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Leitura e escrita

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Por:   •  18/8/2014  •  Seminário  •  1.498 Palavras (6 Páginas)  •  557 Visualizações

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A leitura e a escrita são ações muito presentes no nosso dia a dia compondo a base da comunicação humana. Talvez a leitura esteja mais presente na nossa vida diária do que a escrita, pois a utilizamos em vários e diferentes contextos, como nas escolas (em leitura de livros, cadernos), nos supermercados (leitura de rótulos, embalagens), nas farmácias (bulas de remédios, rótulos de produtos), nas ruas (outdoors, placas informativas, letreiros de lojas), no computador ou em casa (leitura de jornais, periódicos, revistas) etc.

No contexto educacional, temos avaliações apontando resultados pertinentes à leitura: há avaliações externas (que consideram o Brasil e outros países) e internas (que são as que consideram apenas o universo brasileiro). No PISA (sigla em inglês – Program for International Student Assessment) – que no Brasil traduzimos por Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – os resultados obtidos em leitura colocam o Brasil em 53º lugar no ranking entre os 65 países participantes. Note: há apenas doze países com condição de leitura e interpretação piores do que as nossas, e cinquenta e dois em melhores condições. Já os resultados do SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) – que é uma avaliação interna – também revelam resultados nada otimistas com relação à leitura.

Consideramos que o ato da leitura é essencial e imprescindível na atividade escolar e, consequentemente, no processo ensino-aprendizagem. Assim, partiremos da compreensão sobre a concepção de leitura.

Na discussão sobre a importância da leitura, Koch e Elias (2008, p.9) afirmam que algumas questões como: “O que ler? Para que ler? Como ler?” devem ser destacadas a priori e que as respostas a essas perguntas revelarão uma concepção de leitura decorrente da concepção de sujeito, de língua, de texto e de sentido que forem adotados. As autoras (2008, p. 19) afirmam que a interação entre o conteúdo do texto e o leitor é regulada pelos objetivos de leitura. Esses objetivos nortearão o modo como tal leitura ocorrerá: com mais ou menos tempo, com mais ou menos atenção, com maior ou menor interação. Pode-se dizer que os textos são lidos, basicamente, porque:

• queremos nos manter informados (jornais, revistas);

• precisamos realizar trabalhos acadêmicos (livros, dissertações, teses, periódicos científicos);

• temos prazer (poemas, contos, romances);

• necessitamos de consultas (dicionários, catálogos);

• “somos obrigados” (manuais, bulas);

• caem em nossas mãos (panfletos);

• são apresentados aos olhos (outdoors, cartazes, faixas).

As autoras também indicam a consonância nos Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa (1998, pp. 69-70) com a concepção de leitura assumida por elas:

“A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a linguagem etc. Não se trata de extrair informação, decodificando letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma atividade que implica estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação, sem os quais não é possível proficiência. É o uso desses procedimentos que possibilita controlar o que vai sendo lido, permitindo tomar decisões diante de dificuldades de compreensão, avançar na busca de esclarecimentos, validar no texto suposições feitas.”

Solé (1998, p. 22) vem de encontro às autoras Koch e Elias ao reafirmar que a leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto. Neste processo tenta-se satisfazer os objetivos que guiam sua leitura. A partir da definição de leitura e sobre o que é ler temos quatro premissas:

a. A leitura envolve a presença de um leitor ativo que processa, examina e constrói o significado do texto com base em seus conhecimentos prévios e em seus objetivos.

b. Deve haver um objetivo para guiar a leitura, ou seja, sempre lemos algo para alguma finalidade: lazer, buscar uma informação específica, seguir instruções para realizar uma atividade qualquer (cozinhar, jogar, operar um equipamento), informar-se sobre um determinado assunto (ler jornal ou livro) etc.

c. A interpretação do texto realizada pelo leitor depende do objetivo da leitura. É então possível afirmar que dois leitores com finalidades diferentes podem interpretar um mesmo texto de maneiras distintas. Assim, os objetivos da leitura são essenciais quando se trata de ensinar as crianças a ler e a compreender um texto.

d. A leitura envolve a compreensão do texto escrito.

Depreendemos então que a leitura é um processo no qual se compreende a linguagem escrita. Nessa compreensão, o texto, sua forma e conteúdo são considerados, bem como o leitor, com suas expectativas e conhecimentos prévios.

O processo de leitura apresentado nos remete a uma perspectiva ou modelo interativo, que pode ser agrupado em dois modelos hierárquicos: ascendente (button up) e descendente (top down).

No modelo ascendente, o leitor compreende o texto iniciando pelas letras e continuando com as palavras, frases, ou seja, considera-se que o leitor pode compreender o texto porque pode decodificá-lo totalmente. Esse modelo é centrado no texto. Com essa premissa deduz-se que no modelo ascendente não é possível inferir informações, nem mesmo compreender um texto sem entender cada um de seus elementos.

