numa escola pública ou privada de qualidade é pensar na perspectiva de uma educação inclusiva. É questionar o cotidiano escolar, compreender e respeitar o jeito de ser de cada um, construir um currículo voltado para essa problemática, é respeitar as diferenças raciais, culturais, étnicas. Se a educação está centrada na dominação cultural da elite branca, o estudo minucioso das culturas pode ser uma estratégia de orientação educacional para os problemas das diferenças culturais na instituição escolar - reconhecer o direito à diferença, como negros, índios, homossexuais, mulheres, deficientes físicos e outros, que se sentem excluídos do processo social. Portanto, deve ser uma teoria a ser propagada.
3.3 ESCOLA JENA PLAN
Observa- se algumas mudanças que vem ocorrendo no sistema pedagógico das escolas e que estão sendo valorizadas, pois foram bem sucedidas durante suas experiências por diversos países, uma maneira interessante de solucionar os problemas ligados à diversidade foi concebida por Peter Petersen (1984- 1952), que fundou em 1927 na Alemanha a primeira Escola Jena Plan, a qual serve de referência para todas as escolas desse sistema. A característica mais notável desse sistema é que as crianças não são agrupadas por idade nem mudam de sala ou de educador todo anos, todos os grupos possuem crianças com qualquer tipo de alteração de desenvolvimento físico ou mental, mantendo assim a diversidade de características em cada grupo, quebrando assim todos os paradigmas estabelecidos pelas escolas tradicionais.
Outra característica é a questão da relação que os pais devem ter com a escola, que influencia no aprendizado facilitando e favorecendo a educação baseada no relacionamento, alem disso cada aluno desempenha um papel dentro da escola e da sala de aula, possuindo responsabilidades e deveres perante as mesmas e os demais alunos causando assim uma certa semelhança com a comunidade a qual pertence, facilitando o relacionamento e as trocas de experiências e essas mudanças estão sendo discutidas por especialistas causando assim uma certa reflexão a respeito da cultura organizacional das escolas, se é correta a maneira tradicional de aprendizagem ou se devem efetuar mudanças que favoreçam o desempenho escolar. Essas mudanças se forem realmente estudadas e testadas com eficácia no avanço da cultura escolar facilitará um melhor entendimento do conteúdo abordado durante as aulas.
3.4 O PORQUÊ DA NEGLIGENCIA DO PROFESSOR EM RELAÇÃO À DIVERSIDADE CULTURAL NA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR.
A escola é o espaço onde se encontra a maior diversidade cultural e também é o local mais discriminador. Tanto é assim que existem escolas para ricos e pobres, de boa e má qualidade, respectivamente. Por isso trabalhar as diferenças é um desafio para o professor, por ele ser o mediador do conhecimento, ou melhor, um facilitador do processo ensino- aprendizagem. A escola em que ele foi formado e na qual trabalha é reprodutora do conhecimento da classe dominante, classe esta, que dita as regras e determina o que deve ser transmitido aos alunos. Mas, se o professor for detentor de um saber crítico, poderá questionar esses valores e saberá extrair desse conhecimento o que ele tem de valor universal.
Os educadores e responsáveis pela formação de milhares de jovens na sua grande maioria são vítimas dessa educação preconceituosa, na qual foram formados e socializados. Esses educadores não receberam uma formação adequada para lidar com as questões da diversidade e com os preconceitos na sala de aula e no espaço escolar.
Métodos de ensino, recursos didáticos, técnicas de comunicação inadequadas às características da turma ou de cada aluno, fazem parte igualmente de um vasto leque de causas que podem conduzir a uma deficiente relação pedagógica e influência negativamente os resultados, a falta de uma formação continuada eficaz, são alguns dos fatores que fazem com que haja negligência por parte do professor.
