Diversidade Na Escola
Dissertações: Diversidade Na Escola. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 17/5/2014 • 6.191 Palavras (25 Páginas) • 1.912 Visualizações
PROGRAMA DIVERSIDADE NA ESCOLA
O Programa Diversidade na Escola, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Educação, objetiva promover ações educativas direcionadas ao respeito à diversidade, em suas múltiplas formas: cultural, étnica, de gênero, sexual; reconhecer os diferentes atores e sujeitos que interagem no ambiente escolar; combater o preconceito e a violência dele decorrente; bem como exercitar a reflexão, o reconhecimento e a convivência com a diversidade humana nas escolas da rede pública municipal.
Em 2010, são três as linhas de atuação:
• Gênero e Sexualidade
Planejamento, execução e avaliação de ações educativas direcionadas ao reconhecimento da distinção de gênero e da diversidade sexual existentes na sociedade contemporânea e no espaço escolar, preparando educadores, crianças e adolescentes para o desenvolvimento de atitudes de respeito, cidadania, combate à homofobia e valorização dos direitos humanos.
• Etnias e Culturas
Planejamento, execução e avaliação de ações educativas direcionadas ao reconhecimento e valorização de diferentes culturas e etnias que contribuíram para a formação da história e cultura brasileira (tais como indígenas, africanas, européias, orientais, entre outras), identificando a presença e resgatando a resistência e ressignificação das manifestações culturais destes povos na sociedade brasileira.
• Saúde e Prevenção
Planejamento, execução e avaliação de ações direcionadas à saúde e prevenção quanto ao uso de drogas lícitas e ilícitas, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis e violências associadas às relações de gênero, com vistas à transmissão de orientações aos estudantes e informações adequadas sobre os serviços de saúde.
Diversidade Escolar
A escola é uma pequena comunidade onde seus “habitantes” – alunos, professores, direção, etc. – vem de famílias diferentes com conceitos, preconceitos e verdades diversas. E todos devem ser acolhidos, respeitados e valorizados da mesma forma pois, não existe raça superior, cultura melhor, religião ou ausência dela que seja a mais correta. Toda a forma de viver e ser feliz é válida desde que não prejudique a vida e a felicidade de si ou do próximo.
Imaginem, então, uma comunidade escolar, com toda essa diversidade de pessoas e valorizando apenas um grupo delas em prol das demais. Isso é educar para a cidadania, para a diversidade? Não. Isso é educar para o egocentrismo, para o não senso crítico, é ajudar a formar mentes fechadas e incapazes de pensar!
Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental propõem temas transversais como: Ética (reflexões sobre a conduta humana); Pluralidade cultural (respeito aos diferentes grupos sociais); Meio ambiente (relação do ser humano com o meio); Saúde (“autocuidado e compreensão da saúde como direito e responsabilidade pessoal e social”); Orientação sexual (“transmitir informações e problematizar questões relacionadas à sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e valores a ela associados”); e Temas locais.
O mais importante é conhecer para respeitar e, respeitar nesse contexto, não é sinônimo de ‘ter medo’ ou de ‘tolerar’, mas sim de admirar. E digo isso pois há muitas forma sutis de discriminar uma raça, uma cultura, uma religião, um modo de agir ou de ser, que não a crítica aberta e explícita. Entre essas formas de discriminação está o silêncio. Silenciar é o mesmo que negar a sua existência, o seu valor. Por isso a importância de se trabalhar seguidamente com temas que envolvam essa diversidade de cultura, pensamentos, raças...
Projeto: Respeito à diversidade na escola
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Objetivos
- Geral Estimular intervenções individuais e coletivas contra atitudes preconceituosas.
- Para a equipe diretiva e a coordenação pedagógica Criar condições necessárias para que as ações sejam realizadas.
- Para os professores Definir conteúdos, atividades e abordagens metodológicas que tratem a cultura negra de modo transdisciplinar.
- Para os alunos Compreender a diversidade étnico-racial e respeitá-la.
- Para os funcionários Participar de ações educativas que visam melhorar o comportamento de todos com relação à diversidade.
- Para os pais Colaborar com as ações propostas pela escola e, assim, desenvolver atitudes de respeito à diversidade étnica e racial.
Conteúdos de Gestão Escolar
- Administrativo Levantamento dos perfis dos alunos, elaboração de questionários, tabulação dos dados e organização de atividades.
- Comunidade Estímulo à reflexão sobre o tema.
- Aprendizagem Estudo da cultura afrobrasileira e das semelhanças e diferenças entre grupos étnicos existentes na escola. Elaboração de estratégias de combate à discriminação para a formação continuada dos professores.
Tempo estimado
Um ano.
Material necessário
Livros didáticos e de literatura, filmes, murais, sequências didáticas, caderno de anotações compartilhado entre todos, questionários de diagnóstico, acompanhamento e avaliação.
