MEMORIAL DESCRITIVO DO PROJETO INTERDISCIPLINAR: DESIGN DE MODA & CULTURA BRASILEIRA

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BACHARELADO EM DESIGN DE MODA

PROJETO INTERDISCIPLINAR - 4o PERÍODO

MEMORIAL DESCRITIVO DO PROJETO INTERDISCIPLINAR:
DESIGN DE MODA & CULTURA BRASILEIRA

Profª Orientadora: Adriana Martinez

Discentes: Ana Flavia Bertagna, Angela Cristina Godio, Cristiane Soares, Dominiquea Nogueira, Isabella Bassanelli, Juliana Tolentino, Virgínia Santos

Resumo: Este artigo apresenta o desenvolvimento de uma minicoleção que visa atender ao público plus size masculino, uma vez que acaba sendo mascarado pela mídia. Por meio de pesquisas de campo, foram levantadas as reais necessidades deste público desencadeando processos que resultaram na composição de quatro (4) looks para o uso cerimonial. Todas as peças foram pensadas para se adaptar ergonomicamente ao corpo estudado e levaram em conta estudos de resíduos mínimos (Low waste). Deste modo, o projeto interdisciplinar IV teve o objetivo da compreensão do papel do designer como mediador simbólico da cultura na qual está inserido.

Palavras-chave: Minicoleção; plus size; cerimonial; low waste; cultura.

 

1. Contextualização              

O conceito de cultura, no ponto de vista antropológico, engloba os padrões de comportamento, as crenças, os valores, os conhecimentos e os costumes que caracterizam um grupo social e, mais do que isso, que fazem com que cada membro de um mesmo grupo interprete o mundo de um modo mais ou menos parecido.

"A cultura, que consiste num conjunto de valores e crenças vivos, dinâmicos, do qual o indivíduo participa ativamente. Os homens são, ao mesmo tempo, construídos pela sua cultura e construtores dela." (CALBUCCI; ROCHA. 2010, p.05)

Segundo Alfredo Bosi (1992) e Calbucci e Rocha (2010) para compreender a cultura brasileira não podemos denominá-la como de caráter homogêneo, na qual há uma matriz dos nossos comportamentos e sim pela sua pluralidade resultado de diversos fatores – geográficos, históricos, sociais. Há, como em qualquer outro país, a mistura de elementos culturais e, pela sua dimensão territorial, há formação de regionalismos e consequentemente o desenvolvimento de microculturas, assim como a miscigenação étnica, que associada à chegada de imigrantes em vários momentos da história torna a cultura brasileira uma junção de crenças, hábitos e valores.

Pode-se dizer que a cultura brasileira foi moldada a partir de três principais povos que consequentemente trouxeram parte de seus elementos culturais: os africanos, indígenas e os portugueses, estes últimos que tiveram domínio no início da cultura brasileira. Nota-se, historicamente, que o Brasil sempre recebeu influências estrangeiras e atualmente isso não é diferente, apenas adota de outras fontes.

 Assim, o Brasil foi submetendo-se no decorrer da história a imposições culturais de povos economicamente superiores e detentores dos meios produtivos - estes que possuem interesse de uma padronização cultural para a ampliação e dominação de um mercado consumidor como garantia de aumento de lucros – cede por um estilo de vida estrangeiro.

A importação de modelos globais, em todas as dimensões da vida humana, pulveriza a dimensão simbólica, de forma violenta, transformando os modos de produção, de hábitos, de valores, e outros, promovendo um desenraizamento cultural, gerando um mundo de incertezas e de riscos produzidos, o qual se desdobra na perda da liberdade e da identidade humana. (ANDRADE; BOSI, 2003, p.118)

Desse modo, vale notar que Brasil sempre regressou aos ideais europeus, só mais tarde, em meados da década de 1960, que aderiu o famoso “American Way of Life” (port: estilo de vida americano – slogan viralizado principalmente durante a Guerra Fria). Os elementos norte-americanos, tais como o rock, surf, Coca-Cola e principalmente o "fast-food", foram introduzidos no estilo de vida cada vez mais acelerado dos brasileiros e posteriormente pela imersão na era tecnológica digital, que fez com que se preferisse a praticidade do que a perca de tempo ao preparar o seu alimento.     

Esse ritmo de vida começou a ser modificado em meados de 1950, onde, segundo Denise Sant’Anna (2016) as compras feitas em feiras com comerciantes locais, alimentos orgânicos e saudáveis diminuíram após a inauguração do primeiro supermercado em São Paulo, que oferecia comidas industrializadas e de fácil preparo.

A adaptação a esse tipo de alimento contribuiu para a entrada dos “fast-foods” norte-americanos no Brasil. Essa categoria de empresa alimentícia satisfaz algumas das necessidades do consumidor, como comer rápido, com um preço acessível e com o sabor bom. O consumo em excesso de carboidrato e sódio acabam sendo prejudiciais à saúde. Consequentemente, esse jeito americano de comer trouxe consigo também o sobrepeso. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS)^[1], cerca de 60% das pessoas com mais de 18 anos não estão bem com a balança e, ainda, desse grupo, 20% já são consideradas obesas.

É possível dizer que a epidemia global de sobrepeso e obesidade (termo da OMS) está ligada ao estilo de vida nos séculos 20 e 21, especialmente em relação aos hábitos alimentares. Os dados abaixo vêm da pesquisa Vigitel de 2014: o padrão de consumo de alimentos dos brasileiros não está favorecendo a manutenção do peso ideal. Especialistas chamam a atenção para a “dieta ocidental”, rica em gordura e açúcar, que vai se disseminando pelo mundo. Alimentos processados, frituras, doces e bebidas adoçadas vêm ocupando muito espaço na alimentação das pessoas e são os grandes responsáveis, não somente pelo sobrepeso, mas também pelo maior risco de se morrer jovem, como aponta estudo divulgado na  American Journal of Medicine em 2013. (DUCROQUET; MENEZES; TONGLET, 2016, página da web)