Emoção: Efeitos sobre a voz e fala na situação em público
Por: Talita2503 • 4/7/2019 • Seminário • 2.199 Palavras (9 Páginas) • 305 Visualizações
Centro Universitário UNA
MBA em Gestão
Filipe César Gonçalves
Frederico César Soares
Gabriel Luiz Xavier Paraíso Souza
Julia Milo Drager
Michelle Borges
Pedro Paiva
Talita Miranda da Silva
Emoção: efeitos sobre a voz e a fala na situação em público
Belo Horizonte
2019
Emoção: efeitos sobre a voz e a fala na situação em público
O artigo estudado faz referência do ponto de vista de vários autores a respeito do tema e das emoções causadas pela fala em público, sobretudo, o medo, um dos principais sentimentos apontados pelos entrevistados e abordados pelas autoras do estudo, Renata A. Barbosa, fonoaudióloga, especialista em voz, mestre em Fonoaudiologia. PEPG em Fonoaudiologia PUC-SP; Silvia Friedma, fonoaudióloga, especialista em linguagem, doutora em Psicologia Social, professora titular do PEPG em Fonoaudiologia PUC-SP. Sobre os autores, Polito (1986) refere que muitas pessoas procuram desenvolver a expressão verbal para eliminar o medo. Boone (1996), o medo de falar em público é um tipo de reação que surge em antecipação a uma situação estressante, sendo pior antes, do que durante a sua atuação. Kyrillos et al. (2003) acrescenta que, para combater o medo, deve-se conhecer o assunto, praticar e adquirir experiência e desenvolver o autoconhecimento. Também com relação às formas de lidar com o medo, Cooper (1990) acredita que quanto mais uma pessoa falar em público, mais relaxada e confiante ficará. Para Mendes e Junqueira (1996) é preciso identificar as dificuldades; verificar a diferença de sensações entre falar para pessoas conhecidas ou desconhecidas; fortalecer a auto-imagem e a auto-estima. O objetivo do trabalho foi estudar os efeitos da emoção sobre a voz, a fala e a fluência ao falar em público, colocando-se em foco a relação entre emoções/afetos com características de fluência de fala e parâmetros de produção de voz. De acordo com Wallon (Martinet, 1981), o comportamento emocional constitui o primeiro modo de comunicação do ser humano com as pessoas que o rodeiam e é o comportamento emocional que domina as atividades da criança durante todo o primeiro semestre de sua existência. As diferentes gamas de emoções que o ser manifesta são socialmente construídas, as situações em si não são geradoras de emoções, esclarece Wallon, é o grupo social que influencia o curso das demonstrações emotivas, ele esclarece que as emoções não estão articuladas sempre às mesmas reações físicas, de tal forma que não é possível estabelecer uma reação linear entre as emoções e suas reações. Apoiadas em Wallon e na busca de compreender mais sobre a determinação social das emoções, Lane e Friedman (1994) participaram de um estudo intercultural que lhes permitiu descrever características subjetivas peculiares a sete emoções: alegria, medo, raiva, repugnância, tristeza, vergonha e culpa. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da PUC-SP. Para realizá-lo, as autoras contaram com a participação de quatro pessoas, com perfis diferentes, que referiram dificuldade para falar em público, designadas como P1; P2; P3 e P4. Os participantes apresentaram cada um, sendo P1 e P2 um seminário no seu curso de graduação, pedagogia, para uma classe de aproximadamente vinte alunos; e P3 e P4, uma palestra em um evento sobre doenças sexualmente transmissíveis, para um auditório com aproximadamente cento e cinquenta pessoas. Para atender o objetivo, foram coletados os dados dos participantes em três momentos distintos: 1) gravação da fala dos participantes em situação do seminário e palestra por eles apresentadas. 2) Entrevista com os participantes momentos antes da apresentação. 3) Entrevista com os participantes logo após a apresentação. As entrevistas foram de caráter semiestruturado, a pergunta inicial, em que as autoras pediram aos participantes que falassem sobre suas dificuldades para falar em público e conforme a resposta dada, foram feitas perguntas complementares, com o intuito de levantar outros aspectos. A partir da maneira como as entrevistas foram conduzidas, observaram-se as seguintes categorias construídas: 1) Estado emocional/afetivo: diz respeito, no caso das emoções, a vivências de curta duração como medo e vergonha e, no caso do estado afetivo, a sentimentos duradouros como a timidez. 2) Contexto: refere-se a todas as situações que geram determinados sentimentos, emoções e reações físicas, como exemplo: o tamanho do público. 3) Dimensão física: refere-se a todo os tipos de sensações ocorridas no corpo, como tremor, calor e tensão. 4) Julgamento: refere-se aos julgamentos feitos pelos próprios participantes sobre si mesmos ou sobre a apresentação, e aos julgamentos feitos pelo público, enquadra-se a importância da autoimagem e autoestima para falar bem em público, conforme apontaram Polito (1986), Mendes e Junqueira (1999) e Gonçalves (2000): e 5) Como lidar, observamos que os participantes referiram diferentes formas de lidar com a dificuldade de falar em público, como: ler a fala durante a apresentação; olhar o papel momentos antes para lembrar; e até fazer curso de psicodrama e acupuntura referido por P3. Antes da apresentação, os participantes referiram medo e insegurança e, após a apresentação, tranquilidade e alívio. Todos os participantes referiram a presença de medo, sempre relacionado ao fato de estarem sendo observados. Ainda com enfoque no medo, todos os participantes referiram medo de errar, medo de “dar branco”. P4 referiu também medo de “rebote” (reação do outro) ou de “parecer ridículo”. Assim, houve uma relação significativa entre a emoção e o tempo. Os participantes mostraram-se emocionalmente mais afetados nos minutos que precedem a apresentação e em seus minutos iniciais. À medida que a apresentação foi acontecendo, a tendência foi de relaxar, havendo alívio e relaxamento maior no final da apresentação. De modo geral, concluiu-se que as cinco categorias encontradas mostram tanto os conteúdos comuns como os singulares de cada participante sobre a dificuldade de falar em público, expressada pela articulação entre o estado emocional e os parâmetros do contexto de fala, principalmente no que se refere ao conteúdo da fala; ao tempo em torno do momento da apresentação e ao julgamento dos outros. Tendo esgotado a discussão sobre as entrevistas, discutiu-se a avaliação dos juízes com relação aos parâmetros de fluência e de voz nas apresentações dos participantes e foi observada alteração significativa em sete dos parâmetros avaliados: Coordenação; pneumofonoarticulatória; velocidade de fala; ressonância; inteligibilidade de fala; vícios de linguagem; adequação de ênfase e curva melódica. Quanto à fluência, interferiram no aparecimento de hesitações, repetições, prolongamentos e sons de preenchimento. Quanto à apresentação, houve grande preocupação tanto com o conteúdo como com a forma de falar, por estarem sendo observados pelo outro. Acreditando que os resultados da pesquisa podem trazer subsídios aos fonoaudiólogos que trabalham com pessoas cuja única queixa é a dificuldade de falar em público, a partir dos resultados, o fonoaudiólogo poderá compreender a importância de trabalhar a relação que o falante estabelece com os outros e as emoções que transitam nessa relação, compreendendo, para cada pessoa, a história que contextualiza essas emoções e os possíveis mitos e crenças que a sustentam.
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