3.5 PESQUISA DE CAMPO (Escola Santa Terezinha- Imperatriz- MA)
Baseada na teoria aplicada na visão de Libâneo, é importante analisar tais comportamentos dentro e fora da sala de aula, o nosso alvo vigente, foi a Escola St. Terezinha, onde foi observado o comportamento dos alunos da pré- escola, professores e equipe técnica, onde podemos constatar sobre a escola os seguintes fatos:
A escola assume uma educação que: forme para a vida, ajude as pessoas a serem as pensantes, capazes de enfrentar situações – problema, a conquistarem seu espaço e a viver em sociedade de forma justa e solidária. A escola busca acompanhar as mudanças do mundo atual, sem deixar se atropelar por elas. Na perspectiva da justiça e da solidariedade, esteja voltada para todos, por que todos temos direito de aprender e adquirir, ao longo de toda vida, novos conhecimentos, físicos, psicológicos, emocionais intelectuais, éticos sociais e espirituais, de tal forma que ela (a educação) seja integral, globalizada e holística, levem as pessoas a se apoderarem de instrumentos de participação a fim de que posam ser cidadãos conscientes, ativos, reivindicadores de seus direitos e deveres; leva o conhecimento critico da realidade; baseia-se na vontade e liberdade para que cada um, educador e educando, possa ser sujeito de seu crescimento e de transformação social; trabalhe conteúdos reais, contextualizados e que possam ser vivenciados, vise o bem estar de todos e seja feito com alma, de forma alegre e prazerosa; favoreça o crescimento continuo do aluno e dos demais integrantes da comunidade educativa, não vise, apenas, a projeção de conhecimentos, mas sobretudo, a formação de pessoas criticas, responsáveis e comprometidas com a formação social.
A escola pretende obter uma educação em que os educadores sintam prazer pelo que fazem e todos possam estar em constante processo de atualização, sendo, adequadamente, valorizados como profissionais, e que exista respeito por toda equipe técnica, administrativa e pedagógica, em relação à diversidade dentro da escola. Os professores trabalham com desempenho, dentro da área filosófica, principalmente a respeito das diferenças que existem na escola, analisando, observando e criando novas estratégias para facilitar um bom aprendizado e relacionamento entre os alunos.
Na pré-escola a diversidade faz parte do dia-a dia, pois nela encontram-se crianças de diferentes religiões, raças classes sociais e de culturas, mais essa diversidade é trabalhada de forma bastante organizada, onde os professores juntamente com os coordenadores buscam a conscientização dos alunos a respeito das diferenças que existem entre os mesmos, evitando assim a descriminação.Com todo esse processo de conscientização os alunos despertam o espírito de cooperação e de colaboração, para ajudarem e contribuírem com os demais, para um bom desenvolvimento intelectual.
4 CONCLUSÃO
O que propomos exige não só uma mudança de paradigmas educacionais, mas também envolve mudanças na mentalidade e na cultura pedagógica, uma redefinição do papel social da escola através da utilização de novas concepções educacionais. Contraria mitos que vêm historicamente impedindo uma educação que efetivamente beneficie a população como um todo, não reforçando privilégios de alguns grupos.
Embora saibamos que seja impossível uma escola igual para todos, acreditamos que seja possível a construção de uma escola que reconheça que os alunos são diferentes, que possuem uma cultura diversa e que repense o currículo, a partir da realidade existente dentro de uma lógica de igualdade e de direitos sociais. Assim, podemos chegar próximo do nosso objetivo que também deveria ser de todos nós que é uma sociedade justa e democrática para todos.
Por fim, a escola deve encontrar maneiras de socializar as diferenças existentes na sala de aula, a buscar caminhos que melhorem a qualidade das relações escolares.
5 REFERÊNCIAS
LIBÂNEO, JOSÉ C. & PIMENTA, Selma G. Formação dos profissionais da educação – visão crítica e perspectivas de mudança. Educação & Sociedade. Campinas, n. 68, p.239-277, 1999.
LUCIA HELENE LODI.- Ética e cidadania: Construindo valores na escola e na sociedade- Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos: Ministerio da Educação, SEIF, SEMTEC, SEED, 2003.
REVISTA PÁTIO ano V n° 20 Fev/ abril 2002
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