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Maquinaria Escola

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Por:   •  18/2/2014  •  1.739 Palavras (7 Páginas)  •  1.172 Visualizações

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SÁBADO, 6 DE MARÇO DE 2010

Resenha do texto: A Maquinaria Escolar de Julia Varela e Fernando Alvarez -Uria

SÉRIE PENSANDO - CIÊNCIA - RESENHAS.

15/11/2007

Aimê Miranda Lima*

Edson Borges Vicente* ¹

O texto aborda as condições sociais e históricas que permitiram o estabelecimento da escola como instituição “universal e eterna”. Para isso analisa o surgimento de instâncias fundamentais que favoreceram e legitimaram a escola nacional. Entre estas estâncias está a definição de um estatuto da infância.

Definição do estatuto da infância

Como primeira condição os autores apontam a definição do estatuto da infância. Para que pudessem freqüentar a escola que se tornou posteriormente obrigatória era necessário proibir o trabalho nos primeiros anos e legitimar a necessidade da educação pré-trabalho. A infância, como hoje a conhecemos, foi construída e forjada socialmente inicialmente pelos moralistas e homens da Igreja. Educar na infância e aí inclui o ensino religioso, foi o mecanismo desenvolvido pela a Igreja para a conservação de seus padrões morais e autoridade eclesiástica, em uma época em que estes eram freqüentemente questionados. Durante as intensas disputas envolvendo católicos e protestantes, nada poderia ser mais “natural” do que estabelecer seus dogmas nos indivíduos de tenra idade, a fim de proteger seus domínios. Esta educação tornava-se ainda mais fundamental aos príncipes e herdeiros que constituiriam a futura liderança das nações, que no contexto dos Estados absolutos determinaria a religião de todo o território. Já os filhos dos pobres, da população de classes econômicas inferiores, seriam alvo da caridade cristã, sendo instruídos e doutrinados nas práticas virtuosas, a fim de se tornarem bons cristãos e por conseqüência bons trabalhadores, submissos a seus mestres.

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Neste momento, a naturalização da infância será acompanhada por uma naturalização das classes sociais. Ambas se forjam juntas na compreensão de que diferentes qualidades de natureza exigem diferentes tipos de educação e são concebidos diferentes tipos de infância a partir das classes sociais.

Os infantes deveriam ser moldados por seus mestres para que suas almas e corpos fossem redimidos da sua natureza inclinada para o mal. A maleabilidade, a fragilidade, a rudeza e a fraqueza de juízo concebidas então como naturais nesta etapa da vida tornar-se-iam as características definitivas da meninice, legitimando a necessidade da educação, disciplina e formação. Esta, no entanto não será conceito formado instantaneamente, um longo e complexo processo se desencadeará no sentido de naturalizar e definir as características “inerentes” a cada etapa da juventude. Três influências serão definitivas neste processo: as instituições educativas, a família cristã e as práticas de recristianização. Por isso também, a reestruturação da família cristã de acordo com os “papéis” definidos pelos eclesiásticos será fundamental. A obediência dos filhos em troca do cuidado e vigilância dos pais, a naturalização do amor entre ambos, entre outras atribuições familiares serão enobrecidos pela Igreja e pelos padrões morais vigentes. Tais orientações praticadas e fundamentas ao longo dos anos resultará no século XVIII em uma “infância inocente razoável no que se refere às classes distinguidas”.

Em séculos anteriores, segundo Philippe Áries,a criança era um indivíduo que integrava a comunidade de forma participativa. Através da análise de um amplo material histórico, ele comprova que durante a Idade Média Infância e adolescência constituíam-se em uma mesma etapa. Apenas a partir do século XVIII serão diferenciadas as etapas da juventude o que também funcionará como um instrumento de dominação social

Destruição de outras formas de socialização

A instituição escola, para assentar-se enquanto local legítimo de transmissão de conhecimentos e saberes, precisou enfrentar outras formas de socialização e aprendizagem existentes. Nesse processo, houve uma gradativa desvalorização das outras“diferentes e relativamente autônomas com relação ao poder político” (p. 83). A aprendizagem e a formação não caminharão mais juntas a partir do deslocamento do processo de aprendizagem do trabalho e do cotidiano para a escola.

A oposição às instituições educativas medievais, pressuposto da escola jesuítica fez com a primeira fosse perdendo seu caráter grêmial e passasse a estar subjugada cada vez mais a um controle moral e uma abordagem individualizante. A escola passa a ensinar coisas desconectadas do cotidiano, “inúteis”.

Um fator importantíssimo nessa análise é que há uma perda de poderes dos estudantes, encarados agora como meros colegiais de acordo com Dunkeim citado pelos autores, em função da emergência de novas funções cabíveis ao professor, como coordenar e aplicar métodos pedagógicos, normalizar os colegiais e deter pra si o conhecimento que deveria ser passado aos mesmos. Os estudantes vêem-se diante do monopólio do conhecimento por parte do professor, do qual exclusivamente emana. Saber esse que só é legitimo por estar sistematizado e fundamentado.

O poder proveniente do conhecimento enquanto instrução – e esse só a elite teria acesso -, faz emergir uma distinção de classes legitimado pelo poder do conhecimento, ou seja, a escola serviria pra distinguir e legitimar as classes. Ao mesmo tempo, o conhecimento escolar cria valores, condutas e normas que servirão para avaliar o cidadão. Os valores ensinados na escola constituirão do “bem” e a ignorância da sabedoria popular, do senso comum, das “superstições” se configuraria enquanto “mal”.

Institucionalização propriamente dita da escola: a imposição da obrigatoriedade escolar e o controle social

Percebemos assim, claramente, a intenção de adequar as classes populares à ordem estabelecida. A escola seria uma instituição encarregada de controlar a massa, “adestrando-a”, moldando-a aos interesses da burguesia em ascendência. Aconfiguração da classe operária (no contexto das revoluções industriais) foi

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