Educação, Identidade Negra E Formação De Professores
Pesquisas Acadêmicas: Educação, Identidade Negra E Formação De Professores. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: juliocezarcn • 20/4/2014 • 7.605 Palavras (31 Páginas) • 917 Visualizações
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.1, p. 167-182, jan./jun. 2003 167
Educação, identidade negra e formação de
professores/as: um olhar sobre o corpo negro e o cabelo crespo
Nilma Lino Gomes
Universidade Federal de Minas Gerais
Resumo
Este artigo discute as particularidades e possíveis relações entre
educação, cultura, identidade negra e formação de professores/
as, tendo como enfoques principais a corporeidade e a
estética. Para tal, apresenta a necessidade de articulação entre
os processos educativos escolares e não-escolares e a inserção
de novas temáticas e discussões no campo da formação de
professores/as.
Dando continuidade às reflexões realizadas pela autora
na sua tese de doutorado, discutem-se as representações e as
concepções sobre o corpo negro e o cabelo crespo, construídas
dentro e fora do ambiente escolar, a partir de lembranças e
depoimentos de homens e mulheres negras entrevistados durante
a realização de uma pesquisa etnográfica em salões étnicos de
Belo Horizonte. Para essas pessoas, a experiência com o corpo
negro e o cabelo crespo não se reduz ao espaço da família, das
amizades, da militância ou dos relacionamentos amorosos. A
escola aparece em vários depoimentos como um importante
espaço no qual também se desenvolve o tenso processo de
construção da identidade negra.
Lamentavelmente, nem sempre ela é lembrada como
uma instituição em que o negro e seu padrão estético são vistos
de maneira positiva. O entendimento desse contexto revela
que o corpo, como suporte de construção da identidade negra,
ainda não tem sido uma temática privilegiada pelo campo educacional,
principalmente pelos estudos sobre formação de professores
e diversidade étnico-cultural. E que esse campo, também
, ao considerar tal diversidade, deverá se abrir para dialogar
com outros espaços em que os negros constroem suas identidades.
Muitas vezes, locais considerados pouco convencionais
pelo campo da educação, como por exemplo, os salões étnicos.
Palavras-chave
Cultura – Formação de professores/as – Identidade negra – Estética.
Correspondência:
Nilma Lino Gomes
Rua Itaparica, 216 apto. 102 - Serra
30240-130 – Belo Horizonte - MG
E-mail: nilmagomes@uol.com.br
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Education, black identity, and teacher education:
a look upon the black body and hair
Nilma Lino Gomes
Universidade Federal de Minas Gerais
Abstract
This article discusses the specificities and possible relations
between education, culture, black identity, and teacher education,
approaching them from the perspective of corporeity and
aesthetics. For that, the text introduces the need to articulate
education and non-education processes, to insert new themes and
discussions into the field of teacher education.
Following on the considerations made by the author in
her doctoral thesis, the representations and notions about the
black body and hair constructed inside and outside school are
discussed, based on memories and testimonies of black men and
women interviewed during an ethnographic study carried out in
ethnic beauty shops in Belo Horizonte. For those people, the
experience with the black body and hair is not restricted to the
family environment, friendships, militancy or love life. The
school appears in several testimonies as an important space in
which the tense process of construction of the black identity
also takes place.
Sadly, the school is not often remembered as an
institution where black people and their aesthetic standards are
viewed positively. The appreciation of this context reveals that
the body, as a support for the construction of the black
identity, still has to be taken up as a theme of choice by the
educational field, particularly in the studies on teacher
education and ethnic-cultural diversity. It also shows that, when
considering such diversity, this field of study will have to open
itself to the dialogue with other spaces where black people also
construct their identity, spaces such as beauty shops, many
times regarded as unconventional in the field of education.
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