No modelo descendente, o leitor não realiza o processo de leitura letra por letra como no modelo anterior. Aqui, o leitor utiliza seu conhecimento prévio e o processo cognitivo para estabelecer antecipações sobre o texto e construir suas interpretações. Enquanto o modelo ascendente enfatiza a decodificação, o modelo descendente foca no reconhecimento global de palavras e se apoia no sentido.

Dessa forma, o modelo descendente, também chamado de interativo, não foca somente no texto e nem somente no leitor. Ao realizar a leitura, o leitor utiliza ao mesmo tempo seu conhecimento de mundo – conhecimento prévio adquirido antes da leitura e antecipações – e seu conhecimento de texto (decodificação das palavras) para interpretar determinado texto.

Para Solé (1998, pp. 24-31), na medida em que a leitura é realizada algumas estratégias que levam à interpretação do texto podem ser aplicadas, tais como a previsão e a verificação. Um bom leitor faz previsões com base nas informações proporcionadas pelo próprio texto e usa para tal seu conhecimento sobre a leitura, sobre os textos e sobre o mundo em geral. Diante das previsões, podemos arriscar prever o futuro, o que está por vir na sequência e no desenrolar do texto. Usamos, inclusive, diversos indicadores existentes no próprio texto, como: título, subtítulo, negrito, itálico, esquema, legendas, etc. Esses recursos nos permitem ampliar a compreensão de um texto.

A leitura pode ser considerada um processo constante de elaboração e verificação de previsões que levam à construção de sentidos. Os organizadores prévios auxiliam a orientar tais previsões. Estes organizadores são conceitos ou informações prévias que possuímos e que possuem a função de estabelecer pontes conceituais entre o que o leitor já conhece e aquilo que deseja saber ou, ainda, o que outro deseja que ele aprenda ou compreenda.

Portanto, a fim de promover o sentido da leitura no contexto educacional, algumas intervenções pontuais com o objetivo de promover estratégias de compreensão são necessárias, tais como: ativar o conhecimento prévio, estabelecer objetivos de leitura, esclarecer dúvidas, prever, estabelecer inferências, autoquestionar, resumir, sintetizar, dentre outras.

Conceitos Fundamentais

ANEB (Avaliação Nacional da Educação Básica) - permite produzir resultados médios de desempenho, promover estudos que investiguem a equidade e a eficiência dos sistemas e redes de ensino por meio da aplicação de questionários. Por ser amostral, oferece resultados de desempenho apenas para o Brasil, regiões e unidades da Federação.

ANRESC (Avaliação Nacional do Rendimento Escolar - Prova Brasil) - avalia as habilidades em Língua Portuguesa (foco na leitura) e em Matemática (foco na resolução de problemas). É aplicada somente a estudantes de 4ª série/5º ano e 8ª série/9º ano de escolas da rede pública de ensino com mais de 20 estudantes matriculados por série-alvo da avaliação. Tem como prioridade evidenciar os resultados de cada unidade escolar e, por ser universal, a Prova Brasil expande o alcance dos resultados oferecidos pela Aneb. Fornece médias de desempenho para o Brasil, regiões e unidades da Federação, para cada um dos municípios e para as escolas participantes.

PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) - é um projeto comparativo de avaliação destinado a avaliar aptidões e competências comparáveis internacionalmente. O público-alvo são estudantes de quinze anos de idade, fase em que, na maioria dos países, os jovens terminaram ou estão terminando a escolaridade mínima obrigatória. As avaliações do PISA abrangem os domínios de Leitura, Matemática e Ciências, numa apreciação ampla dos conhecimentos, habilidades e competências inseridos em diversos contextos sociais. É aplicada a cada três anos.

Para maiores informações acesse: http://portal.inep.gov.br/pisa-programa-internacional-de-avaliacao-de-alunos. Acesso em: 19 de fev. 2012.

E também: http://www.pisa.oecd.org. Página em inglês. Acesso em: 19 de fev. 2012.

SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) – é um sistema de avaliação externa e tem o objetivo de realizar um diagnóstico do sistema educacional brasileiro e de alguns fatores que possam intervir no desempenho dos alunos, fornecendo um indicativo sobre a qualidade de ensino que é ofertado. As informações produzidas visam subsidiar a formulação, reformulação e o monitoramento das políticas na área educacional nas esferas municipal, estadual e federal, contribuindo para a melhoria da qualidade, equidade e eficiência do ensino. O SAEB é composto por duas avaliações complementares: Aneb e a Anresc (Prova Brasil). É aplicado a cada dois anos.

Para maiores informações acesse: http://provabrasil.inep.gov.br/. Acesso em: 19 de fev. 2012.

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