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Educacao E Projeto

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Por:   •  28/10/2014  •  4.208 Palavras (17 Páginas)  •  247 Visualizações

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Educação e Projeto

A ideia de projeto envolve o sentido da antecipação de possibilidades factíveis (EIDEGGER apud ABBAGNANO, 2000), modificáveis no tempo (SARTRE apud ABBAGNANO, 2000), intrinsecamente voltadas para o novo, para aquilo que não se encontra previamente determinado (MACHADO, 1997, 1998, 2000) e que imprime sentido e direção à existência humana (BOUTINET, 1990). Machado (1997) atribui um sentido grandioso a ideia de projeto ao reconhecer a capacidade de elaborar projetos como a característica mais verdadeiramente humana. Em suas palavras (MACHADO, 1997 p.66) “somente o Homem é capaz não só de projetar como também de viver sua própria vida como um projeto.” Isto ajuda a entender porque o primeiro princípio do existencialismo está calcado na ideia de que o Homem nada mais é do que aquilo que faz de si mesmo (SARTRE, 1986). Ou seja, parte do princípio que o Homem é responsável pela própria existência, consequentemente, os existencialistas tendem a reconhecer o projeto como a maneira de ser constitutiva do Homem. Heidegger (apud ABBAGNANO, 2000 p.800) fortalece esta ideia ao assegurar que projeto representa a “constituição ontológica existencial” do Homem. E, nesta mesma direção, Not (1993 p.103) esclarece que enquanto o projeto corresponde ao que “pretendemos fazer”, o “projeto de si” corresponde ao que “pretendemos ser”. Este raciocínio permite o autor concluir que “uma vida sem projeto seria uma visa puramente vegetativa”. Frente ao exposto, não é exagero assegurar que a existência humana é determinada tanto pela capacidade de o ser humano formular projetos quanto de fazer de sua própria vida um projeto unilateralmente.

A aprendizagem dos estudantes poderia ser mais efetiva – porque não alienada – se as instituições educacionais os reconhecessem como sujeitos providos de projetos próprios. A indisciplina, o desinteresse, o desencantamento, a reprovação, a evasão etc. são manifestações que merecem ser repensadas pois podem ser fruto da inexistência de um projeto próprio ou da desarticulação existente entre o que a instituição educacional impõe e o que o estudante precisa para concretizar o seu projeto. Homens sem projetos são seres em crise, desprovidos de sentido de existir. E estudantes sem projetos seriam o que? Indivíduos presentes porque co-responsáveis; indivíduos participativos porque comprometidos; indivíduos propositivos porque engajados? As pedagogias orientadas pelo ‘ensino’ – e que por isso mesmo imprimem centralidade ao

papel do professor – estão mais comprometidas com a geração de interesse pelos conteúdos apresentados do que em estabelecer conexões entre as propriedades dos objetos estudados e as necessidades dos estudantes. Neste caso, conteúdos e disciplinas, presentes na malha curricular dos cursos, estão a serviço dos projetos dos estudantes e quanto mais articulação houver entre as disciplinas – na direção da transdisciplinaridade – mais chance as instituições terão de humanizar o olhar dos estudantes sobre a realidade. Oportunamente Not (1993:107) adverte que trabalhar a educação na perspectiva do projeto em si pressupõe que os professores abram espaço para a construção e a execução dos projetos dos estudantes na medida em que este se encontra sustentado “pelas potências latentes do ego”, desta forma, o estudante é capaz de ultrapassar eventuais obstáculos e até explorar os obstáculos como instrumentos favoráveis à sua própria afirmação. Nesta direção, Dewey (apud NOT, 1993 p.107) assegura que esforço e desejo são a mesma coisa quando o ego tem em vista um objetivo e o desejo de alcançá-lo contribui para o estudante superar as dificuldades provenientes dos desafios da aprendizagem. No processo educacional, o comprometimento da aprendizagem, em grande parte, deve-se à dificuldade de os professores despertarem o efetivo interesse do estudante pelos objetivos norteadores do projeto pedagógico uma vez que os discentes revelam-se alheios a tais objetivos, pelo fato de desconhecerem-no e imprimir algum sentido aos conteúdos fragmentados que estão submetidos. A aprendizagem é ativada quando o processo educativo envolver o projeto pessoal do estudante e quando isso tiver sido concretizado, o professor pode sinalizar, com alguma chance de êxito, de que o ser humano só se realiza plenamente nas relações que estabelece com o outro, por isso mesmo sua trajetória de vida não pode se limitar a projetos individuais. Em um primeiro momento é “importante é que o aluno veja que não está trabalhando nem para a escola, nem para os professores, mas primeiramente para ele, para adquirir meios de ação e de realização de si” (NOT, 1993 p.108), mas em um segundo momento é indispensável que pense e aja coletivamente.

Exemplo de projeto

MACROPROJETO DE LETRAMENTO

Projeto: EMILIA NA FESTA DAS DIFERENÇAS

1. Problematização

Questão problema: a falta de interesse pela leitura e escrita no 4º e 5º ano .

2. Tema:

Tendo o presente a delimitação do tema do projeto deve relacionar-se a necessidade de aprendizagem, revelando-se significativa na microcultura do aluno- casa, escola, igreja, vizinhança-, bem como significativa à luz do contexto maior no qual se insere, buscando a hibridização entre letramentos locais e globais e no caso da alfabetização de crianças, sendo compatível com a natureza do lúdico da faixa etária de escolarização inicial (HERNANDEZ; VENTURA 1998; STREET.2003), este macroprojeto delimita com o tema. A Emilia como representação lúdica do Sitio do pica pau amarelo –personagem de Monteiro Lobato na implementação das práticas de letramento voltadas para a interdisciplinaridade dos conteúdos curriculares.

3. Justificativa

A definição do problema e a delimitação do tema justificam-se a partir de três fundamentos. O fundamento inicial é a considerar que são alunos de 4º e 5º anos e estão no período de transição dos anos iniciais para os anos finais do ensino fundamental. Busco por meio do presente projeto, resgatar o lúdico no processo ensino aprendizagem. Assim a presença da Emilia- uma boneca de pano- vem incentivar o gosto pela leitura e escrita.

O segundo fundamento que justifica a definição do problema e a escolha do tema são características do grupo de crianças que constitui a classe: trata-se de alunos oriundos de diferentes estratos socioeconômicos, de grupos culturais diversos e de regiões geográficas

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