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Economia Criativa

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Por:   •  23/3/2015  •  5.147 Palavras (21 Páginas)  •  428 Visualizações

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No mundo globalizado e em constante mudança a criatividade e inovação começam a conduzir a nova economia. Organizações e até mesmo regiões econômicas que adotam a criatividade passam a gerar receita significativamente maior e fornecer maior estabilidade para o futuro de suas comunidades. Com base nessas idéias, a economia criativa não se limita à condições físicas, mas atravessa questões políticas, sociais, culturais e tecnológicas, e desenvolve-se no cruzamento das artes, negócios e tecnologia. É a única forma de desenvolvimento econômico que conta com um recurso ilimitado e global: a criatividade humana.

Estratégias de crescimento da economia criativa incidem sobre o aproveitamento do potencial de desenvolvimento de um recurso ilimitado e não na otimização de recursos limitados (como em indústrias tradicionais). Muitas partes interessadas estão envolvidos neste processo: o setor público, que inclui instituições culturais, por exemplo, museus, organizações de radiodifusão de serviço público, etc; as do setor privado, que cobrem uma ampla gama de operações comerciais em todos os campos da produção e distribuição cultural, o setor não lucrativo, incluindo teatro e muitas companhias de dança, festivais, orquestras, que podem receber subsídios do governo, de organizações não-governamentais, como órgãos de defesa, atores e músicos, sindicatos.

Indústrias culturais e criativas têm sido cada vez mais integradas na agenda política de ambos os países desenvolvidos e emergentes. Em 2005, Comissão para a África do Reino Unido relatou que havia um “perigo real: a falta de atenção para cultura na elaboração de políticas vai superar muitos dos mecanismos coletivos de sobrevivência que fazem parte das culturas africanas".(Comissão para a África, 2005 p.130).

Em início de maio de 2007, a Comissão Européia anunciou a sua decisão de adotar uma estratégia sobre a contribuição da cultura para o crescimento econômico e do diálogo intercultural.

A cultura é cada vez mais utilizada como mecanismo gerador de uma rota para o mercado, o que está levando à transformações radicais na forma como as pessoas criam, consumem e desfrutam de produtos culturais. A globalização e a convergência de multimídia e tecnologias de telecomunicações transformou os consumidores de receptores passivos de mensagens culturais em coativo criadores de conteúdo criativo. A distribuição digital em setores como design e música transformou os mercados globais e permitiu novas indústrias e consumidores a surgir em regiões como a África e Ásia.

No entanto, é importante notar que a cultura e criatividade também têm um enorme impacto sobre a coesão social e de desenvolvimento. Na Europa, o papel da cultura no desenvolvimento mostra que as artes enriquecem o ambiente social estimulando ou agradando o público, uma vez que os produtos da arte e da cultura são a "memória" coletiva de uma comunidade e servem como um reservatório criativo de idéias para as gerações futuras.

Da mesma forma, a Austrália evidenciou o fato de que o setor cultural e do lazer contribui para o desenvolvimento econômico agindo como facilitador da inovação, criatividade e auto-reflexão e, como tal, reconhece a cultura como

um componente essencial do bem-estar da sociedade.

Desta forma, reafirma-se que cultura não deve ser apenas considerada como um meio (ou barreira) para alcançar o crescimento econômico, mas também como um fator de coesão social e de desenvolvimento humano.

Antes de explorar a importância social e econômica da cultura mais longe, certas diferenças conceituais devem ser discutidas, como a diferenciação entre a "cultura criativa" e a “indústria criativa”.

Indústrias culturais dizem respeito à criação, produção e comercialização dos produtos da criatividade humana, que são copiados e reproduzidos por processos industriais e de distribuição em massa. Eles são muitas vezes protegidos por leis de direitos autorais nacionais e internacionais e costumam cobrir impressão, publicação e multimídia, audiovisual, fonográfica e cinematográfica produções, artesanato e design. Indústrias criativas englobam uma gama mais ampla de atividades do que as indústrias culturais, incluindo arquitetura, publicidade, artes visuais e artes cênicas.

Para uma organização como a UNESCO, que é principalmente preocupada com os países emergentes, a falta de dados-chave relativos à produção cultural e criativa representa um grande problema. A maioria dos dados que abrangem a cultura e criatividade são oriundas dos países desenvolvidos, assim, o desafio mais significativo enfrentado é desenvolver indicadores culturais relevantes para o mundo em desenvolvimento.

Para fornecer uma visão geral das principais abordagens para a avaliação econômica e social e a importância da cultura, este estudo destaca as limitações existentes do desenvolvimento da economia criativa e sua importância no mundo globalizado buscando a compreensão do seu papel especialmente na Europa e Austrália, onde nasceu e se desenvolveu e sua estrutura atual nos países em desenvolvimento, especialmente no Brasil.

1. ECONOMIA CRIATIVA

Embora este ainda seja um tema novo, especialmente no Brasil, a economia criativa e a indústria criativa, todavia, já possuem conhecimento teórico desenvolvido. Especificamente no campo de investigações e, também, das possibilidades práticas, o tema é particularmente significante quanto:

“a ampliação dos campos de estudos e pesquisas dedicados às artes, às indústrias culturais e aos media na perspectiva da incorporação de setores e dinâmicas típicas da nova economia. Assim sendo, este novo campo – novo para a academia, para as políticas e para o mercado – parte do importante e indispensável repertório de reflexões que, ao longo dos últimos cinquenta anos, deu corpo ao que chamamos de economia da cultura.” (Miguez, 1998, p.98).

A contemplação histórica permite compreender a economia criativa enquanto uma ampliação contemporânea da economia da cultura, ao mesmo tempo, a economia da cultura pode ser compreendida como uma extensão dos limites que circundam a economia das artes.

Ainda no campo histórico, de acordo com Benhamou (1997), o estudo da cultura não despertou interesse dos teóricos da economia. Demonstrava-se, então, apenas interesse pessoal sobre o mundo das artes e não sobre suas atividades como um objeto capaz de acionar estudos e pesquisas relevantes.

Pode-se considerar, por exemplo, o economista John Maynard Keynes (1883-1946). Keynes foi um dos mais importantes

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