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Língua Brasileira De Sinais / Libras

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Por:   •  5/6/2014  •  2.204 Palavras (9 Páginas)  •  839 Visualizações

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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

TEMÁTICA DA SURDEZ EM SEUS ASPECTOS MÉDICO, CULTURAL E SOCIAL E SOBRE A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS E A CULTURA SURDA.

No Brasil, a comunidade surda registrou em sua trajetória, lutas, realizações, frustrações, sucessos e fracassos. Algumas dessas batalhas aconteceram na tentativa de que fossem cumpridas as determinações postas na legislação vigente. Tudo para que essa clientela tivesse seus direitos atendidos e ao mesmo tempo fizesse com que os professores, alunos e a sociedade em geral tivessem um novo olhar para esses sujeitos, ou seja, que fossem respeitados os seus direitos “de cidadãos e que a surdez seja entendida não como uma doença, mas como uma diferença, uma característica do sujeito surdo (identidade); por meio do qual apresentam uma cultura e uma língua própria do ser surdo.” (Perling, G. Identidades surdas. In SLLIAR, C. (ORG.) p.188.

A surdez pode ser definida por vários pontos de vista: ponto de vista médico, educacional ou cultural.

Em termos médicos, temos a surdez em níveis do ligeiro ao profundo. É também classificada de deficiência auditiva ou hipoácusia. No ponto de vista educacional, surdez refere-se à incapacidade da criança aprender a linguagem por via auditiva. Em termos culturais, a surdez é descrita como uma identidade cultural, partilhada entre indivíduos surdos ou com perda auditiva. Existe então a dificuldade para se incluir na sociedade de modo geral, no caso, o fato de não estarem ligados ao mundo ouvinte.

Não há uma teoria que comprove uma relação de comprometimento entre o biológico, o social e o cognitivo. A falta de linguagem oral não exclui esse sujeito do âmbito social, contudo o mesmo precisa ser olhado coma pessoa normal como de fato é, e precisa ser respeitado em suas diferenças, pois entre outras palavras não foi provado que a falta de audição provocasse comprometimento irreversível das estruturas cognitivas. Ele tem sim uma limitação em um dos seus sentidos, no caso o sentido auditivo, que de fato é um dos sentidos de maior importância, sem menosprezar os demais, principalmente no aprendizado fazendo referência à expressão oral humana que sem dúvida tem um valor inestimável na interação do sujeito social como membro da sociedade.

A defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas com deficiência é atitude recente em nossa sociedade, manifestando-se através de medidas isoladas de indivíduos ou grupos. A conquista e o reconhecimento de alguns direitos dessas pessoas, e dentre esses estão os surdos, são registrados como elementos integrantes de políticas sociais, a partir de meados do século passado.

Além da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a partir dos anos noventa, novos formas de interpretação da questão da desigualdade e do acesso das camadas populares a bens e serviços começaram a ficar mais definidas. Outros documentos internacionais como a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990), a Declaração de Salamanca (1994) e a Convenção de Guatemala (1999), passaram, então, a influenciar no Brasil a elaboração de leis e ações relacionadas às políticas públicas de educação inclusiva.

Na década de 1980, no Brasil, foram iniciados os estudos lingüísticos sobre a Língua brasileira de Sinais e em 24 de abril de 2002, através da Lei n. 10.436, a Libras foi reconhecida como o Sistema lingüístico das comunidades de pessoas surdas do Brasil.

Posteriormente e através do decreto n. 5.626/2005 foi reconhecido o direito dos surdos a educação bilíngüe, reconhecendo a influencia da Língua de Sinais e da cultura surda, da formação do professor e instrutor de Libras. Sem dúvida, esse foi um momento ímpar na história da educação de Surdos no Brasil, pois ele aponta para a necessidade de a Libras estar presente no cotidiano escolar das pessoas surdas. Para que isso se concretize, necessário se faz que as instituições de ensino superior formem profissionais capacitados, adotando uma política lingüístico-educacional de formação do futuro professor, através de mudanças no currículo nos cursos de Pedagogia e de licenciaturas em geral. Essas medidas viabilizam um contexto bilíngüe para os surdos, à medida que considera a Libras como primeira língua (L1) e a língua Portuguesa como segunda língua (L2).

As peculiaridades na educação do surdo devem ser consideradas e respeitadas, como parte integrante de uma política educacional inclusiva que garanta a TODOS o direito à educação.

