Introducao A Ciencia Politica
Trabalho Universitário: Introducao A Ciencia Politica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: SMBRUM25 • 1/10/2014 • 1.112 Palavras (5 Páginas) • 227 Visualizações
Introdução
Este material pretende contribuir para a produção de conhecimento sobre
políticas de saúde. Mas o que significa produzir conhecimento sobre políticas?
Esta é uma pergunta central que não tem uma resposta única, nem uma resposta certa.
Em torno desta pergunta existem debates bastante significativos, com posições distintas.
Por isso, talvez seja melhor perguntarmos o que significa, no contexto deste material,
produzir conhecimento sobre políticas. É exatamente por aí que queremos começar.
Dentre os diversos debates existentes, há dois que queremos destacar: um sobre
a produção de conhecimento e outro sobre a produção de políticas. São debates de
ordens diferentes, visto que o primeiro aprofunda a reflexão sobre a noção de ciência
como uma das formas da produção de conhecimento e o segundo nos ajuda a
compreender a relação entre a noção de política, poder e Estado.
Estes debates se entrelaçam e nosso posicionamento frente a cada um deles
ajuda a explicitar como damos sentidos aos estudos de políticas que desejamos realizar.
Vamos iniciar pela reflexão sobre o que entendemos a respeito da produção de
conhecimento.
Partimos do pressuposto de que o conhecimento só é possível porque existem
sujeitos, que interagem e reagem, gerando conhecimento. Todo sujeito é detentor e
produtor de conhecimento e pode de diferentes formas divulgá-lo e materializá-lo.
Produzimos conhecimento no nosso dia-a-dia a partir da interferência mais
imediata na realidade, na relação que estabelecemos com o outro e no processo
reflexivo que nos move. Produzimos conhecimento a partir da pintura, da literatura, da
música e outras formas de produção artística. Produzimos conhecimento quando nos
colocamos o desafio de explicar/entender uma dada questão, o que costumamos
denominar situação de pesquisa. Enfim, há inúmeras formas de produção de
conhecimento e não há necessariamente um único modo/método para sua produção,
pois cada produção é particular/própria/singular e gera efeitos também particulares. Há
variações, portanto, nestas produções e também intenções e alcances diferentes.
Mas de todas estas formas de produção, a que ganhou maior destaque ou status
de conhecimento na sociedade moderna foi a produção científica. Em torno da ciência
se delimitou um campo de saber e poder, de afirmação da verdade, como se esta fosse a
forma de detenção do conhecimento puro da realidade. Com este movimento, a
concepção moderna da ciência ignorou outras formas de conhecimento, como se só as 11
posições cientificamente fundadas devessem ser levadas a sério, pois elas certamente
nos conduziriam a um mundo melhor.
Porém, é interessante notar que a própria trajetória da ciência moderna levou à
desconstrução deste entendimento. O “avanço” do conhecimento científico, e o
desenvolvimento tecnológico por ele possibilitado, produziu novas ameaças, como a
possibilidade da destruição do planeta, ou o comprometimento da vida das gerações
futuras. Um conjunto de conhecimentos em vários ramos da ciência gerou
questionamentos a alguns dos pressupostos daquela visão da ciência como um modo
privilegiado de se chegar à verdade e uma série de autores1
delineou outro modo de se
conceber a ciência destacando que, antes de qualquer coisa, ela seria uma prática social.
Desta forma, não reconhecem uma hierarquia entre o conhecimento científico e outras
formas de conhecimento.
No contexto deste debate, buscaremos valorizar as diferentes formas de
produção de conhecimento, as diferentes perspectivas, não para sobrepor uma ou outra,
mas para localizá-las em sua contribuição no debate sobre a política. Ou seja, nossa
intenção é fugir do campo das disputas de verdade para alcançar o que poderíamos
denominar de „zonas de vizinhança‟, com a busca do que é comum na multiplicidade de
perspectivas, potencializando o diálogo.
Mas para promover o diálogo também é importante reconhecer os territórios dos
diferentes vizinhos. E é nesse sentido que serão ofertados neste material um conjunto de
aportes teóricos e usos de técnicas de pesquisa que se apresentam no campo da ciência
visando aprofundar o debate sobre o que significa a produção de um conhecimento
sobre políticas. A aposta que fazemos é de apresentação dos usos possíveis da ciência a
favor de um conhecimento potente e transformador. Este material tem a pretensão de
afirmar a possibilidade de se construir a partir do campo científico outra forma de se
fazer ciência:
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