Manifestações Populares No Brasil
Tese: Manifestações Populares No Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 6/11/2014 • Tese • 2.070 Palavras (9 Páginas) • 216 Visualizações
1 O QUE AS MANIFESTAÇÕES POPULARES QUEREM DIZER
O grupo da libertação e a Igreja da libertação sempre mantiveram viva a memória antiga do ideal da democracia, presente nas primeiras comunidades cristãs até o século segundo pelo menos. Repetia-se o refrão clássico: ”o que interessa a todos, deve poder ser discutido e decidido por todos”. E isso funcionava até para a eleição dos bispos e do Papa. Depois se perdeu esse ideal nas nunca foi totalmente esquecido: o ideal democrático de ir além da democracia delegatícia ou representativa e chegar à democracia participativa, de baixo para cima, envolvendo o maior número possível de pessoas, sempre esteve presente no ideário dos movimentos sociais, das comunidades de base, dos Sem Terra e de outros.
Mas nos faltavam os instrumentos para programar efetivamente essa democracia universal, popular e participativa. Eis que esse instrumento nos foi dado pelas redes das várias mídias sociais. Elas são sociais, abertas a todos. Todo agora tem um meio de manifestar sua opinião, agregar pessoas que assumem a mesma causa e promover o poder das ruas e das praças.
O sistema dominante ocupou todos os espaços. Só ficaram as ruas e as praças que por sua natureza são de todos e do povo. Agora surgiram a rua e a praça virtuais, criadas pelas mídias sociais. O velho sonho democrático segundo o qual o que interessa a todos, todos tem direito de opinar e contribuir para alcançar um objetivo comum, pode em fim ganhar forma.
E agora mostram no Brasil que são os veículos adequados de revindicações sociais, sempre feitas e quase sempre postergadas ou negadas: transporte de qualidade (os vagões da Central do Brasil tem quarenta anos), saúde, educação, segurança, saneamento básico. São causas que tem a ver com a vida comezinha, cotidiana e comum à maioria dos mortais. Portando, coisas da Política em maiúsculo.
Nutro a convicção de que a partir de agora se poderá refundar o Brasil a partir de onde sempre deveria ter começado, a partir do povo mesmo que já se encostou aos limites do Brasil feito para as elites. Estas costumavam fazer políticas pobres para os pobres e ricas para os ricos. Essa lógica deve mudar daqui para frente.
Problemas globais exigem soluções globais. Soluções globais pressupõem estruturas globais de implementação e orientação. O Brasil pode ser um dos primeiros nos quais esse inédito viável pode começar a sua marcha de realização. Dai ser importante não permitirmos que o movimento seja desvirtuado. Música nova exige um ouvido novo.
Todos são convocados a pensar este novo, dar-lhe sustentabilidade e faze-lo frutificar num Brasil mais integrado, mais saudável, mais educado e melhor servido em suas necessidades básicas.
2 JUSTIÇA SOCIAL NO BRASIL
Um povo só se torna realmente justo quando conhece, de forma clara e objetiva, o real significado da palavra justiça.
Infelizmente, o princípio de justiça ainda não é muito bem compreendido pelo povo brasileiro. O problema é que, na Língua Portuguesa, a palavra justiça também é utilizada para referir-se a órgãos do Setor Judiciário, (Justiça do Trabalho, Justiça Federal, Justiça Internacional, etc...). Essa duplicidade na linguagem ajuda a confundir os cidadãos menos esclarecidos. Já é hora de os brasileiros saberem que a palavra justiça refere-se, antes de tudo, a um princípio de equidade, de igualdade proporcional; um princípio de sabedoria que deveria ser utilizado pelo Governo em todas as áreas e principalmente pelo Poder Judiciário.
Os brasileiros ainda não entenderam a importância socioeconômica de se levar a sério o princípio de justiça. A maioria dos cidadãos conhece apenas duas situações: ser beneficiado ou ser prejudicado. Infelizmente, a Educação brasileira não nos ensinou a discernir estes extremos e a adotar situações intermediárias. É no ponto médio, entre o benefício e o malefício, que encontramos o que é justo para todos.