Esse reconhecimento tem grande significado para a comunidade surda, pois além de fortalecer sua cultura e identidade, constituí-se um marco histórico na luta dos direitos humanos das pessoas surdas no país.

Compreende-se que a inclusão da forma como está posta tem possibilitado a um número significativo de surdos o acesso à escola, no que corresponde ao espaço físico, o que logicamente é uma grande conquista, mas por outro lado é fácil constatar que eles continuam sem acesso à educação. Os surdos permanecem amargando o constrangimento de estarem em uma sala de aula – palco por excelência da aprendizagem – alheios ao saber que circula nesse espaço. Por isso, constantemente, depara-se com relatos de surdos que militam em prol da inclusão social, mas rejeitam a inclusão educacional no modelo desenhado.

Uma das maiores barreiras constatadas na inserção de alunos surdos em sala de aula regular diz respeito ao tipo de comunicação predominantemente usada nesses ambientes – a comunicação oral – no nosso caso através da língua portuguesa. Entende-se que o surdo tem uma especificidade lingüística e que esta faz de sua inserção no âmbito educacional uma situação peculiar, diferente daquela geralmente vivenciada por alunos com outras necessidades educacionais específicas, a exemplo da pessoa com deficiência intelectual, visual, motora, dentre outras. Nesses casos, a língua oral lhes é devidamente acessível, logo, o processo de ensino aprendizagem não sofre interferência devido à modalidade da língua em uso, não é atravessado por uma comunicação truncada e fragmentada como geralmente ocorre com a pessoa surda.

As Leis trouxeram muitos avanços na teoria, mas infelizmente na prática percebe-se estar longe de uma situação favorável, a verdadeira inclusão do deficiente auditivo. Vale ressaltar que as políticas públicas de educação inclusiva garantem o direito a todo cidadão brasileiro a uma educação plena e significativa. Entretanto, é preocupante saber se a escola regular, no atual contexto em que vivem os surdos no Brasil, está sendo significativa.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB n.9394/1996) estabelece que os sistemas de ensino devem assegurar, principalmente professores especializados ou devidamente capacitados que possam atuar com qualquer pessoa especial na sala de aula. Por esta lei, o professor deveria ser o responsável por mediar e incentivar a construção do conhecimento do aluno surdo, através da sua interação com os alunos e do desenvolvimento de práticas e estratégias pedagógicas que atendam estes alunos em suas necessidades. No entanto, a grande maioria dos professores continua ministrando suas aulas com uma perspectiva tradicional, pois é sabido que não é tarefa simples planejar atividades diferenciadas e adequá-las a cada aluno com necessidades educacionais especiais e que também por muitas vezes o Educador não esta preparado emocionalmente para lidar com esse tipo de situação, sendo que em virtude disso, não existe uma mudança didático-metodológica para atender às necessidades pedagógicas deste aluno.

A esse respeito, é interessante refletir que escola inclusiva não é sinônimo de escolar regular, pois a escola passa a ser inclusiva quando se constituí significativa, possibilitando que a aprendizagem efetivamente aconteça.

Percebe-se então que o sistema “impõe” o processo de inclusão, mas não oferece condições para que o mesmo ocorra efetivamente. A maioria das escolas não esta preparada para receber um aluno com necessidades educacionais especiais. Oferecer alternativas que contemplem as diferenças, além de recursos de ensino e equipamentos especializados que atendam a todas às necessidades educacionais dos alunos, com e sem deficiências, mas sem discriminação, é indispensável.

Aliada ao despreparo das escolas esta o despreparo da maioria dos professores em receber um aluno deficiente. A situação provoca reações diversas que questionam tanto a disponibilidade física (estrutural e ambiental) e educacional (curricular e humana) da escola em atendê-lo como os próprios valores pessoais e individuais dos educadores, que leva o indivíduo perceber por si só que não está preparado para enfrentar esse tipo de condição. Desde a falta de preparo, quanto ao desconhecimento da cultura surda e até mesmo ao grande número de aluno em uma sala de aula, dificultando assim um atendimento individualizado ao deficiente auditivo causando grande insegurança ao Educador.

