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Dormir Bem Pode Ser A Melhor Decisão De Carreira

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Por:   •  12/10/2014  •  1.617 Palavras (7 Páginas)  •  391 Visualizações

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Para manter o desempenho profissional em alta, sono de qualidade é fundamental.

A fórmula do bom desempenho no trabalho inclui uma atividade barata: dormir. O sono de qualidade é fundamental para manter a produtividade. Porém, essa tarefa diária tão importante está sendo preterida por profissionais brasileiros.

Uma pesquisa recente da International Stress Management Association (Isma-BR) revelou que a média da jornada de trabalho de executivos é de 13 horas, aumento de 3 horas em comparação a dados de 2010. Segundo a clínica Med-Rio, especializada em check-ups de executivos, 25% sofrem de insônia, crescimento de 40% nos últimos dez anos.

São pessoas com uma agenda caótica, com atividades que afetam a hora de dormir e acordar. “A privação do sono prejudica a capacidade de concentração, a tomada de decisões, a velocidade cognitiva e a memória, além de aumentar a ansiedade, o cansaço e a irritação”, diz Gilberto Ururahy, diretor da Med-Rio.

No longo prazo, a falta de sono crônica vira um problema de saúde sério: altera o metabolismo e aumenta o risco de hipertensão, ganho de peso, diabetes e doenças cardiovasculares. “Quando a rotina aperta, as pessoas tendem a cortar aquilo que é mais importante para a saúde: tempo de sono, atividade física e boa ali­mentação”, diz Ana Maria Rossi, da Isma-BR.

Vários aspectos da relação entre dormir e trabalhar não são discutidos, mas, quando considerados, explicam muito como o repouso altera a produtividade. A maneira como descansamos, por exemplo, é muito diferente da de séculos atrás, o que indica que a labuta contemporânea contraria o que seria natural.

Ao pesquisar sobre a noite, o historiador americano Roger Erkich descobriu que no século 15 as pessoas dormiam em dois tempos: primeiro, do entardecer até a meia-noite. Nesse horário, elas acordavam e ficavam em casa lendo, rezando ou fazendo sexo, e depois voltavam a dormir até o dia clarear.

Era uma época em que trabalhar estava diretamente ligado ao aproveitamento máximo das horas de sol. Na década de 80, o psiquiatra Thomas Wehr retirou a luz elétrica da vida de voluntários confinados. Após algumas semanas, os pacientes apresentaram o mesmo sono segmentado que o historiador identificou.

Descobriu-se também que o intervalo entre os dois sonos é relaxante: o cérebro libera o hormônio prolactina, responsável pela sensação de moleza após o orgasmo e por reduzir o estresse.

O trabalho define a dinâmica do sono atual. Segundo Matthew J. Wolf-Meyer, professor de antropologia na Universidade da Califórnia, autor do livro The Slumbering Masses (“Massas sonolentas”, numa tradução livre, sem edição no Brasil), o jeito como dormimos hoje nasceu na época da Revolução Industrial, no século 19.

A rotina profissional organizada por turnos fixos e a energia elétrica mudaram o significado do ato de ficar acordado à noite. Na virada para o século 20, surgiu a ideia de que dormir por 8 horas seguidas seria o suficiente. Qualquer comportamento fora desse padrão é visto com preconceito pela sociedade.

Outro aspecto é a organização das empresas em torno de horários de trabalho. Para cumprir um expediente de 8 horas com folga de 1 hora para almoço, uma pessoa geralmente começa a trabalhar entre 8 e 10 horas da manhã e sai entre 17 e 19 horas — isso sem considerar os inúmeros empregos que têm carga horária maior.

Essa rotina rígida restringe o sono de um profissional comum entre as 23 e as 7 horas. O problema é que muita gente tem um ritmo biológico que não bate com o relógio de ponto. “A exigência de chegar cedo privilegia pessoas matutinas”, diz a engenheira dinamarquesa Camilla Kring, fundadora da B-Society, grupo que atua em defesa de horários flexíveis nas empresas.

Segundo Camilla, há quem funcione melhor acordando tarde. Em geral, uma pessoa matutina acorda às 6 horas, dorme às 22 e tem mais energia até antes do meio-dia. Os vespertinos saem da cama às 9 horas, deitam à 1, com pico de produtividade à tarde e à noite. De acordo com a B-Society, os matutinos representam 15% da população. Os vespertinos são 25%.

A quantidade necessária de horas de sono também varia. Para que um vespertino sobreviva em uma empresa matutina, Camilla dá algumas dicas: “Tente ficar exposto à luz do dia antes do almoço, e não mais depois disso. Desse jeito, dá para adiantar o relógio biológico em cerca de 1 hora”, afirma.

Sérgio Iannibelli, de 53 anos, diretor de engenharia da construtora Ecovix, do Rio de Janeiro, não tem nenhum distúrbio do sono diagnosticado nem tem problemas de saúde. Acostumado a dormir uma média de 5 a 6 horas por noite, ele não acredita que vá conseguir mudar esse quadro. “Acho que vai piorar, e isso que é preocupante. A tendência é ficar mais cansado e render menos”, diz Sérgio.

Sono é dinheiro

A perspectiva de mudança na dinâmica atual do sono cresce conforme as empresas percebem que funcionários cansados são menos produtivos e adoecem mais. Segundo um estudo daUniversidade Harvard, a produtividade baixa por causa da estafa faz com que as companhias americanas percam 63,2 bilhões de dólares por ano.

O sono também é uma questão de segurança. No Brasil, foi criada em 2012 a Lei do Descanso, que tinha como foco acabar com as jornadas abusivas de caminhoneiros, mas que ainda não emplacou. Em 2010, o governo americano criou uma regulação que exige que empresas de áreas como transporte e energia tenham uma política de gestão de fadiga.

O mesmo é exigido no Canadá, na Austrália e em alguns países da Europa. Com base nisso, Martin Moore-Ed, ex-professor da Harvard Medical School, criou uma empresa de gestão da fadiga. Ele já prestou consultoria para mais da metade das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune, como Exxon-Mobil, Chevron e American Airlines.

Em um dos casos, uma empresa de trens gastava 32 000 dólares com acidentes a cada 1,6 milhão de quilômetros percorridos. Por ano, essa distância era feita centenas de vezes. Com a consultoria, a empresa passou a restringir turnos longos e a fazer

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