Design, sociedade e cultura
Por: Thales Fiorin • 22/5/2016 • Trabalho acadêmico • 333 Palavras (2 Páginas) • 319 Visualizações
“Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtém visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia”
Com muitas revoluções políticas, sociais, artísticas e literárias, o pós-modernismo opõe-se ao Modernismo. Essa época atual mostra a capacidade de consumo, além da capacidade de rir levianamente de tudo, encarando o mundo como ausente de valores e sentido para a vida. Sua essência se dá por meio das cópias e imagens de objetos reais, apagando a diferença entre real e imaginário, ser e aparência.
Essa composição visual, que reúne diversos objetos situados dentro de uma perspectiva pós-moderna, apresenta pontos focais de interesse segregados em quatro unidades principais: o menino iraquiano ferido com orelhas de Mickey Mouse ocupando a parte central do pôster; o fundo, composto por uma cidade destruída pela guerra (às laterais do menino) e por uma nuvem de vistos negados (ocupando o topo sobre sua cabeça); um muro de fronteiras pintado pelas bandeiras dos EUA, Iraque e Egito e pichado com símbolos de morte e proibição remetendo ao personagem Mickey Mouse; e um balão feliz e convidativo desse maior ícone da Disneylândia.
A composição faz uso de metalinguagem, contrastando o desejo desse menino de fugir de um ambiente de dor e desespero para a liberdade de poder viver e brincar sem o medo de morrer. Mais do que viver o sonho infantil de ir à Disneylândia, para crianças como ele, Mickey Mouse representa o passaporte para a sobrevivência. Não fossem as grandes barreiras impostas por questões político-econômicas entre os países envolvidos na guerra, erguendo muros de impossibilidades, proibições e vistos negados, o menino finalmente viveria no mundo encantado do camundongo.
A predominância da cor vermelha presente nas quatro unidades principais promove o equilíbrio da composição ainda que seu significado seja diferente em cada uma delas. No menino o vermelho é a dor, o sangue; no fundo, o vermelho é a negação do carimbo, do visto; no muro, o vermelho é a imposição de barreiras políticas e no balão o vermelho é o desejo de fazer parte do novo mundo.
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