Desafios Da Educação

INTRODUÇÃO

Da mesma forma que o mundo se transforma, hoje em dia, com uma rapidez espantosa, a escola também passa por mudanças, acompanhando as novas concepções de ensino e aprendizagem. A pedagogia tradicional ministrava aulas voltadas para a transmissão oral dos conteúdos, na qual o aluno era visto como um ser passivo que acumula conhecimentos.

Hoje, a educação pretende desenvolver a capacidade do aluno de aprender por si próprio e sempre, sem nunca parar de aprender. Para isso, ele deve ser o “sujeito” do processo de aprendizagem, e o professor um importante mediador nesse processo.

Nessa perspectiva, o presente trabalho procura discutir, ao longo de três capítulos, todo o processo que envolve o aluno em sua vida escolar, assim como os fundamentos da prática docente no enfoque das tendências pedagógicas contemporâneas; a organização do trabalho pedagógico e a prática educativa compartilhada e a reflexão-ação da prática docente. Assim, pretende-se que haja uma relação entre as teorias estudadas e a prática vivenciada em sala de aula, buscando sempre a fundamentação da prática pedagógica.

As discussões aqui relatadas objetivam fazer uma reflexão acerca da importância da participação ativa dos professores na construção dos projetos pedagógicos, mostrando o quanto é necessário os professores juntamente com os demais profissionais da educação (diretores, orientadores pedagógicos e educacionais) ocupem esse espaço de discussão, com o objetivo de estabelecer as concepções de uma proposta educativa que atenda às reais necessidades da sociedade atual, não deixando de ressaltar a importante participação da comunidade escolar, alunos e responsáveis na condição de mediadores no processo de formação do indivíduo no interior e fora da escola.

Faz-se necessária a construção de uma escola que verdadeiramente eduque todas as crianças e jovens, assegurando-lhes o acesso crítico ao mundo dos conhecimentos, e o desenvolvimento de uma consciência cidadã que lhes permita enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

CAPÍTULO I

OS FUNDAMENTOS DA PRÁTICA DOCENTE NO ENFOQUE DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS CONTEMPORÂNEAS

Para uma prática docente eficiente é necessário que primeiro se conheça o processo da cognição humana e os mecanismos através dos quais o indivíduo aprende a processar seus conhecimentos. Três correntes teóricas têm procurado explicar o desenvolvimento cognitivo: o Empirismo, o Racionalismo e o Construtivismo.

O Empirismo determina que o indivíduo se desenvolva mentalmente de acordo com o ambiente no qual está inserido, conforme as experiências por ele vividas. O conhecimento e o seu desenvolvimento são os resultados de suas experiências, levando ao extremo o determinismo ambiental, podendo transformar qualquer criança vinda de qualquer meio naquilo que desejar. Portanto, quanto mais ricas forem as experiências no meio social, mais desenvolvido o indivíduo será.

O Racionalismo acredita na ação do homem. Este se desenvolve pela capacidade de raciocinar indiferentemente do ambiente em que vive, retirando do meio apenas as informações, independentemente das relações que mantém com os objetos ou com a interação entre as pessoas. O ser humano aprende porque nasceu com essa capacidade, estando preparado cognitivamente para isso.

O Construtivismo afirma que o que proporciona o desenvolvimento cognitivo é a mútua interação entre o sujeito e o meio. Assim, para a construção do conhecimento são necessários a socialização, a interação e o contato com tudo que o cerca, envolvendo todos os órgãos do sentido.

A criança começa a aprender desde o seu nascimento. Para a construção desse conhecimento é necessário mediar o educando ao meio em que vive, para que começa a conhecer a si mesmo formando hábitos e interagindo com o ambiente de forma construtiva, criando oportunidade para uma aprendizagem autônoma. Piaget (1973, p.09) afirma que “todo o conhecimento é uma construção que vai sendo elaborada desde a infância, através de interações do sujeito com os objetos que procura conhecer, sejam eles do mundo físico ou cultural”. O indivíduo constrói seu próprio conhecimento a partir da intervenção intencional, atribuindo-lhe valores na prática social.

Cabe ao docente estar sempre refletindo em sua prática, sobre sua metodologia de trabalho, seus objetivos e avaliações. É de suma importância estar trabalhando com a realidade do aluno, conteúdos significativos, visando a qualidade do conhecimento e não a quantidade. De forma sistematizada, a aprendizagem acontece a partir de um diagnóstico aplicado ao corpo discente, pois este não é uma folha em branco que chega na escola sem nenhum contato com o conhecimento, ele possui bagagem familiar, social e cultural que deve ser valorizada. Sendo assim, o educando terá oportunidade de construir e reconstruir sua aprendizagem, fazendo relação entre teoria e prática.

1. As Bases Teórico-Práticas que Norteiam a Prática Docente

Vários teóricos têm feito grandes estudos procurando explicar o processo de conhecimento e desenvolvimento do ser humano, dentre eles destacam-se: Piaget, Vygotsky, Gardner e Paulo Freire. Tais teorias têm sido usadas para nortear a prática docente ao longo dos anos de aplicação da pedagogia.

Piaget mostrou-se interessado em analisar como se origina e evolui o conhecimento humano, considerando que o desenvolvimento resultado de um processo de interação do indivíduo com o ambiente e destacando que o conhecimento é construído de maneira ativa neste processo de interação. Piaget (2001) afirma que cada pessoa constrói ativamente seu modelo de mundo a partir da interação de suas condições maturicionais com o ambiente que a rodeia.

Para explicar a interação construtiva da criança com o ambiente, Piaget (2001) utilizou os conceitos de assimilação, acomodação e adaptação. A assimilação é a incorporação de um novo objeto ou idéia à que já existe, ou seja, ao esquema que a criança possui. A acomodação implica na transformação do organismo para poder lidar com o ambiente; diante de um objeto ou nova idéia a criança modifica seus esquemas adquiridos anteriormente. A adaptação representa, neste grupo, a maneira pela qual o organismo estabelece um equilíbrio entre assimilação e acomodação, adaptando-se continuamente às imposições feitas pelo ambiente.

Conforme afirma PIAGET (1973):

O conteúdo das assimilações e acomodações variará ao longo do processo de desenvolvimento cognitivo,