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LITERATURA INFANTIL: ARTE LITERÁRIA OU PEDAGÓGICA?

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Por:   •  20/12/2013  •  1.096 Palavras (5 Páginas)  •  2.429 Visualizações

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FICHAMENTO : COELHO, NELLY NOVAES. LITERATURA INFANTIL: TEORIA, ANÁLISE, DIDÁTICA.SÃO PAULO: MODERNA, 2000

LITERATURA INFANTIL: ARTE LITERÁRIA OU PEDAGÓGICA?

Evidentemente, a localização das origens da literatura infantil em remotas expressões da literatura adulta por si só não explica as diferentes formas que ela vem assumindo desde que, no século XVII, começou a ser escrita especialmente como tal: literatura para criança.

O que se pode deduzir, diante das tendências que ela vem seguindo nestes três séculos de produção, é que um dos primeiros problemas a suscitar polêmica, quanto à sua forma ideal, teria sido o de sua natureza específica: A literatura infantil pertenceria à arte literária ou à arte pedagógica? Controvérsia que vem de longe: tem raízes na Antiguidade Clássica, desde quando se discute a natureza da própria literatura (utile ou dulce? Isto é, didática ou lúdica?) e, na mesma linha, se põe em questão a finalidade da literatura destinada aos pequenos. Instruir ou divertir? Eis o problema que está longe de ser resolvido. As opiniões divergem e em certas épocas se radicalizam.

Entretanto, se analisarmos as grandes obras que através dos tempos se impuseram como “literatura infantil”, veremos que pertencem simultaneamente a essas duas áreas distintas (embora limítrofes e, as mais das vezes, interdependentes): a da arte e a da pedagogia. Sob esse aspecto, podemos dizer que, como objeto que provoca emoções, dá prazer ou diverte e, acima de tudo, modifica a consciência de mundo do seu leitor, a literatura infantil é arte. Sob outro aspecto, como instrumento manipulado por uma intenção educativa, ela se inscreve na área da pedagogia.

Entre os dois extremos há uma variedade enorme de tipos de literatura, em que dias intenções (divertir e ensinar) estão sempre presentes, embora em doses diferentes. O rótulo “literatura infantil” abarca, assim, modalidades bem distintas de textos: desde os contos de fada, fábula, contos maravilhosos, lendas, histórias do cotidiano... até biografias romanceadas, romances históricos, literatura documental ou informativa.

Por via de regra, a eventual opção do escritor em relação a uma dessas atitudes básicas não depende exclusivamente de sua decisão pessoal, mas de tendências predominante em sua época. Essa aparente dicotomia se coloca como problema para aqueles que têm a seu cargo a educação das crianças, ou para os que escrevem para elas, exatamente em épocas em que a sociedade e a literatura estão em crise de mudança.

Sabe-se que nesses momentos de transformações, quando o sistema de vida ou de valores está sendo substituído por outro, o aspecto arte predomina na literatura: o ludismo (ou o descompromisso em relação ao pragmatismo ético-social) é o que alimenta o literário e procura transformar a literatura na aventura espiritual que toda verdadeira criação literária deve ser.

Assim, os que são impelidos mais fortemente pelas forças da renovação exigem que a literatura seja apenas entretenimento, jogo descompromissado (pois é justamente a atividade lúdica que tem por função desarticular estruturas estáticas, já cristalizadas no tempo). Os que acreditam que a criança precisa ser preservada da crise e ajudada em sua necessária integração social elegem como ideal a literatura informativa (dessa maneira oferecendo-lhe fatos cientificamente comprováveis ou situações reais, acontecidas e irrefutáveis, transmitem-lhes, ao mesmo tempo, valores consagrados pelo passado e inquestionáveis... e com isso escapam ao difícil confronto com os valores de um presente em plena mutação e ainda um enigma a ser desvendado).

Já em épocas de consolidação, quando determinado sistema se impõe, a intencionalidade pedagógica domina praticamente sem controvérsia, pois o importante para a criação no momento é transmitir valores para serem incorporados como verdades pelas novas gerações. Como exemplos bem próximos de nós, temos a literatura romântica que, ainda em plena crise do Classicismo, nasceu como entretenimento ou jogo, abrindo caminho para os valores novos que se impunham. Na luta pela consolidação do sistema literário-burguês-patriarcal-cristão (resultante daqueles valores e padrões), afirma-se uma grande literatura (para adultos e para crianças). Com a instauração total do sistema, o ideário romântico acaba impondo a todos uma “literatura exemplar” (feita de fórmulas) que entra pelo nosso século

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