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Ensaio Sobre a Cegueira

Por:   •  23/4/2022  •  Projeto de pesquisa  •  3.958 Palavras (16 Páginas)  •  126 Visualizações

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Licenciatura em: Línguas, Literaturas

e Culturas (9204)

A CEGUEIRA DA RAZÃO

Crítica ao capitalismo e aos valores morais

AUTOR: Patrícia Alexandra Carvalho Silva

ORIENTADOR: Manuel Ramos

Este trabalho serve como elemento de avaliação da disciplina de Metodologia de Técnicas de Pesquisa.

Porto, 2021

ÍNDICE

  1. INTRODUÇÃO         _________________________________________ Pág. 3
  • Delimitação do tema a tratar e motivações;
  •  Pergunta de partida;
  • Objetivos;

  1. SOBRE O AUTOR   __________________________________________ Pág. 4
  1. SOBRE A OBRA (RESUMO) ___________________________________ Pág. 5
  1. CRÍTICA SOCIAL   
  • A epidemia de cegueira como crítica ao egoísmo; __________  Pág. 6-7
  • A epidemia de cegueira como crítica ao capitalismo; ________ Pág. 7-10
  1. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________  Pág. 10-11
  1. FICHEIRO BIBLIOGRÁFICO _________________________________   Pág. 11-12

INTRODUÇÃO

Este presente trabalho de investigação visa analisar uma das mais ilustres obras literárias portuguesas Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, tomando por princípio a cegueira como metáfora, visto que, logo no início da narrativa as personagens são acometidas pelo chamado “mal branco”. Impossível de ser diagnosticado como um dos tipos já conhecidos de cegueira, Saramago tenta explicar, ao longo do romance, como é que as pessoas se vão tornando cegas no mundo contemporâneo, como aconteceu, inexplicavelmente com o primeiro cego (primeira personagem apresentada na narrativa), que de repente a sua realidade tornou-se indiferenciada à sua volta.

De seguida, serão relacionados os vocábulos “olhar, ver e reparar” à parábola do mundo de cegos criado por Saramago e, consequentemente, trazer a sua significação para a época atual e da presente situação pandémica em que vivemos. A epígrafe Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” leva o leitor a demais questionamentos, fazendo-se então uma ponte com a realidade e com nossa capacidade de apreensão dela. Mesmo tendo, como seres humanos, o atributo de olhar o mundo, nós conseguimos ver o que se nos apresenta? Ao vermos, somos capazes de reparar profundamente nessas coisas?

Por fim, será analisado o processo de “resolução” da ocorrência principal do romance por parte do governo, a rigidez com quem Saramago critica o capitalismo, a forma como a sociedade se defrontou e consequentemente, como é que são retratadas as relações interpessoais entre os personagens, visto que na visão de José Saramago, o ser humano, moralmente e culturalmente é selvagem, egoísta e dominado por apetites bárbaros. Afinal, quando mais ninguém pode observar e julgar o homem, o que é que sobra da humanidade cultivada socialmente?

SOBRE O AUTOR

José de Sousa Saramago, célebre escritor português, galardoado não só com o Prémio Camões em 1995, mas também com o Nobel da Literatura em 1998, foi considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Saramago não era apenas um comunista declarado, era um ateu convicto e membro do Partido Comunista Português, e de que forma é que esta informação é relevante? Pois dentro dos seus 18 romances publicados, o mais polémico foi o Evangelho Segundo Jesus Cristo de 1991, este que humaniza a sagrada família, rompe com a visão dogmática da postura católica e ainda corrompe uma das premissas mais imperiosas da Igreja Católica – a virgindade de Maria. A obra não só incomodou os patriarcas da Igreja Católica, mas também alguns membros do governo visto que o romance foi excluído da candidatura ao Prémio Europeu da Literatura por não respeitar a moral cristã. Apesar de esta ser a mais controversa obra de Saramago, não é a mais reconhecida, sendo então O Ensaio sobre a Cegueira quem leva este título, devido à sua bem-sucedida adaptação para o cinema.

José Saramago faz parte da literatura contemporânea portuguesa. Este período da literatura no Ocidente não é de fácil classificação em Portugal, isto porque há uma variedade de produções, com características particulares, que às vezes podem ser comuns entre alguns autores e autoras. Assim, é preciso analisar individualmente cada escritor ou escritora em busca de características específicas, que podem, às vezes, coincidir com as de outros escritores. No caso de José Saramago, ao analisar a sua biografia, fica claro que o escritor esteve sempre envolvido com questões políticas da sua época, além do trabalho com a palavra, seja como romancista e poeta, seja como tradutor. Portanto, inevitavelmente, elementos sociais e políticos estão em suas obras.

De maneira geral, os estudos que vêm sendo feitos sobre a obra de Saramago apontam as seguintes características literárias:

  • Perspetiva realista;
  • Construção de alegorias;
  • Humanismo, antropocentrismo;
  • Temática social e crítica política;
  • Críticas religiosas, anticlericalismo;
  • Valorização das características da oralidade;
  • Questionamento, análise do passado histórico;
  • Presença de elementos mágicos ou fantásticos;
  • Diálogo com a tradição da literatura portuguesa, representada por figuras como Luís Vaz de Camões (1524-1580), Pe. António Vieira (1608-1697) e Almeida Garrett (1799-1854), por exemplo;
  • Trabalho incomum com a linguagem, como o uso de vírgulas em lugar de outros sinais de pontuação.

SOBRE A OBRA

Ensaio sobre a Cegueira (1995) retrata a história de uma epidemia de cegueira branca que teve início num único homem que se encontra dentro do seu carro nos semáforos. Este homem tem um ataque de cegueira, e é aí, com as pessoas que correm em seu socorro que uma cadeia sucessiva de cegueira se forma… Uma cegueira, branca, como um “mar de leite” e jamais conhecida, alastra-se rapidamente em forma de epidemia. O governo decide agir, e as pessoas infetadas são colocadas em quarentena num antigo hospício, com recursos limitados que irá desvendar aos poucos as características primitivas do ser humano.

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