Desenvolvimento
1ª etapa Diagnóstico
Com base nas fichas de matrícula dos alunos e entrevistas iniciais feitas com os pais, prepare um levantamento do perfil dos alunos da escola. Reserve um horário de formação para apresentar aos professores esse material e leve também os relatos das atitudes preconceituosas observadas na escola sem dar nomes nem fazer julgamentos. Peça que todos respondam a um questionário com perguntas sobre a cultura negra e o modo como o racismo se manifesta. Todas as informações devem ser tabuladas e servirão de base para o planejamento pedagógico.
2ª etapa Participação dos funcionários
Todos devem ser envolvidos no projeto desde o início. Marque uma reunião com os funcionários do serviço de apoio para falar sobre o trabalho que será desenvolvido na escola. Afirme que a participação deles é fundamental para que a escola se torne um lugar de respeito à diversidade. Peça que os diferentes grupos de funcionários escolham uma maneira de participar e elaborem uma ação pontual sobre o tema. No CMEB Mário Leal Silva, cada grupo ganhou um mural para desenvolver o trabalho. As merendeiras, por exemplo, preencheram o espaço com receitas africanas que passaram a preparar na cantina.
3ª etapa Envolvimento dos pais
As perguntas a respeito do racismo na escola devem ser feitas também aos pais para que eles relatem situações nas quais eles ou os filhos vivenciaram situações discriminatórias. Mande um questionário para que eles respondam em casa. Tabule os resultados e exponha-os em uma reunião do Conselho Escolar, onde todos podem debater o assunto e pensar em maneiras de evitar que atitudes preconceituosas voltem a ocorrer. Pelo menos duas vezes ao ano, promova um encontro de pais e peça que cada um traga elementos de sua cultura (como objetos de artesanato) para que sejam compartilhados com o grupo. Discuta a responsabilidade que todos têm na manutenção de um convívio sem preconceitos e exponha as ações que a escola desenvolve contra a discriminação.
4ª etapa Encontros de estudo
Com a análise dos diversos questionários que foram feitos, agende reuniões com a equipe pedagógica para discutir um plano de trabalho e elaborar propostas. No início, apresente um trecho de um filme que tenha alguma situação de preconceito. No CMEB Mário Leal Silva, a diretora, Mônica Louvem, apresentou O Triunfo, que trata da hostilização contra alunos pobres e negros e das ações de um professor para mudar isso. Debata as soluções encontradas pelo personagem. O obejtivo é fazer com que o grupo formule sugestões para serem colocadas em prática. Devem surgir algumas ideias, como eleger um dia da semana para o estudo de diferentes culturas - africana, europeia, oriental ou indígena - ou ainda promover momentos de leitura em conjunto com alunos e funcionários para a compreensão da diversidade étnica.
5ª etapa Definição de conteúdos disciplinares
Sob a orientação do coordenador pedagógico, os professores devem introduzir conteúdos ligados à cultura africana no planejamento das aulas, como a leitura de textos e a análise de pinturas e desenhos e a posterior produção (que pode ser exposta nos murais da escola). Outra sugestão é oferecer atividades pedagógicas no contraturno.
6ª etapa Documentação e acompanhamento
A equipe de gestão deve acompanhar de perto as atividades. Ao longo do projeto, os relatos de pais, funcionários e professores devem ser registrados em um caderno de anotações que será compartilhado entre todos. Os alunos podem documentar as medidas que consideram importantes para combater o preconceito. Sempre que houver manifestações de racismo, é importante fazer uma reunião com os envolvidos - sejam eles professores, pais, funcionários ou alunos. O diálogo entre as partes, com intermediacão de uma terceira pessoa, é a melhor solução para os problemas de discriminação.
Avaliação
As atitudes preconceituosas devem diminuir na escola. Ao fim de um período, toda a comunidade pode responder a um novo questionário: que contribuições o projeto está trazendo para o trabalho e o cotidiano? Que mudanças foram observadas? Quais atividades você considera de maior relevância? As respostas servirão de orientação para novas práticas.
