Filme Janela da Alma

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS

COMENTÁRIO SOBRE O FILME:

JANELA DA ALMA.

MARIANA - MG

                                                 JANEIRO / 2015

O filme Janela da Alma nos apresenta as experiências e interpretações de profissionais que possuem a deficiência visual total ou parcial, ou melhor, suas percepções da realidade, dos acontecimentos em seus entorno, além de relatar o estilo de vida e as experiências decorrentes de suas interações sociais. No decorrer dos relatos os profissionais destacam a sua interpretação da realidade e a função da visão nos ditos “normais”.

Várias profissões são abordadas, especialmente relacionadas à arte, como escritores, cineastas, fotógrafo, músico e artistas plásticos, sendo exceção daquela, um político.

No campo das artes todos os entrevistados relatam a forma diferenciada de percepção dos acontecimentos em seu entorno. Pode ser dito praticamente todos desta área concordam com a subjetividade da visão, de sua tendência a ser influenciada por fatores emocionais, psicológicos, que propiciam que um mesmo fato ou imagem tenha interpretações distintas de dois ou mais observadores. Deste modo a vemos uma “ilusão” fruto das percepções audiovisuais de cada indivíduo.

Para os profissionais do filme/documentário a deficiência de cada qual permitiu o desenvolvimento, ou melhor, aguçamento dos demais sentidos o que em grande parte dos casos permite a percepção de detalhes que para uma pessoa “comum”, certamente passaria despercebidos, devido a importância / domínio do sentido da visão sobre os demais.

O documentário expõe também a adaptação dos profissionais para desempenhar suas funções, e ressalta de acordo com opinião dos envolvidos a necessidade de inserção na vida produtiva. A deficiência não é limitação, logo todos desempenham suas funções normalmente e com independência.

Em certo momento é abordado uma cineasta que revela em sua entrevista os traumas de infância devido ao tratamento por ela recebido dos demais, inclusive família, a indiferença da sociedade e o sentimento de pena/dó devido a estrabismo. Ela relata que após varias cirurgias dolorosas para correção visual, encontrou na arte do cinema uma forma de realizar seus sonhos de infância, onde pode ser quem quiser, sem padrões e ou preconceitos da sociedade.

Um político expõe sua independência na realização de suas atividades, por meio de memorização de trajetos de acordo com referencias que possui da cidade onde vive. Este relata que o tratamento recebido por ele em sua infância foi fundamental em sua independência, pois foi tratado como igual aos demais, executando as mesmas tarefas, brincadeiras, logo sem excesso de cuidados e mimos, o que muitos pensam ser essencial para portadores de deficiência.

Deste modo a deficiência e/ou limitação de cada ser esta mais em seu pensamento do que de fato em seu físico, cada qual assim é agente e responsável por sua historia.