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ECONOMIA BRASILEIRA

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Por:   •  11/10/2013  •  1.356 Palavras (6 Páginas)  •  314 Visualizações

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Emprego: o fenômeno que poderia mudar o Brasil – mas não mudou

Ao apostar todas as suas fichas (políticas e econômicas) no emprego, o governo se esquece que a economia não irá a lugar algum sem avanços de produtividade

Ana Clara Costa

Fábrica de computadores da Positivo, em Curitiba

Indústria de transformação: manutenção do emprego e produtividade comprometida (Marcelo Almeida/EXAME)

O grande trunfo dos 10 anos do PT na Presidência da República é a taxa de desemprego. Nunca ela foi tão baixa (chegou à mínima histórica de 4,6% em dezembro), nem houve década semelhante na criação de vagas: foram quase 20 milhões até o final 2012. Tal modelo de crescimento baseado na ampliação do emprego, contudo, não basta para manter o país no rumo da prosperidade. Ele traz riscos inflacionários e reduz a produtividade de diversos segmentos da economia brasileira, resultando no período de desaceleração econômica verificado atualmente. Retomar a agenda de crescimento requer medidas de urgência que, até o momento, o governo não se mostrou disposto a tomar.

A confortável situação do mercado de trabalho no Brasil tem dois componentes primordiais: o gasto público e o consumo. O governo aumenta seus gastos para estimular a economia, resultando na criação de postos de trabalho. A massa salarial recém-criada exerce seu poder de compra e faz girar a roda do capitalismo, criando uma espiral de otimismo e crescimento econômico - como vinha acontecendo até o início de 2011. Num mundo ideal, essa dinâmica seria acompanhada por investimentos pesados em educação e inovação, além da abertura de mercado para estimular a concorrência e melhorar, assim, a produtividade dos setores econômicos. E justamente nesta segunda etapa mora o erro do governo petista: a inovação foi relegada ao último plano ao longo da era Lula, e o protecionismo da indústria é a regra básica do governo Dilma. Assim, o emprego cresce estimulado pelo consumo, a demanda aumenta num ritmo acelerado acentuando desequilíbrios de preço – e a inflação encontra aí sua morada.

Recentemente, o economista e ex-ministro da Fazenda, Antonio Delfim Netto, escreveu uma análise sensata sobre a questão do emprego e o aumento inflacionário. Delfim reconheceu a dificuldade de se traçar uma relação direta entre ambos, mas afirmou que, a despeito do baixo desemprego, a economia cresce muito aquém de sua capacidade, evidenciando a estagnação da produtividade. Segundo ele, tal situação se deve ao “choque de oferta da agricultura, ao evidente problema estrutural do mercado de trabalho, à mudança induzida pela taxa de câmbio no comportamento dos setores industrial e de serviços e à visível deterioração da infraestrutura que há três décadas esteve abandonada”.

Leia também: Economia pode perder motor do emprego nos próximos anos

Ao apostar todas as suas fichas (políticas e econômicas) no emprego, o governo se inspira de forma desmedida no keynesianismo. Pai da teoria desenvolvimentista, o economista britânico John Maynard Keynes defendia a intervenção do estado na economia, por meio do estímulo direto ao emprego, como saída para situações de recessão. Para Keynes, o empurrão do governo à criação de vagas faria o setor privado aumentar seu nível de confiança na economia e investir mais para atender a demanda formulada artificialmente pelo setor público. Desta forma, acreditava o britânico, os gastos com tal medida se converteriam rapidamente em ganhos devido ao crescimento econômico.

A presidente Dilma tem chancelado tal modelo, sobretudo nas muitas vezes em que criticou a chanceler alemã Angela Merkel por sua truculência ao exigir duros ajustes fiscais de países europeus em crise. O ministro da Educação e articulador político de Dilma, Aloizio Mercadante, reafirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo que o caminho do aperto fiscal na busca por crescimento não é o mais adequado, na avaliação do governo. "O mundo está buscando competitividade, aumentando o desemprego e arrochando salário. Nós estamos buscando um caminho alternativo", disse.

Contudo, hoje, é ponto pacífico entre economistas – mesmo de escolas divergentes - que o aumento salarial causado pela forte criação de vagas precisa vir acompanhado de melhoria na produtividade, para não inviabilizar a competitividade industrial. Afinal, todo produto manufaturado no Brasil tem intrínsecos em seu custo altíssimos impostos – sobretudo trabalhistas -, infraestrutura sofrível e baixa qualificação de mão de obra. Como as melhorias na produção não ocorreram no ritmo e teor necessários, o cenário é alarmante. A evolução da produtividade por trabalhador entre 1996 e 2003 estava negativa em 2% na indústria de transformação. Entre 2003 e 2009, essa queda se ampliou para 10,3%, segundo dados presentes no estudo Uma história sobre dois países, elaborado pelos economistas Marcos Lisboa e Samuel Pessoa.

Portas fechadas - A abertura de mercado tem papel essencial nessa dinâmica. Conforme explica o economista Paulo de Tarso Almeida Paiva, professor da Fundação Dom Cabral e ex-ministro do Trabalho do governo FHC, a importação de tecnologia é essencial quando a capacidade de inovar de um país não é suficiente para melhorar sua produtividade.

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