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Maquiavel

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Por:   •  6/1/2014  •  Tese  •  1.533 Palavras (7 Páginas)  •  286 Visualizações

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INTRODUÇÃO

"E como disse ter sido preciso, para que fosse conhecida a virtude de Moisés, que o povo de Israel fosse escravo no Egito; para conhecer-se a grandeza de alma de Ciro, que estivessem os persas oprimidos pelos medos e para conhecer-se o valor de Teseu, que os atenienses estivessem dispersos, assim, modernamente, desejando-se conhecer o valor de um príncipe italiano, seria preciso que a Itália chegasse ao ponto em que hoje se encontra. Que estivesse mais escravizada do que os hebreus, mais oprimida do que os persas, mais dispersa que os atenienses, sem chefe, sem ordem, batida, espoliada, lacerada, invadida, e que houvesse, por fim, sofrido toda espécie de calamidades..."

Deste modo, tendo ficado como sem vida, aguarda a Itália aquele que lhe possa curar as feridas e dê fim ao saque da Lombardia, aos tributos do reino de Nápoles e da Toscana, e que cure as suas chagas já há muito apodrecidas. Percebe-se que ela pede a Deus que lhe mande alguém que a redima de tais crueldades e insolências de estrangeiros. Vê-se mesmo, que se acha pronta e disposta a seguir uma bandeira, desde que exista quem a levante" ( O Príncipe, 1513 )

No final do século XV, início do século XVI, Cinco estados italianos, Nápoles, Milão, Veneza, Florença e o Estado Papal. Tentavam por todos os meios debilitar-se mutuamente e temiam submeter-se uns aos outros. Cidades voltadas para o comercio do Mediterrâneo e rivais na disputa do mercado externo. Cidades ricas e cultas, ativas e prósperas, mas desunidas, enfraquecidas militarmente, abertas à interferência estrangeira.

No resto da Europa iniciava-se o processo de formação dos grandes Estados Nacionais. A concepção medieval de um império europeu cristão, dirigido na parte temporal pelo imperador e na espiritual pelo papa, embora não desaparecesse, deixou de ter força.

O século XVI despontava sob o signo da formação das grandes nações, voltadas para uma política de exploração dos recursos internos, de encorajamento do comércio exterior, de desenvolvimento do poder central.

MAQUIAVEL E A CRIAçãO DE O PRíNCIPE.

Interessado nos problemas de seu tempo, Maquiavel participou ativamente da política de Florença. Tornou-se, segundo secretário da Chancelaria - uma espécie de ministério - da República de Florença durante o Governo de Piero Soderini (1498-1512). Tinha a seu cargo questões militares e de ordem interna. Realizou várias missões diplomáticas de importância, envolvendo a França, Alemanha, os Estados papais e diversas cidades italianas como Milão, Piza e Veneza.

Em 1512, a família dos Médicis recupera o poder perdido em 1494, quando se constitui a república florentina. Destituído de seu cargo, Maquiavel recolhe-se ao exílio voluntário.

Abandonando a ação, não se desinteressou da política. Ela esteve no centro de suas preocupações, refletida numa obra muito vasta. Em 1513, começa a trabalhar nos Discursos sobre a Primeira Década de Tito Lívio, uma análise da República romana, onde procura, nas experiências do passado, uma solução para os problemas da Itália contemporânea.

Da sua correspondência com o amigo Francesco Vettori, nasce a idéia de um novo livro. Interrompe a feitura dos Discursos, para escrever sua obra maior: O Príncipe (1513), dedicada o Lourenço de Médicis, antigo governante de Florença. Nela estão contidos os conhecimentos adquiridos e a experiência vivida. Disseca a formação e a conservação dos principados, o papel do governante supremo - o príncipe - sua capacidade de se manter no poder por recursos políticos ou pela força.

A CIêNCIA POLíTICA.

Maquiavelismo, na linguagem comum, é sinônimo de astúcia, perfídia, e maquiavélico é o individuo que não escolhe os meios para atingir os seus propósitos. Injusta homenagem ao escritor florentino, que nada mais fez do que sistematizar a experiência da formação dos grandes estados nacionais modernos e a situação concreta dos governantes que os criaram.

Todo seu trabalho visava a Itália. A aspiração do povo italiano, segundo ele era a unificação política, a criação de uma nação moderna poderosa. E o importante era realizar o desejado projeto, sob qualquer forma de Governo - monarquia ou república, e por quaisquer meios, inclusive a violência. Maquiavel considerava os fatores morais, religiosos e econômicos, que operavam na sociedade como forças que um governante hábil poderia utilizar para construir um estado nacional forte. Legítimo seria o Governo que realizasse a aspiração do povo. Assim, o príncipe deveria ser capaz de estender seu domínio sobre todas as cidades italianas, acabando de vez com a discórdia. Tal empresa só poderia ser levada a cabo com um exército nacional sob o comando supremo do príncipe que substituísse as precárias forças mercenárias.

Maquiavel morreu sem ver seu sonho realizado: a unificação da Itália só aconteceria no século XIX. Sua obra não foi capaz de transformar a realidade italiana. Mas, ao estudar a atuação dos homens do passado e de sua época e propor formas racionais de ação, mudou a política em ciência.

Niccolò Machiavelli

Enigmático é a palavra que podemos caracterizar o mestre na arte da política, Niccolò Machiavelli (1469-1527). Carregado dessa essência engendrou os alicerces de sua imagem que aos nossos dias denota um substantivo, "maquiavelismo" e um adjetivo, "maquiavélico". Atentemos para o destaque de Rubens Gomes de Souza :

"Quem pretende escrever honestamente sôbre Maquiavel desde logo vê como é difícil encontrar leitores cujos sentimentos e idéias já não tenham sido envenenados por algum cego preconceito contra o secretário florentino e a sua obra".

Contudo, nesse momento, não tenho comigo estudá-lo pela imagem, já que, na maioria das vezes a história denota a imagem que queremos ver e não a que queremos esconder. E, ressalte-se de passagem, o que Maquiavel

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