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QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELADA IDENTIDADE DEUMA MULHER NEGRA E SUAS IMPLICAÇÕES

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Por:   •  12/5/2014  •  2.536 Palavras (11 Páginas)  •  926 Visualizações

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RESUMO

O presente artigo tem por finalidade apresentar dentro da literatura definida por seu perfil como negra, a identidade da escritora Maria Carolina de Jesus, a partir de sua obra Quarto de Despejo: Diário de uma favelada e as implicações dessa identidade para a mesma e para aqueles que faziam parte do seu cotidiano e ainda como seus relatos contribuíram na estrutura e (re) descoberta da literatura brasileira e negra.

PALAVRAS-CHAVES: Identidade. Implicações. Literatura. Mulher. Negra

RESUMÉ

Présent article a finalité présenter à l'intérieur de la littérature définie par son profil mange noir, l'identité de l'auteur Maria Carolina de Jésus, à partir de son oeuvre Chambre de Déversement : Quotidien d'une bindoville et les implications de cette identité pour la même et pour ils lesquelles font partie de son quotidien et encore comme leurs histoires ont contribué dans la structure et (poupe) à la découverte de la littérature brésilienne et noire.

INTRODUÇÃO

“Se é que existe reencarnação eu quero voltar sempre preta”

Carolina de Jesus

O presente artigo tem por objetivo apontar como se apresenta a identidade de uma mulher negra e quais as suas implicações na questão ser mulher, negra e pobre, dentro da obra Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada de Carolina Maria de Jesus.

Partindo da leitura feita na obra, nota-se através de outra perspectiva, a realidade feminina negra e pobre, contudo uma mais apurada, além da habitual e costumeira submissão e estereotipagens.

Para abordar o tema se faz necessário visualizar a identidade como algo em constante transformação e que se forma a partir da constante interação com a sociedade, grupo e cultura.

O livro narra às experiências da autora, catadora de papel e moradora de favela, mostrando constantemente o posicionamento da mesma diante dos conflitos sociais diários.

Escreveu outros livros, a exemplo do Diário de Bitita (1986) onde narra a sua biografia. A mineira Carolina Maria de Jesus - nasceu em sacramento- neta de escravos, não conheceu seu pai, foi criada pela mãe e passou por todo tipo de necessidade.

Foi obrigada a abandonar a escola primária para trabalhar com a mãe em uma fazenda. Já alfabetizada lia tudo que lhe emprestavam: Bíblia, livros de história, romances como Escrava Isaura. Passou por várias cidades no Sul de Minas Gerais e do Oeste Paulista para tratar das pernas doentes, empregando-se como doméstica.

Apesar de marginalizada pela sua condição de moradora de favela, mãe solteira de três filhos, pelo pouco estudo permitido, seu relato é repleto de analises, reflexões, criticas, desabafos sobre temas ativos, tais como: política, mulher, pobreza e pessoas comuns com a vida e condições semelhantes à sua. Retrata em várias passagens de sua obra assuntos que se reportam ao feminismo:

“De manha eu estou sempre nervosa com medo de não arranjar dinheiro para comprar o que comer. Mas hoje é segunda e tem muito papel na rua (...) O senhor Manuel apareceu dizendo que quer se casar comigo. Mas eu não quero porque já estou na maturidade...Por isso é que eu prefiro viver só para o meu ideal.” (Jesus,1986, p.45)

Apontar a identidade dessa mulher e suas implicações é mostrar dentro de uma literatura quase nunca discutida, que é a literatura negra, os conflitos, desejos, sonhos e porque não dizer a realidade muitas vezes insípida vivida por ela. A escrita de Carolina se encaixa como sujeito feminino que desfaz o estereotipo de mulher negra, quase sempre imaginada dentro de um contexto social como pobre, analfabeta que serve apenas para os fazeres domésticos ou símbolo sexual.

1 IDENTIDADE E LITERATURA FEMININA

Segundo Jobim (1999) a raça se constitui como fator importante na construção da identidade, muitas vezes obscura e/ou fragmentada pelo peso do preconceito. Uma raça (aqui entendida como grupo étnico) relegada por muito tempo à condição marginal.

De acordo com Zilá Bernd (1988):

“Pode-se pensar a identidade não como o fortalecimento de uma raiz única, mas como rizoma, ou seja, a raiz multiplicada que se abre em busca do outro, aceitando, o múltiplo e diverso como base da (re)elaboração identitária.”

Neste contexto a literatura surge na vida feminina como forma viável da expressão de suas falas e escritas sobre si mesmas e sobre o universo que as circundam, uma forma de mostrar que as experiências adquiridas por cada uma delas não surgem, nem acontecem da mesma forma, do mesmo modo, no mesmo instante e lugar, nem tão pouco podem ser comparadas as experiências masculinas, acentuando que não é a diferença entre gêneros que importa, mas as diferenças como um todo.

A literatura dentro do universo feminino faz uma demonstração da sua autentica subjetividade como forma de luta, sobrevivência e respeito na busca incondicional da reinvenção da sua própria identidade, construindo por si mesma o argumento que finaliza essa reinvenção.

Assim sendo, aborda-se a literatura, em específico a negra, dentro do livro Quarto de Despejo: diário de uma favelada, como sendo uma escrita onde Carolina assume o papel de escritora de literatura negra. Como afirma Jobim (1999): “O eu anunciador assume uma identidade negra... buscando protestar contra o racismo e o preconceito de que é vitima até hoje a comunidade negra.”

Carolina denuncia através de uma escrita singular, onde mistura linguagem culta (muitas aprendidas dos livros que lia) com uma coloquial (do seu convívio social) as implicações vividas dentro da sua identidade pelo fato de ser mulher: negra, pobre e moradora de favela.

“Levantei de manhã triste porque estava chovendo. (...) O barraco está numa desordem horrível. É que eu não tenho sabão para lavar as louças...Se ando suja é devido á reviravolta da vida de um favelado.Cheguei a conclusão que quem não tem de ir pro céu, não adiante olhar para cima.É igual

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