A Importância de Trabalhar a Diversidade Cultural na Escola
Escrito por Nilza Brandolfo Pereira
Sex, 17 de Dezembro de 2010 18:28
RESUMO
Esta pesquisa foi realizada com alunos do 2º ano do 2º Ciclo da Escola Municipal Simão Bororó de Salto do Céu – MT. O trabalho é composto de pesquisa bibliográfico e de campo. A mesma, surge da necessidade de refletir sobre o que é cultura, como a escola tem trabalhado a diversidade cultural e qual a proposta curricular para esse desafio. O que temos em vista nessa pesquisa, é a sensibilização dos alunos para uma reflexão sobre a importância de se trabalhar diversidade cultural. Segundo MARCELINO (1988, pág. 116), “a cultura é algo simples e ao mesmo tempo complexo para ele, a cultura é cultivo, ou seja, antes de tudo cultura é trabalho, trabalho humano transformando a natureza, de forma mais explicita o amplo conjunto de resultados adquiridos coletivamente pelos homens no transcorrer do processo de transformação que exerceu sobre a natureza, sobre resultados culturais anteriores ao seu momento histórico”. Entende-se que, os conhecimentos da história e da geografia são construídos através da relação que o homem trava com os outros homens e com a natureza mediada pelo trabalho. Assim sendo, pode-se dizer que é um processo dinâmico complexo e conflituoso, fruto do contato homem, tempo e espaço. Os educandos precisam-se sentir integrante dessa cultura e estar aberto a influência de outras culturas, compreendendo a existência de culturas diferentes, de outro tempo e espaço respeitando seu modo de vida, sua organização política, social e econômica. A diversidade cultural está presente diariamente no contexto brasileiro, expressando-se na música, dança, culinária, da nossa língua e entre inúmeras atividades em nosso cotidiano. O que se faz necessário ressaltar, é que para tratar dessas questões é preciso ir além da constatação de contemplação e do folclore que muitas vezes se faz em torno das diferenças existentes. Podemos considerar sobre esta perspectiva que, socializar o conhecimento deve ser tarefa primordial da escola, mas é também de atuar na transformação dos saberes para com os educandos; e é essa soma de esforço que promove o pleno desenvolvimento do indivíduo como cidadão. Construir uma nação livre, soberana e solidária, onde o exercício da cidadania não se constitua como privilégio de poucos, mas direitos de todos, e deve ser a grande meta a ser perseguida por todos os segmentos sociais.
Palavras–Chaves: Cultura. Diversidade. Escola.
INTRODUÇÃO
O grande desafio da escola hoje é contribuir para formação de cidadãos críticos, conscientes e atuantes. Trata-se de uma tarefa complexa que exige da escola um movimento que ultrapasse temas, conteúdos e programas. Nessa realização, percebemos o verdadeiro sentido da palavra cidadania.
Esta pesquisa surge da necessidade de refletir sobre o que é cultura e como a escola tem trabalhado a diversidade cultural e qual é a proposta curricular para este desafio, como diz Trindade (2000 pág. 17)
“A questão que se coloca é a importância de se entender a relação cultura e educação. De um lado está a educação e do outro a idéia de cultura como lugar, a fonte de que se nutre o processo educacional para formar pessoas, para formar consciência”.
Nesta perspectiva a abordagem do termo diversidade cultural é um tema atual e relevante a partir do momento em que a “escola” desenvolve um ensino que procura atender a diversidade cultural de sua clientela.
Por isso a escola precisa estimular as diferenças e dar significados para oportunizar e produzir saberes em diferentes níveis de aprendizagens, segundo Soares (2003 pág. 161).
As diferenças fazem parte de um processo social e cultural e que não são para explicar que homens e mulheres negros e brancos, distingue entre si, é antes entender que ao longo do processo histórico, as diferenças foram produzidas e usadas socialmente como critérios de classificação, seleção, inclusão e exclusão.
Assim podemos compreender que é fundamental no processo de aprendizagem e compreensão necessária para que se possa vê-lo “diferente” em suas complexidades de formas de relações humanas e suas afirmações, significações e ressignificações.
Sabendo que, a diversidade cultural está presente diariamente no contexto escolar, expressando-se na nossa música, na dança, na culinária, na nossa língua portuguesa e entre inúmeras atividades em nosso cotidiano.
Por isso, a escola deve propor a apropriação política do conhecimento científico e da cultura em geral não perdendo de vista o aspecto fundamental, ou seja, a noção de que o conhecimento não constitui uma série de informações técnicas a serem aprendidas pelos alunos, mas de construção de saberes.
Nessa perspectiva, se descortina um vasto campo de possibilidades pois, “o saber do povo” designa muitas formas de conhecimentos expressas nas criações culturais dos diversos grupos de uma sociedade.
O processo educativo segundo Freire é organizado na relação entre currículo, conhecimento e cultura. É pensando nessa valorização da diversidade cultural que apresentaremos uma pesquisa sobre a importância de se trabalhar a diversidade cultural.
que iremos propor, é que o trabalho educativo seja interdisciplinar que permita ao aluno estar fazendo elos de ligação, tornando a aprendizagem coerente, com o intuito de oferecer uma prática pedagógica voltada à compreensão da realidade social.
O QUE É CULTURA
Desde os primórdios da história o homem confronta com a necessidade de conhecer, a fim de explicar os fatos e fenômenos, dominar a natureza ou facilitar sua existência. A humanidade construiu conhecimentos a partir dos desafios necessários a sua sobrevivência. O conhecimento surgiu e foi acumulado em decorrência das experiências vividas.
