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Fichamento Rouanet Iluminismo Ou Barbárie

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Por:   •  23/4/2014  •  1.704 Palavras (7 Páginas)  •  3.221 Visualizações

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ROUANET, S. P. Iluminismo ou Barbárie. In: Mal-estar na modernidade – ensaios. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

O ponto inicial do autor Rouanet (1998) em seu texto trata sobre a modernidade está ou não está em crise. E com este ponto, o autor vem discorrer em seu texto outros temas de extrema relevância que explicam o seu ponto de vista. Para Rouanet (1998) não é a modernidade que está em crise, “O que existe atrás da crise da modernidade é uma crise da civilização. O que está em crise é o projeto moderno da civilização.”. (p. 09). Os principais conceitos para a concretização do projeto moderno civilizatório é a universalidade, a individualidade e a autonomia.

Explicando os principais conceitos do projeto moderno civilizatório o autor nos dá a dimensão da sua relevância para a concretização da civilização. Para Rouanet (1998), a universalidade visa todos os seres humanos, sem qualquer tipo de barreira; a individualidade visa que todos os seres humanos são considerados como pessoas concretas; a autonomia de que os seres humanos individualizados são aptos a pensarem por si mesmos. Mas o autor afirma que esse projeto moderno civilizatório não é realizado, os conceitos estão sendo entendidos e posto em prática de forma antagônica aos seus princípios. Segundo Rouanet (1998):

“O universalismo está sendo sabotado por uma proliferação de particularismos – nacionais, culturais, raciais, religiosos. (...) A individualidade submerge cada vez mais ao anonimato do conformismo e da sociedade de consumo.”. (p. 09). “A autonomia intelectual, baseada na visão secular do mundo, está sendo explodida pelo reencantamento do mundo, (...) A autonomia política é negada por ditaduras ou transformada numa coreografia eleitoral encenada de quatro em quatro anos. A autonomia econômica é uma mentira sádica para os três terços do gênero humano que vivem em condições precária de pobreza absoluta.”. (p. 10).

As explicações do autor tornam-se mais claras quando Rouanet (1998) exemplifica apontando os conceitos praticados antagonicamente na realidade brasileira, para o autor “O universalismo, entre nós, é sistematicamente repudiado por um nacionalismo cultural. (...) Se existe um tema consensual no Brasil é certamente o de que temos que desenvolver nossa própria cultura e rejeitar modelos culturais estrangeiros.” (p. 10). Sobre o individualismo o autor aponta que:

“há por um lado um hiperindividualismo exasperado; (...) E, por outro lado, uma busca reverente de raízes, uma confusa tentativa de recriar identidades afro-baianas, uma angústia diante da individualização e uma necessidade de remergulhar em totalidades mais ou menos tribais.” (p. 10).

Segundo o autor, a autonomia intelectual é tomada pelo esoterismo; a autonomia política mostra que a politização dos jovens no Brasil não é muito forte, pois há um certo risco que o autor chama de “carnavalização da política” (p. 11). E para finalizar Rouanet (1998) enfatiza que:

“há uma grande descrença com relação ao sistema econômico. O capitalismo é vivido como gerador de desemprego e de exploração, o socialismo fracassou em suas promessas de eliminar a injustiça social e de promover a abundância, e ambos se revelaram ecologicamente predatórios.”. (p. 11).

Voltando a questão da crise do projeto moderno civilizatório, Rouanet (1998) afirma que este projeto entrou em colapso. Segundo o autor “Não se trata de uma transgressão na prática dos princípios aceitos em teoria, (...) Trata-se de uma rejeição dos próprios princípios, de uma recusa dos valores civilizatórios propostos pela modernidade.”. (p. 11). Para Rouanet (1998) estamos vivendo na Barbárie, já que “(...) a civilização que tínhamos perdeu sua vigência e como nenhum outro projeto de civilização aponta no horizonte, literalmente, estamos num vácuo civilizatório.” (p. 11).

Partindo do pressuposto de que a civilização atual está vivendo em estado de Barbárie, o autor aponta que três possíveis soluções para a crise do projeto moderno de civilização. Mas a terceira solução é a que o Rouanet (1998) defende enfaticamente, a do projeto de uma civilização neomoderna, cujo a solução para chegar a um projeto civilizatório que atenda aos conceitos principais seria “capaz de manter o que existe de positivo na modernidade, corrigindo suas patologias.”. (p. 13). Esse projeto o autor chama de Iluminismo.

Diferente de uma época ou um movimento, conforme Rouanet (1998):

“o Iluminismo tem uma existência meramente conceitual: é a destilação teórica da corrente de idéias que floresceu no século XVIII em torno dos filósofos enciclopedista como Voltaire e Diderot, e de ‘herdeiros’ dessa corrente como o liberalismo e o socialismo, que, incorporando de modo seletivo certas categorias da Ilustração, levariam adiante a cruzada ilustrada pela emancipação do homem.”. (p. 14).

O autor aponta que as possibilidades do conteúdo Iluminista não se esgotam somente com a Ilustração, o liberalismo e o socialismo. Entretanto o autor afirma que a escolha dessas correntes deu-se por conta de que elas se materializaram de formas concretas na sociedade, e que o pensamento liberal e o socialismo representam “correntes em que as continuidades com a Ilustração prevalecem sobre as descontinuidades.”. (p. 14).

Para a construção da idéia Iluminista, o autor examina a funcionalidade das categorias da universalidade, da individualidade e da autonomia nas correntes da Ilustração, no liberalismo e no socialismo. Põem em foco os pontos positivos e os pontos negativos dos correntes, e assim consegue construir a idéia Iluminista.

Partindo da Ilustração, do liberalismo real e do socialismo real, o autor consegue elementos para a construção da idéia iluminista. Conforme de Rouanet (1998) a idéia iluminista comporta:

“Para ela (1) todos os homens e mulheres, de todas as nações, culturas, raças e etnias, (2) desprendendo-se de matriz coletiva e passando por processos crescentes de individualização, devem alcançar (3) autonomia intelectual, ou seja, o direito e a capacidade plena de usar sua razão, libertando-se do mito e da superstição, sujeitando ao crivo da razão todas as tradições, seculares ou religiosas, problematizando todos os dogmas, criticando todas as ideologias, e desenvolvendo livremente a ciência, o pensamento especulativo e a criatividade artística, o que pressupões um sistema cultural que tenha institucionalizado e dado condições efetivas de exercício à liberdade de pensamento e de expressão, (4) autonomia política, ou seja, o direito ou a capacidade plena de participar dos processos decisórios do Estado, o que pressupõe

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