Elementos de discussão
Por: Roberta Galvão • 21/9/2015 • Dissertação • 875 Palavras (4 Páginas) • 195 Visualizações
Alguns elementos de discussão e conclusões finais
Sobre a saúde mental, podemos encontrar, como reflexo da supremacia da psicanálise como fonte de saber e a atuação, a sua ênfase nos cursos de graduação; A discussão sobre esse tema ocorre atualmente em diversas capitais brasileiras que reconhecem a influência da psicanálise e seu principal efeito colateral: Uma presença maciça na saúde pública brasileira.
O status de psicanalista se tornou atrativo para profissionais em formação, fato que os leva a procurar formas de atuação compatíveis e descartarem as que não consideradas relacionadas o suficiente.
Em estudos de comparação, foi constatado que embora houvesse diversidade disciplinar em todas as áreas clínicas na psicanálise encontrava-se uma exceção, sendo apresentada pelos profissionais como "um saber completo autossuficiente"; Em Belo Horizonte criou-se a iniciativa de discussão sobre as necessidades interdisciplinares no campo da saúde mental e hoje ocorre, após estruturação de uma rede assistencial coordenada, a consolidação da saúde mental no viés antimanicomial.
O fluxo histórico de pacientes graves corre diretamente na direção do hospital psiquiátrico, e em alguns lugares como Salvador, é possivel encontrar psicólogos que atuam exclusivamente na atenção clínica do paciente grave em ociosidade, mas por esse mesmo motivo há espaço para atuação em outros programas da saúde em geral. Em contrapartida em Belo Horizonte, e alguns outros municípios com organização semelhante, há demanda excessiva e sobrecarga de trabalho entre os profissionais.
As práticas assistenciais evidentemente tem contrubuído para novas abordagens clínicas, diferentes do modelo tradicional, e essas práticas contribuíram na discussão sobre o campo da Psicologia clínica no Brasil, o que permitiu inclusive o desenvolvimento de novas habilidades e competências clínicas no tratamento de pacientes graves para os psicólgos, práticas e conhecimentos aos quais não tiveram muito acesso em sua formação. Em diversos contextos houve um rompimento com o modelo de atendimento clínico baseado no individual apenas, passando a incluir o coletivo, o trabalho em equipe, o que tem influenciado a formação universitária e até mesmo a expressão clínica, que tem sido remodelada, sendo a clínica ampliada (referente ao campo de saúde da saúde coletiva) a mais utilizada.
As dificuldades dos psicólogos na saúde pública tem origens em diversos fatores, e o artigo discorre sobre dois deles: A tradição da formação em Psicologia no Brasil calcada em um modelo clássico de clínica e a porta de entrada preferencial dos profissionais contratados na rede pública na saúde mental. Essa ocorrência deram como resultado a inibição no desenvolvimento do trabalho, onde apenas o modelo clássico era considerado e inserções inventivas foram desestimuladas.
Observa-se atualmente no âmbito da saúde pública, um interesse em intervenções diferentes da prática clínica tradicional, porém o que se encontra na prática são dois extremos, onde em um caso os psicólgos são sobrecarregados com o trabalho clínico e em outro há ociosidade nesse campo e há espaço para intervenções alternativas. É sugerido pelo texto e parece coerente que a solução ideal se encontra em um equilíbrio entre as duas atuações (dupla-atuação), com o psicólogo exercendo tanto o trabalho clínico tradicional, quanto abordagens multidisciplinares. Porém para a viabilização dessa alternativa, seriam necessárias algumas reformas que começam desde a formação universitária, onde o psicólogo deveria obter ênfase não apenas na psicanálise, sendo apresentado de forma extensiva a outras alternativas e abordagens de atendimento. É imprescindível também que a rede pública abrisse um espaço maior para profissionais de abordagem alternativa à clássica. Além disso, é fundamental que haja alguma estruturação no planejamento das práticas assistenciais para que haja espaço para ambas as atuações.
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