A dimensão histórica e social do tempo permite a compreensão da história como produção do ser humano, na dinâmica das relações sociais e de diferentes conjunturas, em épocas diferentes. Trabalhar a noção de tempo nessa dimensão possibilitará ao aluno analisar o contexto de diferentes épocas e localizar no tempo o modelo de sociedade no qual está inserido. Permitir ao aluno que a sociedade atual é a evolução histórica de um processo político, social, cultural e econômico que se originou no passado e que continua a ser construído no seu dia a dia, através da ação dos sujeitos na história de acordo com Paulo Freire (1999 pág. 41),
O homem cria a cultura na medida que, integrando-se nas condições de seu contexto de vida reflete sobre ela e dá respostas aos desafios que encontra. Cultura aqui é todo resultado da atividade humana, do esforço criador e recriador do homem, de seu trabalho por transformar e estabelecer relações dialogais com outros homens.
Nessa expectativa, cultura é tudo que resulta da criação humana, o homem cria, transforma e é afetado Por essas transformações. O homem ao produzir cultura produz-se a si mesmo, ou seja, ele se auto-produz. Logo não há cultura sem o homem, como não há homem sem cultura. A cultura, pois, não somente envolve o homem, mas penetra-o, modelando sua identidade, personalidade, maneira de ver, pensar e sentir o mundo.
Para Brandão (2002 pág. 31):
A cultura existe nas diversas maneiras por meio das quais criamos e recriamos as teias e as (tessituras) e os tecidos sociais de símbolos e de significados que atribuímos a nós próprios as nossas vidas e aos nossos mundos. Criamos os mundos sociais em que vivemos e só sabemos viver nos mundos sociais que criamos. Ou onde reaprendemos a viver, para sabermos criarmos com os outros o seus outros mundos sociais. E isto é a cultura que criamos para viver e conviver.
A cultura não é pois, algo que existe fora do homem. Ela faz parte do seu íntimo. Se somos o que somos é porque temos contato com outros seres humanos ,dentro de uma realidade específica, que se torna nossa verdade; mas que se desenvolve apenas na interação entre os indivíduos, e esta interação começa na família. O ser humano não nasce “ser social”, ela torna “ser social” em contato com outras pessoas
1.2 Pluralidade Cultural: quebrando barreiras para o exercício da cidadania
Ninguém hoje em dia, com toda certeza negaria o papel de enorme importância que a escola tem na defesa, promoção, difusão e conhecimento das manifestações culturais e populares. Entretanto, talvez não esteja claro a significativa contribuição que as manifestações culturais populares podem trazer para escola.
São muitas, todavia a mais importante talvez seja a possibilidade que as manifestações culturais populares tem, uma vez integrados no interior do sistema e do processo de ensino formal. A começar por nos permitir, pensar algo mais amplo: quem sabe, uma nova e mais humanizada estratégia de educação. Segundo Skinner novas práticas surgem e são submetidas a uma seleção, e não podemos esperar que ela surge por acaso (SKINNER 1974 PÁG. 130).
A cultura é entendida como espaço experimental utilizado no estudo do comportamento. Uma cultura deve ser bem planejada para ser um conjunto de reforço, sob o qual os membros se comportam de acordo com procedimentos que mantêm a cultura, capacitam-na a enfrentar emergências e modificam-na de modo a realizar essas mesmas coisas mais eficientemente no futuro.
SKINNER (1980 pág.. 210) afirma que:
o indivíduo não é origem ou uma fonte. Ele não inicia nada. E nem é ele que sobrevive. O que é a espécie e a cultura. Elas estão “além do indivíduo” no sentido de serem responsáveis por ele e de sobreviverem a ele.
A formação cultural do Brasil se caracteriza pela fusão de etnias e culturas, pela contínua ocupação de diferentes regiões, pela diversidade de fisionomias e paisagens. Essa mistura de culturas muitas vezes gera atrito e conflitos em casa, na rua, no trabalho e principalmente na escola.
Nos dias de hoje, o currículo deve se voltar para a formação de cidadãos críticos comprometidos com a valorização da diversidade cultural, da cidadania e aptos a se inserirem num mundo global e plural.
LOPES (1987 pág. 21). Diz que:
“O” currículo na visão multicultural deve trabalhar em prol da formação das identidades abertas à pluralidade cultural, desafiadoras de preconceitos em uma perspectiva de educação para cidadania, para a paz, para a ética nas relações interpessoais, para a crítica as desigualdades sociais e culturais.
