Janela Da Alma
Artigo: Janela Da Alma. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: marcia23 • 29/10/2013 • 490 Palavras (2 Páginas) • 558 Visualizações
O documentário “Janela da alma”, de João Jardim e Walter Carvalho, lançado no Brasil e é um documentário feito com 19 entrevistados estão intercaladas por jogos de imagens focadas e desfocadas em vários ângulos com o intuito de proporcionar ao expectador a sensação de “enxergar o mundo através do olhar da pessoa que possui alguma alteração, da miopia discreta até a cegueira total, na capacidade visual”.
Na história do cinema nacional, o documentário “Janela da alma” teve o maior público para um documentário desde a década de 90, e ganhou o prêmio do júri e do público na Amostra Internacional de Cinema de São Paulo. Assim, o documentário de Jardim e Carvalho, embora não negue em determinados momentos uma investigação mais banal sobre o tema, se aprofunda em uma discussão plural e abstrata, em que o tema “visão” é apenas um propulsor para diversas compreensões de mundo, sejam elas de cunho artístico, filosófico, poético, científico ou social. Para organizar todas essas e outras idéias que são expostas ao longo de Janela da Alma, João Jardim e Walter Carvalho escolheram uma estrutura fragmentada para o documentário. Uma estrutura que possibilitasse organizar assuntos tratados pelos depoentes, agrupando-os em blocos temáticos. No entanto, o resultado final é muito mais poético e lírico do que essas linhas fazem crer. Isso porque a estrutura escolhida também deu vazão a interpretações metafóricas/imagéticas feitas pelo próprio documentário, não se limitando às discussões apresentadas pelos entrevistados, em sua maioria intelectuais. Se não fosse pelo tema proposto e pela escolhas de seus entrevistados, Janela da Alma talvez fosse um documentário burocrático. No entanto, a carga abstrata com que os depoentes exploram o assunto e as escolhas da montagem o transformaram num filme singular. Isso porque a estrutura de entrevistas fragmentadas em blocos temáticos, unidas a imagens de transição, é um recurso largamente utilizado pelo dito documentário expositivo. Mas não, o modo de representação escolhido é o reflexivo.
É possível que João Jardim e Walter Carvalho não tenha tido outra escolha a partir do material que dispunham ao término das filmagens. Eles mesmos informaram que no início da montagem, transcreveram todas as entrevistas e fizeram um roteiro a partir do texto. No entanto, ficaram frustrados com andamento do projeto. Partiram, então, para escolhas mais poéticas, assumindo um material documental aberto e sensível.
O filme os diretores propõem uma profunda reflexão sobre o olhar, como ele se dá e mais: será que o fato de enxergar garante-nos a real percepção das coisas e o êxito na vida? Talvez não. Todos os depoentes do filme possuem uma deficiência, ainda que total, porém são todos bem sucedidos em suas carreiras. Com um título que remete-nos o centro das emoções e sentimentos humanos, que é a alma fica a seguinte conclusão: se os olhos são a janela da alma, devemos realmente olhar para essa janela com outros olhos, mas esses olhos podem variar de uma pessoa para outra de acordo com a sua deficiência ou sensibilidade.
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