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Malária, doença veiculada ao mosquito

Por:   •  1/11/2016  •  Artigo  •  2.400 Palavras (10 Páginas)  •  280 Visualizações

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Malária grave em Cuidados Intensivos

Severe malaria in the intensive care unit

Helena Estrada*, Isabel Miranda**, Mª. José Ferrão**

*Assistente Graduada de Medicina Interna

** Assistente Graduada de Anestesiologia

Unidade de Cuidados Intensivos Polivalente (UCIP), Hospital de Santo António dos

Capuchos, Lisboa

Recebido para publicação a 03.07.02

Resumo

Objectivo: Rever o perfil clínico e terapêutico dos doentes com malária grave admitidos numa

unidade de cuidados intensivos (UCI).

Tipo de estudo: Retrospectivo.

População: Nove doentes com malária a Plasmodium falciparum admitidos entre Agosto de

1991 e Julho de 2001 na UCI do Hospital de Santo António dos Capuchos (HSAC).

Resultados: As complicações mais frequentes foram as manifestações neurológicas, a

síndroma de dificuldade respiratória aguda (SDRA) e a insuficiência renal aguda. A

ventilação mecânica foi utilizada em cinco doentes, a prótese renal em dois e as aminas

vasopressoras em três doentes. Faleceram dois doentes (22.2%).

Conclusões: A malária a Plasmodium falciparum é uma doença potencialmente fatal, pelo

que os factores de risco e os critérios para admissão em UCI devem ser identificados. A

presença de disfunção de órgão, nomeadamente de manifestações neurológicas, insuficiência

renal e respiratória deverão ser consideradas como indicação para internamento em cuidados

intensivos.

Palavras chave: Malária, Plasmodium, falciparum, SDRA, Insuficiência Renal, UCI

Abstract

Objective: To review the clinical profile and therapy instituted for patients with severe

malaria admitted to an intensive care unit (UCI).

Design: retrospective study.

Population: Nine patients with Plasmodium falciparum malaria admitted between July 1991

and August 2001 to the ICU of Santo António dos Capuchos Hospital (HSAC).

Results: Cerebral symptoms, acute respiratory distress syndrome (ARDS) and renal failure

were the most frequent complications. Mechanical ventilation, dialysis and vasoactive support

were necessary in five, two and three patients respectively. Mortality rate was 22.2% (2

patients).

Conclusion: As Plasmodium falciparum malaria is a potentially life-threatening disease, risk

factors should be identified and reliable criteria for ICU admission defined. The presence of

organ failure: cerebral symptoms, renal and/or respiratory failure should be considered

indications for intensive care admission.

Key words: Malaria, Plasmodium falciparum, ARDS, Renal Failure, ICU

Introdução

A malária é a infecção parasitária mais importante do mundo, estimando-se a sua incidência

em 300 a 500 milhões de novos casos por ano, com uma mortalidade anual de 1,5 a 2,7

milhões de doentes.

O aumento das deslocações para áreas endémicas, a falta de imunidade, o uso inadequado de

medidas profilácticas, a crescente resistência dos plasmódios aos antimaláricos, do mosquito

vector a vários insecticidas e o atraso no diagnóstico e terapêutica da doença, são factores que

têm contribuído para um aumento dos casos de importação de malária com formas graves e

por vezes fatais.

Nos casos graves, apesar dos avanços na prestação de cuidados intensivos e do tratamento

antimalárico, a mortalidade ainda é de cerca de 20%, nos países desenvolvidos, podendo

atingir 80% nos que cursam com síndroma de dificuldade respiratória do adulto (SDRA)1

.

Os dados disponíveis relativos a casos de malária em UCI são escassos, porque a doença

ocorre geralmente em países tropicais e subtropicais que têm graves carências neste tipo de

unidades. Neste artigo pretende-se rever o perfil clínico e a abordagem terapêutica dos

doentes com malária admitidos numa UCI.

Material e métodos

Os processos clínicos dos doentes com malária admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos

Polivalente (UCIP) do HSAC, de Julho de 1991 a Agosto de 2001, foram analisados

retrospectivamente.

Para definir malária grave ou complicada, foram utilizados os critérios da Organização

Mundial de Saúde (OMS) de 19902

que incluem, na presença de formas assexuadas de

Plasmodium falciparum no sangue, um ou mais dos seguintes: 1) Coma (score de Glasgow

=8) e/ou convulsões; 2) Anemia grave (hemoglobina <5g/dl ou hematócrito <15%); 3)

Insuficiência renal aguda (creatinemia >3 mg/dl) ou oligúria (diurese <400 ml/24 horas); 4)

Hipoglicemia (glicemia <40 mg/dl); 5) Acidemia (pH arterial <7,25) ou acidose (bicarbonato

sérico <15 mmol/L);

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