Um currículo multicultural pode trabalhar em todas as perspectivas. Pode apresentar fases folclóricas, em que mostre a influência de diferentes povos na formação da cultura (como, por exemplo, a influência dos árabes nas ciências, na matemática; a influência dos africanos na cultura brasileira e de outros povos), como também pode, em outros momentos, trabalhar com a perspectiva multicultural crítica de desafio a preconceitos, formação da cidadania e questionamentos acerca da desigualdade que atinge determinados grupos (por exemplo, na literatura pode-se trabalhar com textos em que, apesar do ressaltado seu valor literário, apareçam traços preconceituosos contra negros, mulheres, idosos, e assim por diante, contextualizando essas idéias, mostrando suas raízes históricas, enfatizando a sua influência acerca do autor e revelando modos de vê-las e de enfrentá-las nos dias atuais). No entanto, pode ainda, em momentos diferentes, mostrar a diversidade dentro da diversidade. Nesse caso, por exemplo, pode questionar conceitos estereotipados em notícias de jornal, que fazem referência a povos e grupos de maneira homogeneizada.
Dessa forma, as demandas por um currículo multicultural, na época contemporânea de pluralidade cultural, de conflitos, de ataques terroristas, de exasperação dos preconceitos e das diferenças, de desafios éticos na formação da juventude, tem sido enfatizada na literatura acerca do currículo, nacional e internacional.
O que temos em vista nesta pesquisa é a sensibilização dos alunos para uma reflexão sobre a importância de se trabalhar diversidade cultural. A pesquisa será desenvolvida em 3 etapas, sendo elas: pesquisa bibliográfica, uma entrevista com um grupo de dança arte e cultura do município e com 18 alunos da Escola Municipal Simão Bororó.
O que queremos observar é como a diversidade cultural através da troca de experiências contribui no processo de ensino aprendizagem.
Ao entrevistar o líder do grupo o Sr. José Veríssimo, constituiu-se num raro momento de aprendizagem, na fantástica oportunidade de partilhar a experiência acumulada nessa comovente trajetória de vida e amor por esta manifestação cultural.
Na verdade, este estudo conduz o leitor a se inteirar do universo do grupo. Segundo o líder do grupo ele aprendeu essa dança em Minas Gerais, quando chegou em Salto do Céu – MT, formou um grupo para dar continuidade a dança. O grupo é composto por 14 componentes sendo que participam crianças, jovens e adultos, o mesmo promoveu essa miscigenação para que a tradição não desapareça com o tempo.
Para execução da dança usa-se instrumentos variados como pandeiro, caixa, apito, arco e flecha para dar ritmo aos passos da dança. A vestimenta é feita de penas para homenagear os índios e a cor para representar o verde de nossas florestas. No segundo momento foi trabalhado com os alunos a atividade para identificar as culturas foi aplicado um jogo denominado verdadeiro ou falso da cultura. Cujo objetivo era explorar o conhecimento dos participantes sobre a cultura.
No 3º momento foi proposta uma atividade na 2ª Fase do 2º Ciclo a qual os alunos identificariam as culturas de nossa região. Esta atividade teve como objetivo proporcionar aos alunos noções básicas sobre as culturas de nossa região. Iniciamos a atividade com explicações acerca da temática e a partir da utilização de cartazes. Onde aplicamos um jogo que tinha como objetivo relacionar a cultura brasileira e a regional. O jogo constava de várias fichas de papel mencionando a cultura erroneamente, e os participantes deveriam apontar os erros e corrigi-los.
Os participantes em geral, se interessaram pelas explicações e também pela parte prática, sendo que alguns deles inclusive pediram para ficar com os cartazes.
E por último fizemos a dramatização de uma lenda pantaneira que tem como título: Onça da mão torta
Baseando em concepções teóricas, realizamos a pesquisa com alunos do 1º ano do 2º ciclo da Escola Municipal Simão Bororó de Salto do Céu – MT, pois sentimos a necessidade de refletir sobre o que é cultura, como a escola tem trabalhado a diversidade cultural e qual é a proposta curricular para este desafio. A abordagem do tema diversidade cultural é tema atual e relevante a partir do momento em que a escola desenvolve um ensino que procura entender a diversidade cultural da clientela.
Segundo Marcelino (1988, pág. 116).
A cultura é algo simples e ao mesmo tempo complexo para ele cultura é cultivo, ou seja antes de tudo cultura é trabalho, trabalho humano transformando a natureza,...de forma mais explícita o amplo conjunto de resultados adquiridos coletivamente pelos homens no transcorrer do processo de transformação que exerceu sobre a natureza, sobre resultados culturais anteriores ao seu momento histórico.
Nesta perspectiva qualquer ambiente físico ou social deve ser avaliado de acordo com seus efeitos sobre a natureza humana. A cultura em tal abordagem, passa a ser representada pelos usos e costumes dominantes, pelos comportamentos que se mantém através dos tempos. A sociedade ideal para Skinner, é aquela que implicaria um planejamento social e cultural.
