Fundamentos Históricos E Teóricos-Metodológicos Do Serviço Social III
Monografias: Fundamentos Históricos E Teóricos-Metodológicos Do Serviço Social III. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: jun94028045 • 14/4/2014 • 2.008 Palavras (9 Páginas) • 610 Visualizações
Referência Bibliográfica:
Simionatto, Ivete "A influência do pensamento de Gramsci no Serviço Social Brasileiro". Artigo_trilhas, Belém, v.2, n.1, p. 7-18, jul 2001.
Resumo
• A teoria é reprodução do objeto no sentido do objeto já ser um produto, já fazer parte da realidade, já existir, ou seja, a teoria o reconstitui pelo pensamento. A sua produção não é dada pela consciência, mas na prática, podendo ser, contudo, reproduzido no âmbito da razão a partir do momento em que o objeto do conhecimento já existe no mundo.
• Netto (1989) fortalece o entendimento de que a reflexão teórica não “constrói” um objeto, ela é um instrumento de análise do real: “o produto teórico por excelência, é uma reprodução ideal de u processo real”.
• Para Netto, a teoria “é um movimento através do qual a razão extrai dos processos objetivos a sua legalidade intríseca”.
• A importância dessas categorias e do legado de Gramsci, de maneira geral, são apresentados como fundamentais para pensar não somente o Serviço Social como também as grandes transformações societárias na transição entre os séculos XX e XXI.
Primeiros Atores – Primeiras ideias
• Quando as primeiras obras de Gramsci foram traduzidas e publicadas no Brasil, em meados dos anos 1960, o Serviço Social já desfrutava do reconhecimento legal e afirmava-se como profissão liberal. É neste período também, que se observam os primeiros questionamentos às matrizes conservadoras.
• As propostas de natureza crítica que emergiam no interior do Serviço Social, neste período, não encontraram, no entanto, espaço para se desenvolver, pois com o golpe militar de 1964, a tendência pragmático-tecnocrática é assumida como forma de responder às necessidades do crescente processo de acumulação capitalista.
• É o caso da experiência desenvolvida na Universidade Católica de Minas Gerais, em Belo Horizonte, entre 1972-75 que irá se expressar através do chamado método BH.
• No âmbito do Serviço Social, essa nova conjuntura política pressionou, na época, os organizadores do CBCISS que haviam realizado os encontros de Araxá e Teresópolis e organizavam o encontro de Sumaré, a incorporar ao debate as vertentes fenomenológica e marxista.
• As modificações sofridas pela realidade brasileira neste período ampliaram, conseqüentemente, os espaços da ação profissional dos assistentes sociais, com práticas não mais restritas ao âmbito institucional, mas também junto ao movimento organizativo das classes subalternas.
• O processo de reorganização do Estado, a necessidade de fortalecimento da sociedade civil e a dinâmica mesmo da realidade brasileira, incentivaram os profissionais a buscarem novos referenciais que possibilitassem recuperar a prática e a formação profissional.
• Dois grandes marcos da produção do Serviço Social desse período são, sem dúvida, o Método BH e o livro Legitimidade e Crise no Serviço Social de Marilda Iamamoto. Mas ao lado dessas duas elaborações, há, ainda, todo um acervo de formulações que instauram um novo debate no interior da profissão na virada dos anos de 1970 e início de 1980.
• As idéias de Gramsci passaram a ser progressivamente incorporadas pelo Serviço Social, abrindo novas possibilidades para pensar seus referenciais teóricos e suas ações interventivas.
• As primeiras referências ao pensamento de Gramsci no Serviço Social, encontram-se nas produções de Vicente de Paula Faleiros através da categoria da hegemonia e da análise da prática profissional no contexto da sociedade capitalista. Serão, no entanto, as produções de Safira Bezerra Ammann, Alba Maria Pinho de Carvalho, Franci Gomes e Marina Maciel que possibilitaram a efetiva aproximação do Serviço Social ao pensamento gramsciano.
• Estas mesmas categorias continuam permeando as produções do Serviço Social na contemporaneidade com problematizações relativas às classes sociais, às transformações sofridas pelo Estado, pela sociedade civil, ao papel das ideologias e da cultura na análise e compreensão da realidade social o que tem contribuído para operar mudanças significativas tanto no que se refere ao referencial teórico-metodológico, ético-político quanto prático-operativo.
Mas, de que forma o pensamento de Gramsci continua sendo importante tanto para pensar o Serviço Social quanto e para analisar a realidade contemporânea?
Quais as principais categorias desse pensador que continuam sendo atuais em pleno século XXI cujo cenário que temos diante dos olhos é paradoxal e assustador?
Diante das tempestades político-sociais e das transformações societárias do final do século XX e início do século XXI, em que medida é possível pensar os problemas contemporâneos da vida social e política a partir do legado de Gramsci?
Em que sentido seu pensamento é capaz de nos ajudar a desvelar as novas questões postas pela ordem presente?
Trazer o pensamento de Gramsci para pensar este novo século, exige tratar de alguns temas que são realmente inevitáveis. Irei me centrar na questão da totalidade, cultura, política, hegemonia, Estado e sociedade civil, com seus respectivos desdobramentos.
A Perspectiva de Totalidade
• Se, por um lado, Gramsci é analisado como um pensador reformista (tema tão em voga nos dias atuais), e, por outro, como elaborador de uma teoria revolucionária de ocupação de trincheiras no interior do aparelho do Estado, é importante sinalizar que, na presente abordagem, Gramsci será tomado como pensador marxista cuja obra é perpassada por uma visão crítica e histórica dos processos sociais.
• Isto porque Gramsci não toma o marxismo como doutrina abstrata, mas como método de análise concreta do real em suas diferentes determinações. Debruça-se sobre a realidade enquanto totalidade, desvenda suas contradições e reconhece que ela é constituída por mediações, processos e estruturas.
• Demarcar o ponto de vista da totalidade na análise do real, significa contrapor-se à “razão cínica” ou à “miséria da razão”, que se afirmam cada vez mais, como perspectivas particularistas e manipulatórias consonantes às manifestações multifacetadas, características da realidade contemporânea.
• Na tessitura da obra gramsciana encontramos o compromisso com a interpretação dos processos sociais, o desvendamento das desigualdades da sociedade capitalista, o caráter das
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