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Glória Feita De Sangue

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Por:   •  5/1/2014  •  1.907 Palavras (8 Páginas)  •  289 Visualizações

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1.Introdução

“Glória feita de sangue”, do título original “Paths of Glory”, foi um filme estadunidense lançado no ano de 1957. O diretor do filme foi Stanley Kubrick, que também participou da roteirização juntamente com Calder Willingham, Georg Krause, Humphrey Cobb, Ilse Dubois e Jim Thompson. O filme tem seu roteiro baseado no romance “Paths of Glory” de Humphrey Cobb. A produção do filme foi feita por inteira na Bavaria, Alemanha e ambientado no contexto da Primeira Grande Guerra, datada de 1914 à 1918. O filme tem a sua história centrada no ano de 1916 e trata das complicadas relações dos militares que compunham a estrutura hieráquica dentro do exército francês, em uma situação de guerra.

Fica evidente no filme o forte antagonismo, que gera uma espécie de estrutura de “classe”, onde , de um lado, há os altos escalões do exércitos, habitando seus espaçosos “casarões” e frequentando luxuosas festas, e de outro lado, os soldados apodrecendo nas trincheiras imundas e inseguras. Ademais, mostram-se os próprios conflitos existentes entre as diversas autoridades, no que se pode chamar de uma luta de “ego” dentro do próprio exército francês.

Por fim, é possível levantar-se diversas questões morais que são passíveis de discussão, tais como: Quanto vale a vida de um ser pensante? Até que ponto a hierquia militar cria coflitos internos? Qual o limite das ações em nome da disciplina militar? Ainda há resquícios de humanidade numa situação de guerra?

2. Contexto da época do lançamento do filme

Stanley Kubrick lança o filme na década de 1950, não tão longe, em termos históricos, do fim da Segunda Guerral Mundial, do ano de 1945. A partir de então, a ordem mundial sofre uma mudança drástica. Passa-se de uma ordem multilateral, com predominância europeia, para um bilateralismo, tendo como principais atores antagônicos os Estados Unidos da América (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Diante disso, tinha-se instituido uma cisão política, ideológica e militar. De um lado, os EUA levantando a bandeira do capitalismo e do outro a URSS defendendo os ideias socialistas. Esse período ficou conhecido como “Guerra Fria”, devido à ausência de grandes conflitos diretos entre as duas principais super-potências e seus respectivos aliados. Entretanto, nesse período, houve também momentos em que a Guerra não foi tão “fria” assim. Alguns deles foram: A Guerra da Coreia, a Guerra do Vietnã e Guerra do Afeganistão . É importante ressaltar que o período foi marcado por uma corrida armamentista sem precedentes, onde cada um desses atores queria mostar-se mais superior técnico e militarmente do que outro. Assim, grandes avanços tecnológicos foram trazidos à tona. Armas nucleares mais potentes, mísseis de alcances intercontinentais, submarinos nucleares, tecnologia de satélites, desenvolvimento da robótica, melhoramentos nas técnicas hospitalares e muitas outras tecnologias que permitiram que o homem chegasse a um patamar inigualável. O maior exemplo de que , para o homem , parecia não haver limites foi a corrida espacial, em que investia-se em demasia, para que , não só o mundo fosse dominado, mas o espaço também. Os EUA e URSS competiram acirradamente através do lançamento de diversos satélites, e inclusive, naves tripuladas , mas em viagens curtas. Entretanto, o grande marco dessa “odisséia“ ao espaço foi a chegada dos astronautas estadunidenses ao satélite natural do planeta Terra, a Lua. Por fim , um triste legado ideológico foi deixado pela Guerra fria. Este foi muito bem esclarecido por José Arbex Jr. em seu livro “Guerra Fria – Terror de Estado, polítca e cultura” : “(...)A Guerra Fria exarcebou e legitimou a antiga e perigosa lógica da exclusão do Outro, do diferente. Tudo o que vem do outro bloco representa o Mal. Inversamente, será legítima qualquer ação de minha parteno sentido de combater o “inimigo”, ainda que isso implique restrições à democracia e à liberdade individual. Por exemplo, é legítimo patrocinar golpes sangrentos e ditaduras militares para combater a expansão comunista na América Latina, tanto quanto é justificável enviar tropas contra as populações da Hungria e da Tchecoslováqua para defender o socialismo”.

3.Contexto histórico retratado no filme

O filme se passa no contexto da Primeira Guerra Mundial, que é tida como um desdobramento das já acirradas tensões entre as potências imperialistas européias. Segundo a visão do historiador Hobsbawn , essa guerra assinalou o colapso da civilização ocidental do século XIX. Segundo ele, tratava-se de uma civilização “capitalista na economia; liberal na estrutura legal e constitucional; burguesa na imagem de sua classe hegemônica característica; exultante com o avanço da ciência, do conhecimento, da educação e também com o progresso material e moral”. Como “origem” da guerra Geoffrey Barraclough afirmou que os conflitos europeus da primeira metade do século XX “foram mais do que uma continuação dos conflitos europeus anteriores. A partir do final do século XIX, a Europa viu-se envolvida, simultaneamente, nos problemas herdados de seu próprio passado e num processo de adaptação a uma nova situação mundial; ambos esses aspectos de sua história devem ser devidamente considerados.”

4. Visão e influências de Stanley Kubrick

Kubrick vislumbrou desconstruir o conceito de que a guerra é constituída basicamente pelo conflito entre dois exércitos inimigos, onde busca-se lutar para eliminar o adversário. Ele o faz , mostrando em seu filme, que muitas vezes os conflitos internos de um exército podem ser tão prejudiciais quanto a própria guerra em si. Ele visa mostrar , então, que em uma guerra não haverá de fato a união de todos para vencer o inimigo. Porque uma guerra não é apenas uma guerra, mas envolve todo um grande jogo de interesses.

No tocante às suas influêncais, ele carrega uma bagagem literária com escritores como: Sigmund Freud, Franz Kafka, Carl Jung, Ernest Hemingway, Joseph Conrad, Vladimir Nabokov, Homero, Immanuel Kant, Jean Paul Sartre, dentre outros. Stanley mantém nesse filme a “linha” já utilizada nas suas outras produções, em que ele faz adaptações de romances e curtas histórias para as telas do cinema. Esse filme, em especial, foi baseado no livro “Paths of Glory” de Humphrey Cobb. Além disso, muito do material usado no filme veio a ele indiretamente, de livros, jornais e conversas com

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