Diante das pesquisas realizadas, chegamos a esta reflexão. A diversidade cultural está presente diariamente no contexto brasileiro expressando-se na música, dança, culinária, na nossa língua e entre inúmeras atividades em nosso cotidiano. O que se faz necessário ressaltar, é que para tratar dessas questões é preciso ir além da constatação, de contemplação e do folclore que muitas vezes se faz em torno das diferenças existentes.
É necessário compreender que o processo educativo emanado pela escola é algo que a sociedade não pode prescindir. Ao contrário, a educação é fundamental no processo de aprendizagem e na compreensão necessária para que se possa ver o “diferente” em suas complexidades de formas de relações humanas e suas afirmações.
As relações existentes no processo de construção e significação das diferenças na sociedade precisam ser muito bem compreendidas. A necessária valorização da diferença que buscamos se dá no sentido de reconhecer e afirmar positivamente a pluralidade e a singularidade de cada diferente cultura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após análise de algo complexo que é a diversidade cultural, podemos afirmar que o presente trabalho chama atenção para a importância da cultura. Principalmente da nossa região, na qual a dança e a música, possuem um papel fundamental a merecer maior atenção. Num tempo denominado pelos problemas da globalização, o conhecimento do que é local, revela-se decisivo para que se possa estabelecer uma relação adequada entre aquilo que percorre todo o mundo, e onde a economia anima as atividades da vida, e aquilo que participa da vida de cada um na dimensão e escala possível da sua existência.
De acordo com as pesquisas realizadas compreendemos que são várias as manifestações culturais e que o Brasil, é um país marcado por pluralidade cultural, e que as mesmas deve relacionarem com o mundo de possibilidades de interação.
O mestre Paulo Freire (1994 pág. 99):
Ensina a educação ou a ação cultural para a libertação em lugar de ser aquela alienante transferência de conhecimento, é o autentico ato de conhecer em que os educando também educadores como consciências “intencionadas” ao mundo, ou como corpos conscientes, se encerem com os educadores na busca de novos conhecimentos, como conseqüência do ato de relacionamento existente.
Podemos considerar sobre esta perspectiva que socializar o conhecimento deve ser tarefa primordial da escola, mas é também de atuar na transformação dos saberes e essa soma de esforço que promove o pleno desenvolvimento do indivíduo como cidadão. Para que possamos construir uma nação livre soberana e solidária, onde o exercício da cidadania não se constitua como privilégio de poucos, mas direitos de todos, esta deve ser a grande meta a ser perseguida por todos os seguimentos sociais.
O currículo, enquanto instrumento da cidadania democrática, deve contemplar conteúdos e estratégias de aprendizagens que capacitem o ser humano para a realização de atividades nos três domínios da ação humana: a vida em sociedade, a atividade produtiva e a experiência subjetiva.
O trabalho com projetos recupera o papel da escola como instituição cultural e social, fazendo um resgate entre o “aprender para a vida”. Desta forma a escola deixa de ser um mundo à parte, inserindo-se no espaço da cidade e do mundo real.
Para melhorar faz-se necessário desfazer o caráter excludente de algumas escolas e do currículo tradicional, que reproduzem as desigualdades sociais ao trabalhar com padrões culturais distantes das realidades dos alunos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRANDÃO, Carlos Rodrigues, A Educação como Cultura. Campinas: Mercado das Letras, 2002.
FREIRE, Paulo, Pedagogia da autonomia: Saberes necessário a Prática Educativa: Rio de Janeiro Paz e Terra 1999.
FREIRE, Paulo. Ação Cultural para liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1984.
LOPES, Helena Theodoro (org) Negro e Cultura no Brasil. Rio de Janeiro REVAN / UNESCO 1987.
SKINNER B. F. Ciências e Comportamento Humano. São Paulo EDART- EDUSP 1974.
SKINNER, B. F. Contingências de Reforço. Uma Análise Teórica. (coleção os pensadores., São Paulo, Abril, 1980.
