ERGONOMIA E SEGURANÇA INDUSTRIAL
Exames: ERGONOMIA E SEGURANÇA INDUSTRIAL. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Lucaslucena • 8/10/2013 • 3.264 Palavras (14 Páginas) • 566 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
ERGONOMIA E SEGURANÇA INDUSTRIAL
Prof. Neri dos Santos, Dr. Ing.
ESTUDO DIRIGIDO N º 1
OS OBJETIVOS DA ERGONOMIA
Pierre Falzon
RESUMO
A maioria das definições de ergonomia colocam em questão dois objetivos fundamentais:
• De um lado, o conforto e a saúde dos trabalhadores: eles se inquietam ao evitar os riscos (acidentais e ocupacionais) e de minimizar a fadiga (ligada ao metabolismo do organismo, ao trabalho dos músculos e das articulações, ao tratamento da informação e à vigilância).
• Do outro lado, a eficácia: através da qual a organização mede suas diferentes dimensões (produtividade e qualidade). Esta eficácia é dependente da eficiência humana - em consequência, a ergonomia visa conceber sistemas adaptados à lógica de utilização dos trabalhadores.
A idéia central do texto é discutir a pertinência destes dois objetivos, mais precisamente, ampliar sua importância. Nós consideramos, primeiramente, as relações entre saúde e trabalho e, posteriormente, a questão da eficácia no trabalho e, em último lugar, abordaremos as consequências destes pontos sobre a atividade do próprio engenheiro de produção, enquanto um profissional habilitado na prática ergonômica, sob o ponto de vista de um trabalhador.
SAÚDE E TRABALHO
Normalmente, a saúde é definida como um estado e, segundo LAVILLE & VOLKOFF (1993), pelas ausências de estados, como: “não patologia, não deficiência, não restrição a vida social, não miséria econômica”. Cada vez mais, a saúde é vista, preferencialmente, como o resultado de um processo de construção. Nós encontramos em TEIGER (1995), uma história da evolução da noção de envelhecimento, além de outras referências (DEJOURS, 1995).
Nós nos fundamentaremos aqui, essencialmente, no texto de LAVILLE & VOLKOFF, já citado. Certamente, com a idade, as capacidades se modificam. Porém, de um lado, esta evolução é sensível às condições de vida e de trabalho: conforme estas condições, o envelhecimento é mais ou menos rápido, a expectativa de vida é mais ou menos longa. Por outro lado, as estratégias de compensação ou de adaptação se desenvolvem, se apoiam sobre a experiência adquirida no trabalho. Se os processos biológicos conduzem a uma degradação, as condições de trabalho e de vida podem influenciar positiva ou negativamente este processo.
Acontece que a ergonomia tende a adotar ora uma abordagem paliativa, que visa à compensação das deficiências das pessoas, ora uma abordagem preventiva, que procura evitar a ocorrência de situações patogênicas, isto essencialmente visto sobre o ângulo da psicologia (TEIGER & VILLATTE, 1983). A esta abordagem, associa-se uma abordagem ativa, é dito “uma ação permite a cada um construir sua própria saúde, seu próprio envelhecimento, dentro das melhores condições possíveis” (LAVILLE & VOLKOFF, 1993, pag. 29).
O primeiro objetivo da ergonomia (conforto e saúde) deve, portanto, estar voltado à pesquisa das condições que não apenas evitem a degradação da saúde, mas, também, favoreçam a construção da saúde. Esta perspectiva ativa é incapaz de ser focalizada prioritariamente pela ergonomia. Na maioria das vezes, ela é focalizada sobre uma visão instantânea do indivíduo.
COGNIÇÃO E SAÚDE
Quais são os aspectos cognitivos do trabalho? As definições de ergonomia são marcadas por uma visão do trabalho centrada sobre a mobilização física do ser humano. Os aspectos cognitivos são, frequentemente, considerados como elementos exclusivos do segundo objetivo, referente à eficácia. O que significa, então, o termo “saúde cognitiva” ? MONTMOLLIN (1993), escreveu um dos raros textos a respeito deste tema, segundo o qual ele examina as ligações entre cognição e saúde e analisa as relações da saúde com as capacidades, a carga mental e o stress.
Para o autor, a saúde cognitiva é “ser capaz, dispor de competências que permitam ser recrutadas como mão de obra, de ser bem-sucedido, de progredir”. As ignorâncias, os conhecimentos abordados e o leque de opções podem conduzir a uma “miséria cognitiva”, fonte eventual de “miséria social” (MONTMOLLIN, 1993, pag. 34). O objetivo da ergonomia é, desse ponto de vista, analisar as competências, beneficiar as formações e definir as contribuições apropriadas. Ela objetiva manter o binário de forças ser humano-sistema dentro de um equilíbrio não patológico. Nós encontramos uma abordagem preventiva mais evidente quando aplicada no campo da cognição.
O autor recorda o caráter decepcionante dos estudos de carga mental e critica um postulado subjacente a estes estudos, a equivalência entre carga e sobrecarga, e “o ideal do trabalhador que resulta: o trabalhador em repouso ou descanso” (MONTMOLLIN, 1993, pag. 30). E, de acordo com o autor, nós refletimos que é um erro combater esta teoria do “descanso”: A atividade geralmente gera necessariamente uma certa atividade mental e, portanto, uma carga mental (pois não existe trabalho unicamente manual). O objetivo é, então, propor “uma organização do trabalho que permita aos nossos operadores o máximo de eficácia, apostando em atividades inerentes às suas capacidades” (MONTMOLLIN, 1993,pag. 30).
O stress (psicológico ou cognitivo) tem duas versões. A versão negativa é provocada por um déficit de competências ou das exigências excessivas da tarefa. Mas, existe uma versão positiva: quando o operador se opuser às situações, manisfestando as suas competências para sobrepor as dificuldades da tarefa. Acrescentamos que, dentro de um certo número de profissões, as variações (temporais) das exigências conduzem às fases - excitantes - de produção intensiva que justificam parte do trabalho e são, muitas vezes, valorizadas, apesar do fato que estão associadas a cargas de trabalho elevadas de stress. Em conclusão, o alvo da ação ergonômica não concebe situações de trabalho a tal ponto simplificadas que não necessitem de nenhuma competência.
Nós vimos, claramente, como uma visão cognitiva da saúde é pouco considerada. Apesar disso, da mesma maneira que diz respeito aos aspectos fisiológicos, esta visão diz respeito a inserir uma perspectiva de crescimento. A questão
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