Em linhas gerais, ser justo é não oprimir nem privilegiar, não menosprezar nem endeusar, não subvalorizar e tampouco supervalorizar. Ser justo é saber dividir corretamente sem subtrair e sem adicionar (sem roubar ou subornar). Ser justo é não se apropriar de pertences alheios e dar o correto valor a cada coisa e a cada pessoa. Ser justo é estabelecer regras claras sem dar vantagem para uns e desvantagem para outros. Ser justo é encontrar o equilíbrio que satisfaz ou sacrifica, por igual, sem deixar resíduos de insatisfação que possam resultar em desforras posteriores.
A ausência de uma boa educação, nesse sentido, tem propiciado comportamentos extremistas (ora omisso, ora violento) por parte da maioria dos cidadãos. Observe que até pouco tempo a maioria dos brasileiros preferia se calar mesmo diante das inúmeras explorações do nosso dia-a-dia. O maior problema, conseqüente desse tipo de comportamento surge com o decorrer do tempo. A falta de diálogo, para se estabelecer o que é justo e correto, faz o cidadão prejudicado se cansar de ser omisso e partir pra violência (ir direto ao outro extremo). Essas reações têm acontecido até mesmo entre parentes e vizinhos. Por isso, precisamos nos reeducar. Os cristãos, em especial, precisam ensinar ao povo o que é justo e correto para que os cidadãos não se tornem omissos e saibam estabelecer o diálogo ao perceber toda e qualquer injustiça. Se cultivarmos um padrão de comportamento realmente justo, ninguém acumulará motivos para se tornar infeliz, desleal, subornável ou violento.
Em todos os casos de injustiças (profissionais, comerciais, de relacionamento etc.) a pessoa prejudicada deve primeiramente ir até a pessoa injusta lhe pedir que corrija a injustiça. Se não surtir efeito deve levar pelo menos outra pessoa para que também dê testemunho (reclame) daquela injustiça. Se, apesar disso, a pessoa injusta não se corrigir, aí então deve levar o caso ao conhecimento das autoridades competentes para que elas determinem a solução. É muito importante entendermos que primeiramente deve haver duas tentativas de diálogo, só depois destas tentativas é que o caso deve ser entregue às autoridades.
Por outro lado, as autoridades precisam agir de maneira totalmente imparcial (sem se inclinar para nenhum dos lados), em respeito aos ensinamentos bíblicos que ordenam que: nem mesmo para favorecer ao pobre se distorça o que é justo,2 e que sempre se use o mesmo padrão de peso e de medida para qualquer pessoa, seja pobre, rico, analfabeto, doutor, mendigo, autoridade, etc... A sociedade precisa entender que é a prática correta do princípio de justiça que produz a paz social viabilizando a prosperidade de forma ordeira e bem distribuída.
A esperteza, a exploração e a má fé, são técnicas ilusórias que têm vida curta e acidentada. As instituições governamentais, empresas privadas e negócios pessoais, estabelecidos com injustiças, com espertezas, com explorações e má fé, são comparáveis a construções sobre areia porque desmoronam nos dias de tempestades (crises, pragas, acidentes, novas concorrências, etc.). Mas, os negócios estabelecidos de forma justa, com justiça nos preços, nos salários, nos serviços e nos relacionamentos em geral, são comparáveis a construções sobre rocha porque permanecem de pé mesmo depois de grandes tempestades.
Os políticos, poderosos, dizem que é, mas na minha concepção, nunca foi, pois, se fosse não haveria tanta desigualdade social, é justo que uma pessoa tenha e a outra não? Não, porem aqui no Brasil a minorias tem muito e a maioria tem pouco ou não tem.... Isso não é justiça social
3 ASPECTOS IMPORTANTES DAS MANIFESTAÇÕES POPULARES
Manifestações ajudam a crise da civilização? Uma crise implica em transformação, mas esta pode resultar num fortalecimento e não necessariamente num enfraquecimento. Podemos ser otimistas e ver isso como uma oportunidade de mudança. Mas nem toda mudança é para melhor. Você pode pensar que é melhor mudar qualquer coisa do que ficar parado. Na verdade o próprio capitalismo está continuamente mudando, ele nunca está parado, ele também é inquieto e impaciente. O que realmente precisa ser mudado pode ser mudado por manifestações de insatisfação popular? Nesse caso, eu concordo com a metáfora do Navio de Tolos. Essa manifestação parece ser bem mais do que uma simples expressão de revolta. Ela também expressa o desejo de uma parcela da população de se inserir num movimento global que ganhou popularidade na Internet. De uns tempos para cá, manifestantes tornaram-se personagens admiráveis. As pessoas querem ser como eles. Nessas manifestações existe uma revolta de consumidores frustrados, que ainda esperam algo do governo, que não perceberam que são escravos. Acreditam que são cidadãos livres, que estão defendendo seus direitos, e que vivem numa sociedade capaz de realizar a justiça.