Nilza Brandolfo Pereira - Discente do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu: Psicopedagogia Clínica e Educacional
José Olímpio dos Santos - Prof. Doutorando, Orientador e Coordenador
Última atualização em Sex, 17 de Dezembro de 2010 18:41
Utilize este identificador para referenciar este registo: http://comum.rcaap.pt/handle/123456789/3683
Título: Multiculturalismo: a diversidade cultural na escola
Autor: Rodrigues, Paula Cristina Raposo
Palavras-chave: Pluralismo cultural
Integração escolar
Papel do professor
Formação de professores
Currículo
Data: Jan-2013
Resumo: Este trabalho tem a intenção de refletir sobre a problemática da diversidade cultural nas escolas, as consequências dessa interação de culturas bem como os desafios que se colocam aos professores e quais as estratégias que estes podem ou estão a utilizar em relação às suas práticas educativas para o colmatar de certas dificuldades que nelas possam surgir e para facilitar uma maior integração de alunos de diversas origens culturais nos estabelecimentos de ensino. O multiculturalismo é um tema muito atual e pertinente, tanto na sociedade, bem como no contexto escolar. O docente tem um papel muito importante a desempenhar neste âmbito intercultural, pois a sua atitude, prática e formação influencia no processo educativo, podendo favorecer ou mesmo criar obstáculos ao desenvolvimento cognitivo, social e emocional dos alunos como também ao desenvolvimento de competências e capacidades de cada um. Um conhecimento aprofundado da escola e do meio em que esta se insere, deve ser dos primeiros passos para garantir uma boa educação multicultural, onde a informação relativa aos alunos dessa escola possa ser utilizada na organização da mesma, valorizando a pedagogia diferenciada e a flexibilidade curricular, imprescindíveis para a aprendizagem e sucesso escolar pretendidos pelos docentes e pela própria escola. O objetivo deste trabalho é fazer uma análise sobre as práticas pedagógicas dos docentes, que permita perceber o que pode e o que está a ser feito, para receber e integrar crianças de nacionalidades e culturas diferentes na sala de aula e mostrar que a diversidade pode ser uma mais-valia para todos os intervenientes do processo educativo. Como metodologia optou-se pela realização de inquéritos por questionário, sobre esta temática, a docentes que tivessem, na sua sala de aula, crianças de diferentes nacionalidades e consequentes origens culturais. Os resultados obtidos dizem-nos que a integração de alunos de diferentes nacionalidades, culturas, etnias ou religião, na sala de aula, está a ser feita de modo muito positivo nas escolas e os professores têm contribuído para isso com a sua atitude, prática e formação e com a implementação de projetos pedagógicos no âmbito da temática multicultural nas suas turmas, também o facto de considerarem a diversidade cultural um desafio positivo e um fator de enriquecimento no desenvolvimento global VI da criança e discordarem que o multiculturalismo pode ser um risco para a identidade nacional são adjuvantes neste processo de inclusão. Os professores concordam que as práticas docentes são determinantes pois, se estas não forem as mais corretas, poderão contribuir para uma perda de raízes do grupo minoritário que se tem na sala, uma vez que misturado com a cultura dominante. Quanto ao conteúdo de programas escolares existentes, também consideram que a diversidade e flexibilidade já existem no currículo escolar e são boas soluções para ultrapassar certas divergências e proporcionar uma melhor inclusão destas crianças. Relativamente, às ações de formação sobre o multiculturalismo é que ainda há muito por fazer, pois apesar de uma grande maioria dos docentes achar de grande importância a realização destas, por considerar uma ajuda na sua prática pedagógica e um fator facilitador de integração na sala de aula, ainda poucos professores frequentaram ações deste tipo.
O ensino religioso nas escolas públicas
By Redaçãojaneiro 11, 2013 13:43 UPDATED
Encontra-se em tramitação no STF uma ação direta de inconstitucionalidade que irá decidir sobre o ensino religioso nas escolas brasileiras. A Igreja Católica luta para manter seu espaço de catequese na rede pública de ensino, mas somente um ensino religioso não confessional é compatível com o Estado laico brasileiro
Por Túlio Vianna
Em um Estado laico que se preze, o ensino religioso é matéria da esfera privada de cada família, que tem plena liberdade para matricular seus filhos nos cursos religiosos das igrejas que frequentam. Lamentavelmente, porém, a Constituição brasileira, em seu artigo 210, §1º, cedeu ao lobby dos teocratas e determinou que: “O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental”.
Esse artigo aparentemente se encontra em contradição com o artigo 19, I, da mesma Constituição, que consagra o nosso Estado laico ao estabelecer que: “É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou com seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público”.
A Constituição, porém, é um todo orgânico, e seus artigos devem ser interpretados de forma tal que um não contradiga o outro. Cabe ao intérprete tornar coerente o conjunto de artigos constitucionais que representaram, quando de sua elaboração, o conflito de interesses diversos. E o intérprete definitivo da Constituição brasileira é o Supremo Tribunal Federal, que tem, como os próprios ministros gostam de repetir, a prerrogativa de errar por último.
Para que o STF dê sua interpretação definitiva sobre os limites do ensino religioso nas escolas públicas é que se encontra em tramitação a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº4.439, que pugna para que este ensino seja não confessional, isto é, desvinculado de qualquer igreja ou crença religiosa. O gatilho dessa ADI foi o “Acordo entre a República Federativa do Brasil e a Santa Sé relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil”, assinado pelo então presidente Lula, que prevê, em seu artigo 11, §1º, que: “O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas [...]”, em clara opção pelo ensino religioso confessional, com ênfase no catolicismo, em detrimento das outras religiões.
