Licitações
Tese: Licitações. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Pedro_Lopes • 14/1/2014 • Tese • 1.322 Palavras (6 Páginas) • 177 Visualizações
Renovação forçada
Professor da Dom Cabral reafirma a importância de preparar os gestores públicos para receber um novo perfil de profissional
Caroline de Freitas
REVISTA MELHOR, Edição 305, 2013.
Apesar dos esforços empreendidos na melhoria da gestão de pessoas no setor público, ainda há um longo caminho a ser percorrido para equiparar essas ações às melhores práticas do setor privado. Nessa batalha, alguns desafios permanecem, como a descontinuidade das políticas e dos compromissos em função da troca de cadeiras no cenário político. Outros tomaram novas formas, como é o caso da promoção de cursos e ações voltados ao desenvolvimento de líderes. "Além de preparar novas gerações, precisamos preparar os gestores, aqueles que vão receber esses profissionais", afirma o professor e pesquisador da Fundação Dom Cabral (FDC) Ricardo Carvalho. Segundo ele, se isso não ocorrer haverá um grande choque cultural entre as gerações que desmotivará os jovens profissionais a se manter nos cargos públicos.
Em entrevista exclusiva à MELHOR, o professor ainda faz uma análise da gestão das empresas públicas, ressalta o papel do RH e adianta que o cidadão brasileiro tem tomado a iniciativa de cobrar mais uma boa gestão no setor público. "Passou de um mero espectador para ser aquele que cobra os resultados", sinaliza.
MELHOR - Quais são as diferenças no que se refere à gestão de pessoas na esfera pública e no setor privado?
Carvalho - Há algo muito importante e diferente do setor privado que é a missão pública, o dever público. Se em uma empresa privada o intuito é satisfazer as expectativas dos acionistas, na gestão pública o foco está no cidadão. Outro ponto de distinção do público e privado é o recrutamento dos profissionais. No setor público, a seleção acontece por meio do concurso público e não sofre as ingerências que existem no setor privado, já que o recrutamento de seleção é baseado em uma competência técnica. Há diferença, ainda, na própria formação. Atualmente, temos cursos voltados para quem pretende seguir carreira no setor público. Trata-se de uma grande evolução, pois um jovem recém-saído do ensino médio pode, se quiser, optar por uma formação voltada para a área de gestão pública. Ele entrará no Estado já com uma formação de qualidade.
E os pontos em comum?
O que se coloca hoje, tanto na gestão pública quanto no setor privado, é como lidar com os jovens - a chamada geração Y. Isso porque se trata de profissionais diferentes, com visão clara de carreira, inseridos em um novo contexto de trabalho, onde o capital humano é valorizado e a tecnologia norteia boa parte das ações - muitas vezes isso não "combina" com a cultura da gestão pública. Isso também acontece na empresa privada, mas ela é muito mais ágil nas ações de retenção. O setor público precisa investir mais nesse aspecto e estudar mais as necessidades desses jovens, para não perdê-los.
Esse seria, portanto, o maior desafio que o gestor de pessoas enfrenta nessa esfera?
Sim, mas há outro desafio, que é perene, e se refere às variáveis políticas da gestão pública, como a descontinuidade das políticas dos compromissos e de algumas ações em função da troca de dirigente. Ainda temos um longo caminho pela frente, mas essa questão já tem melhorado. Todos os gestores públicos estão hoje vinculados a projetos internacionais de linha de financiamento de crédito e suas gestões passam por um controle de auditorias nacionais e internacionais. E mesmo havendo uma percentagem de desvio de rota, há cada vez mais transparência nas ações em função da consolidação do processo democrático, da liberdade de imprensa e da consciência do próprio cidadão brasileiro. Ele começou a assumir o papel de cidadão pleno, responsável pela gestão. Passou de um mero espectador da cena pública para ser aquele que cobra os resultados. É o avanço da cidadania, com vários agentes em campo atuando junto no processo de fiscalização consciente.
Então, a gestão pública já começa a não se deixar influenciar tanto com a mudança dos governantes?
Ainda há muita influência, mas a expectativa é que ao longo dos anos isso mude. Um presidente ou um ministro, por exemplo, tem de estar preocupado com as questões da comunidade, do coletivo e não com as questões privadas. Infelizmente, a política de uma maneira geral no mundo e no nosso país está muito desvalorizada: temos de voltar a discutir a política que fala dos interesses comuns do cidadão, do Estado. Senão o Estado vai desaparecer. Não tem sentido você colocar a empresa para governá-lo. Esse é um modelo esquizofrênico. Eu sou a favor da revalorização da dimensão política, com todas as letras e a Política com "p" maiúsculo.
Em se tratando de progressos no setor público, pela primeira vez o Brasil passou a ter mais de mil gestores públicos na ativa. Como o senhor analisa esse quadro?
Houve uma melhora significativa na formação
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