Memorial De Formação
Artigos Científicos: Memorial De Formação. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: renactopus • 11/10/2013 • 2.763 Palavras (12 Páginas) • 341 Visualizações
Memorial de Formação
Memórias de minha infância e experiências vivenciadas na junto à escola.
Por onde começar? Bem... Vejamos. Vamos começar pelo personagem central nesta simplória história: Eu. Meu nome é Renato de Sousa Rodrigues. Tenho 25 anos de idade e nasci no Piauí. Com um ano de idade me mudei para Goiás com minha família. Eu tenho três irmãos. Meu pai havia sido contratado por um conhecido para ser caseiro em uma das fazendas dele. Cresci até os oito anos na zona rural. O meu irmão mais velho começou a estudar numa escola rural e logo comecei a achar interessante a ideia de estudar também. Parecia-me incrível aquela coisa de ir pra uma casa com diversas crianças e sair de lá sabendo mais coisas. Até cheguei a frequentar algumas aulas de meu irmão na primeira série. Mas logo tivemos que nos mudar para outra fazenda.
Nessa outra fazenda ficamos um tempo parados em relação a estudos. Lembro-me que havia um vizinho na fazenda ao lado que tinha uma esposa professora. Lúcia era seu nome. Meu pai pediu a ela que nos ensinasse conteúdos para que não ficássemos de todo atrasados até que pudéssemos ser matriculados numa escola próxima. Ela ensinava de modo carinhoso e isso era muito marcante. Junto de meus dois irmãos (o mais novo ainda era bebê de colo e obviamente não assistia à essas aulas) havia uma menina, Ludmila, que também assistia a essas aulas. Ainda me lembro de fatos interessantes daquela época como o dia em que a Ludmila machucara o dedo do meu irmão mais novo numa espécie de moedor de carne na casa da professora ou mesmo do dia em que aprendi a escrever meu nome. Cheguei e casa aos gritos de felicidade e correndo pra mostrar ao meu pai, que estava trabalhando no curral. Ele ficou muito feliz e eu, orgulhoso. Meu pai sempre deixou claro o quão importante eram os estudos na vida de um homem. Meu velho sempre foi do estilo de pai que lia para os filhos.
Finalmente realizamos nossas matriculas e nessa época comecei a frequentar a escola pra valer. Meu irmão estava na segunda série e eu começaria pela primeira sem antes passar pelo primário. Ela uma sala multisseriada com a primeira série e a segunda juntas. Minha professora se chamava Tereza. Tia Terezinha. Ela era baixinha e muito bonita. Lembro-me que normalmente possuía um temperamento calmo, mas às vezes ficava nervosa com a bagunça da turma e até mesmo chorava. Tinha muita dor de cabeça. Foi nessa época que comecei a enxergar a professora como uma humana. Até então via os professores como androides indestrutíveis sem vida pessoal. Foi engraçado o choque que tive quando ela disse que estava esperando um filho. No meu conceito sobre os professores não havia nada sobre a multiplicação dos mesmos (eu achava que filhos de professores seriam professores também). Aprendi a apreciar o ato da leitura com a professora Terezinha. Aprendi também a admirar essa profissão apesar da professora Terezinha dizer ás vezes logo após as broncas: “- Tomara que quando crescerem vocês sejam professores. Aí vocês verão que não deram valor a tia de vocês.”
Segunda série. Mudamos-nos mais uma vez. Fomos para a cidade de Alexânia. Era tudo muito diferente. Salas com poucos alunos se comparada com a sala de aula da zona rural. Escola enorme com dezenas e mais dezenas de alunos correndo pelo pátio. Cantar o Hino Nacional antes de entrar na sala. Meninas bonitas. Muitas meninas bonitas. Nessa época tínhamos a professora Glória. Muito brincalhona, dinâmica e brava nas horas de bagunça. Ela era do tipo de professora que cobrava muito do aluno. Seus deveres de casa eram sagrados e ai de quem não os levasse a sério. Eu bem sei disso. Era péssimo com atividades de casa. Nunca fazia. A professora sempre me dizia o quanto eu era inteligente, mas preguiçoso. Saia-me bem em provas e testes, mas era uma negação nesse tipo de atividade. Há alguns momentos especiais que guardo daquela época como o da vez que fui pedir uma ajuda com uma atividade de sala e a professora estava no meio da sala. Quando cheguei perto ela me puxou e começou a dançar comigo. A turma riu. Eu fiquei super- envergonhado, mas me senti bem. Outra vez, fui chamar pela professora e acabei chamando-a de Mãe. Até mesmo eu ri. A turma toda quase chorou de rir.
Terceira série. Mesmo escola. Professor homem. Muito medo. Imaginava um daqueles professores malvados de filmes sobre escolas conservadoras. Mas o que presenciei foi o melhor professor que já tive. O professor Manuel era incrível em sala de aula. Apesar de que hoje paro para pensar e vejo que ele usava muito de sua religião (Protestante) para direcionar sua aula. Mas na época isso pouco importava. Suas aulas de matemática eram muito construtivas. As aulas em que trazia o violão eram as mais apreciadas. Sua preocupação em contextualizar o que era aprendido em sala de aula era evidente. “É para isso que vocês usarão o que aprenderam aqui hoje lá fora!”- ele dizia. Nesse ano eu continuava não sendo muito fã de atividades de casa. Minha ortografia era horrível e eu sabia disso. Conheci muitos amigos nessa época. Amigos que mantenho até hoje. Minha primeira paixão apareceu nessa época. Crislene era seu nome. Passei aulas e mais aulas olhando pra ela. O que me rendeu broncas do professor Manuel. “-Sou eu quem está falando nesse momento, Don Juan! Não a Crislene!”. O professor também falava aquela coisa de “tomara que vocês sejam professores quando forem mais velhos”. Todos riam e batiam na madeira. Talvez por essa “maldição” anos mais tarde eu tenha decidido seguir essa carreira. Ou talvez tenha sido o vislumbre de possibilidade de transformar vidas. De fazer a diferença. Ser um herói de alguém. Parece ingenuidade, eu sei. Mas possibilidade de despertar a capacidade de questionar ao invés de afirmar sempre foi tentadora.
Nos anos seguintes tive professores muito importantes na minha formação. Aprendi à apreciar a literatura nacional como um tesouro enterrado em meu quintal com a professora de português, Nelice, à apreciar a matemática com professores como Márcia e Jacinto, à alimentar sempre minha curiosidade com a professora de ciências, Taiana. Todos tiveram papéis importantes na formação do acadêmico que sou hoje. Pretendo, assim como meus amados mestres, ser capaz de despertar meus alunos para uma visão diferenciada de mundo proporcionada pela educação.
Do Ensino Médio ao Ensino Superior
Durante o Ensino Médio começaram
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