Não se trata, portanto, de uma discussão sobre se deve ou não haver ensino religioso nas escolas públicas brasileiras, pois a Constituição estabelece expressamente que ele existe. A questão é saber se o ensino religioso nas escolas públicas brasileiras deve ou não ser confessional. As consequências práticas mais relevantes decorrentes dessa definição são a seleção do conteúdo programático a ser ministrado em sala de aula e os critérios de seleção dos professores que lecionarão a disciplina.
Nossa atual Lei de Diretrizes Básicas da Educação (Lei 9.394/96) estabelece em seu art.33, §1º, que “os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão dos professores”, deixando a cargo de cada estado e município a escolha entre um ensino religioso confessional ou não confessional. Resta saber se a opção por um ensino religioso confessional é uma escolha compatível com a laicidade constitucional e, portanto, possível de ser feita pelos estados e municípios.
Pode um Estado laico ceder espaço em suas escolas públicas para que uma crença religiosa ensine às crianças uma doutrina específica, com professores indicados por uma igreja específica? A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) acha que sim, partindo do pressuposto de que esta crença a ser ensinada será evidentemente o catolicismo ou, ao menos, o cristianismo. Mas se um município brasileiro decidisse que em suas escolas públicas o ensino religioso confessional iria ter como base curricular o candomblé, a CNBB continuaria defendendo o ensino confessional?
A defesa do ensino religioso confessional pressupõe a certeza – ou ao menos a esperança – de que a crença religiosa a ser ensinada será a sua. E não há nada de democrático em querer impor o ensino de uma crença religiosa a quem não professa aquela religião. Escola pública não pode se tornar espaço para ensino de catecismos, pois o Estado laico pressupõe a liberdade de crença para todos – sejam adultos ou crianças –, conforme está expressamente garantido no art. 5º, VI, da Constituição brasileira.
Afirmar que a liberdade de crença estaria garantida, pois o ensino religioso é facultativo e a criança é livre para se ausentar da aula, é uma balela. As crianças têm uma imensa necessidade de aceitação social e, muitas vezes, praticam atos que lhe desagradam tão somente para se sentirem pertencentes a um grupo. As aulas que são “facultativas” na lei acabam, na prática, se tornando obrigatórias, sob pena de a criança ser obrigada a enfrentar o estigma que surgirá não só entre os colegas, mas entre os próprios professores.
O único ensino religioso possível de ser praticado em um Estado laico é o não confessional, em que os professores são contratados por meio de concursos públicos, sem que seja levada em conta suas próprias religiões. Se a Constituição veda expressamente em seu artigo 19, inciso I, que o Estado mantenha qualquer tipo de aliança com igrejas e cultos religiosos, é inadmissível que os professores de uma escola pública possam ser indicados por qualquer confissão religiosa.
Por outro lado, o programa da disciplina de ensino religioso deve abordar não só as religiões majoritárias como o catolicismo e o protestantismo, mas também o espiritismo, a umbanda, o candomblé e todas as outras religiões praticadas no Brasil, bem como o ateísmo e o agnosticismo. Aos professores da disciplina deve ser vedado todo e qualquer tipo de proselitismo, cabendo a eles tão somente expor a história e os dogmas dessas religiões sem qualquer juízo de valor de qual seria a melhor ou a pior.
O ensino religioso nas escolas públicas não deve se converter em um instrumento de proselitismo do cristianismo. A sala de aula não é espaço para orações nem para catecismos. Se a Constituição criou um Estado laico, mas ao mesmo tempo estabeleceu o ensino religioso nas escolas públicas, foi para permitir às crianças tomar conhecimento de que existem religiões e crenças distintas daquelas praticadas por seus familiares e aprender a respeitá-las.
Paradoxalmente, a Corte Constitucional brasileira decidirá a questão em um salão decorado com um crucifixo. Não há registros de tribunal no mundo que tenha julgado a indústria tabagista com propaganda de Marlboro afixada na parede ou decidido sobre casos de derramamento de petróleo, com merchandising da Esso sendo exibido durante a sessão. Mas o julgamento mais importante da laicidade do Estado brasileiro será realizado sob a égide de um crucifixo.
Resta-nos esperar que nossa Corte Constitucional mantenha sua imparcialidade e estabeleça que o ensino religioso nas escolas brasileiras só pode ser de natureza não confessional. Do contrário, estaremos sujeitando nossas crianças a lavagens cerebrais diárias nas escolas, para que elas acreditem no deus de seus professores, o que, por óbvio, seria totalmente incompatível com a natureza laica da República brasileira.
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