A população brasileira é excessivamente passiva? A passividade pode se expressar de diversas formas. Limitar-se a manifestar suas opiniões também pode significar passividade em relação a outro modelo de ação significativa. O esforço diário para se adequar ao modelo social pode ser um tipo de ativismo. Um ativismo capitalista, mas ainda um ativismo. Novamente, o que interessa não é simplesmente colocar as coisas em movimento, mas compreender qual é a direção do movimento, porque na verdade as coisas já estão em movimento, e a aparente passividade é resultado de uma ilusão de ótica: quando tudo ao seu redor se move na mesma direção e velocidade que você, parece que você está parado. Mas você está se movendo, e alterar um pouco esse movimento pode gerar a sensação de que agora você está se movendo em direção a algo melhor, o que não é necessariamente verdadeiro.
Essas manifestações representam o começo de alguma coisa? Há anos ouço exatamente a mesma coisa. Parece que estamos sempre começando alguma coisa. Parece que algo mais concreto está acontecendo porque agora as pessoas estão saindo nas ruas e não fazendo ativismo de Internet. Mas qual a diferença? Pouco importa o meio, o principal é a mensagem. E a mensagem parece ser a mesma. Não tenho motivos para pensar que ela vai ser mais efetiva só porque uso cartazes ao invés de posts. A verdade é que a Internet já transformou nossa interação com a realidade. A lógica das redes ultrapassa as telas, e as ruas se tornam palcos de uma peça de teatro. O produto final continua sendo virtual. A realidade se tornou virtual, não importa onde você esteja, porque a realidade não está nas ruas assim como uma peça de teatro não é mais real que um filme.
4 O QUE OCORREU QUE O FOCO DAS MANIFESTAÇÕES SOCIAIS FOI DESVIADO
Os grandes articuladores dos ditos movimentos sociais é socialismo, e ele de fato tem sido desviado da alegada busca pela igualdade, pela justiça social. A ganância dos nossos políticos é o que prevalece, as negociatas e o enriquecimento ilícito, enquanto o discurso político da igualdade é usado para ganhar o apoio popular.
Atualmente os movimentos sociais representam por si sós grupos de pressão pela projeção que conseguem alcançar junto da opinião pública não tendo de recorrer a elites políticas para exercerem essa pressão junto do governo. O fenômeno da globalização e a revolução dos meios de comunicação permitiu aos novos movimentos sociais divulgarem a sua mensagem sem precisarem de apoios dos partidos políticos. Alguns teóricos afirmaram que na pós-modernidade já não existiam claras delimitações entre ideologias políticas, a denominada crise das ideologias, que as diferenças entre direita e esquerda se atenuaram significativamente e que cada vez são mais as pessoas que não se identificam nem com uma nem com outra dessas ideologias, não se ausentando no entanto do ativismo e da luta por causas sociais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho dispôs a pesquisar um tema que tem ganhado bastante relevância no mundo, em 2013 ocorreram diversas manifestações populares nas ruas de várias cidades brasileiras, iniciando o foco pela redução das tarifas do transporte coletivo. As reivindicações se ampliaram com maior número de pessoas e novas reivindicações surgiram, devido a forte repressão policial contra as passeatas, levando grande parte da população a apoiar as mobilizações.
Fazer manifestação foi a forma de o povo expressar a insatisfação com os serviços e gastos públicos, indignados com a corrupção política em geral.
No Brasil, os políticos muito usam a expressão “justiça social” dizendo que possuem a “fórmula mágica” para acabar com as desigualdades que atingem nosso país, fazendo com que o povo acredite neles, principalmente agora com o governo petista, considerado paternalista, ou seja, atende às necessidades do marketing governamental, o que traz resultados imediatos o suficiente para a conquista de votos nas eleições, levando a dependência do povo em relação ao Estado, como o bolsa família.
Portanto, também na política social da população de rua, “a democracia participativa é o caminho do futuro. Há que formar no povo a consciência constitucional de suas liberdades, de seus direitos fundamentais, de sua livre organização de poderes.” (BONAVIDES, 2005).
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