O auxílio de um intérprete é indispensável. Este deve conhecer a cultura surda, com a LBS (Libras) e atuar como elo entre o aluno surdo e os alunos ouvintes e cabe a ele também acompanhar o desempenho e identificar as suas dificuldades juntamente ao professor para que possa comunicar-se e auxiliar no processo de ensino aprendizagem.

ATIVIDADES POSSÍVEIS DE SEREM OFERECIDAS NAS SALAS REGULARES QUE COMTEMPLEM O APRENDIZADO PARA O ALUNO DEFICIENTE AUDITIVO.

Para que o professor promova processos de ensino e aprendizagem para os alunos surdos, o ideal é que se busque fazer a integração entre alunos surdos e ouvintes e que os alunos surdos além de integrados pudessem realmente ser incluídos.

Dentre as estratégias possíveis de serem utilizadas, podemos citar:

- Senta-lo próximo ao professor; a pista visual é muito importante e auxilia a criança a entender o conteúdo que esta sendo trabalhado;

- Não posicioná-lo de frente para a janela para que a leitura orafacial não seja dificultada pela claridade; lembrando que as mensagens faciais e corporais estão sendo captadas constantemente;

- Utilização de material concreto para facilitar a compreensão da linguagem oral;

- Falar sempre de frente e em ritmo natural, nem muito rápido, nem muito devagar, permanecendo no campo visual do aluno;

- Nos usuários de aparelho de amplificação sonora individual, da mesma forma que os sons da fala são amplificados, o ruído também é; portanto, ações como colocação de feltros nos pés das mesas e cadeiras, presença de vasos e varais da classe auxiliam na sua diminuição, reduzindo a reverberação;

- Estimular os colegas a conversar com o portador de deficiência auditiva. È o grau de receptividade demonstrado que irá traçar para ela o caminho para uma auto-estima elevada.

A partir destes modelos de atividades, podemos fazer adaptações conforme o conteúdo trabalhado. Essas adaptações são feitas apenas com ilustrações (método visual).

ilustrações

PERCEPÇÕES E CONSIDERAÇÕES SOBRE A INSERÇÃO DA CRIANÇA SURDA EM CLASSE DE CRIANÇAS OUVINTES.

Para a aceitação das diferenças não basta que os currículos sejam adaptados, os professores capacitados ou que haja uma equipe de especialistas na unidade escolar; antes de qualquer coisa é necessária uma mudança interna e individual. È preciso que as pessoas aceitem a diversidade naturalmente, para que suas atitudes e paradigmas sejam modificados na mesma forma.

O aluno com perda auditiva, assim como os demais que apresentam necessidades educacionais especiais, sente na pele as falhas do sistema. Na escola são depositados e com muita sorte podem encontrar um docente sensibilizado, responsável e comprometido que busque por ele mesmo, preencher as lacunas apresentadas por esse processo – que ocorrem desde o momento de sua formação acadêmica.

A partir do momento em que os educadores têm consciência da sua importância no processo da inclusão e como algumas atitudes simples podem auxiliar o desenvolvimento desse aluno, passam a agir como agentes multiplicadores. O trabalho de formação continuada possibilita diminuição da ansiedade e da insegurança dos professores e gestores educacionais.

Dentre aqueles que são favoráveis ou contrários a inclusão dos alunos, estes últimos afirmam que não são meramente contra a inclusão, mas que buscam refletir sobre as ações praticadas que têm servido de barreiras para que haja uma inclusão educacional efetiva, entendendo que as peculiaridades na educação do aluno surdo devem ser consideradas e respeitadas, como parte integrante de uma política educacional inclusiva que garanta a TODOS o direito à educação.

Para isso é necessário que a escola crie espaços para que a pessoa surda possa manifestar-se culturalmente, nas suas formas particulares de expressão. Escola para surdos, regular ou inclusiva? Não importa, a luta consiste, tão somente, em uma escola que reflita a situação sociolingüística e histórica desses sujeitos, propiciando-lhes uma aprendizagem significativa com reais condições para tal.

Referências

______Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1.996 – Presidência da república.

______Lei n. 10.436 de 24 de abril de 2002 .

Decreto n. 5.626 de 22 de dezembro de 2005 – Presidência da República

http:libraseducandosurdos.blogspot.com

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LOPES, M. C. A natureza educável do surdo: a normalização surda no espaço da escola de surdos. IN: THOMA, A. S.; LOPES, M.C. (Org.) A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005.

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STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008.

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