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Metodologia Cientifica - Os 4 Conhecimentos

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Por:   •  19/9/2013  •  1.998 Palavras (8 Páginas)  •  1.849 Visualizações

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2.4.1 Conhecimento Popular

Este tipo de conhecimento, também chamado de espontâneo, vulgar ou empírico, surge do viver cotidiano e geralmente se apresenta desprovido de método e sistematicidade e pautado unicamente pela prática e percepções cotidianas. Na tentativa de encontrar explicações para os acontecimentos cotidianos, consegue basicamente uma percepção do que o rodeia, sem se preocupar com relações de causa e efeito e sem uma postura racional.

O conhecimento popular é prioritariamente intuitivo, imediato, concreto e não se pauta pela lógica. Por ser pouco racional, apresenta respostas ambíguas e nem sempre verdadeiras, que se pautam em aparências. Além disso, muitas vezes contribuem para superstições e discriminações, que com o tempo fixam-se em determinadas culturas. Podemos citar inúmeros exemplos de conhecimento popular nas explicações diárias de fenômenos do dia a dia que independem do nível cultural de quem as utiliza. Assim, muitas pessoas podem “prever” a proximidade de chuva por meio da percepção de alterações ambientais às vezes sutis, como a direção do vento, o tipo das nuvens ou o comportamento das aves. Da mesma forma, todos nós sabemos que se o leite for deixado fora da geladeira ele vai azedar. Estes são exemplos

de conhecimento popular, uma vez que a maioria não saberia explicar tecnicamente o porquê da ocorrência dos fenômenos citados.

2.4.2 Conhecimento Filosófico

Antes de mais nada é importante definirmos a palavra ‘filosofia’, a qual foi criada por Pitágoras: philos significa ‘amigo’ e sophia significa ‘sabedoria’.A idéia de conhecimento filosófico tem como base conceitos subjetivos, relacionados ao conhecimento especulativo, o qual busca constantemente o sentido do mundo e das coisas através de hipóteses que podem ou não ser submetidas à observação, ou seja, geralmente não são verificáveis e, portanto, não podem ser confirmadas ou refutadas. De acordo com Barros e Lehfeld (2007, p. 42), a filosofia “tem a finalidade de compreender a realidade e fornecer conteúdos reflexivos e lógicos de mudança e transformação dessa realidade. A filosofia cumpre a tarefa de elaborar pressupostos e princípios norteadores das ações humanas”. Assim, mesmo entre os grandes filósofos não há uniformidade de pensamento e de forma de reflexão, já que a filosofia consiste na observação, reflexão e interpretação do mundo sob pontos de vista diferentes e, às vezes, inconciliáveis. A filosofia não é um castelo abstrato, estéril e distante de idéias. Idéias difíceis e herméticas, como às vezes, de forma detratora, se diz. Ela é uma forma de conhecimento prático, orientadora do exercício de nossa sobrevivência em sociedade. Ela pode não garantir o “ganha-pão”, como se diz vulgarmente, mas certamente é com ela e com sua ajuda que conseguimos o pão nosso de cada dia, pois dela depende o encaminhamento de nossa ação (LUCKESI1984, p. 67). Assim, a filosofia cumpre a tarefa de compreender a realidade e contribuir com conteúdos reflexivos e lógicos para que essa realidade possa ser transformada.

O Mito da Caverna, narrado por Platão no livro VII de A Republica (escrito entre 380-370 a.C.) é, provavelmente, uma das mais poderosas metáforas criadas pela filosofia , em qualquer tempo, por descrever de forma atemporal a situação em que se encontra a humanidade, condenada a uma terrível condição. Imaginou toda uma população presa desde a infância no interior de uma caverna, imobilizados e obrigados por correntes a olharem sempre a parede em

frente. O que veriam então? Supondo que existissem algumas pessoas

no exterior da caverna carregando para lá para cá, sobre suas cabeças, estatuetas de homens, de animais, vasos, bacias e outros vasilhames, e havendo ainda uma escassa iluminação, disse que os habitantes daquele lugar infeliz só poderiam enxergar o bruxuleio das sombras dos objetos sendo carregados, surgindo e se desfazendo diante deles. Era assim que viviam os homens, concluiu Platão: acreditavam que as imagens fantasmagóricas que apareciam (chamadas de ídolos por Platão) eram verdadeiras, considerando o espectro como realidade. Toda a existência era, portanto, inteiramente dominada pela ignorância. Para Platão todos nós estamos condenados a ver apenas sombras à nossa frente, tomando-as como verdadeiras. Esta crítica à condição dos homens, que foi escrita há quase 2500 anos, inspirou e ainda inspira incontáveis reflexões, sendo a mais recente delas no livro de José Saramago A Caverna.

2.4.3 Conhecimento Religioso

O conhecimento religioso, também chamado de teológico, é aquele que se revela através da fé divina ou crença religiosa. Do ponto de vista religioso/teológico, a existência divina é evidente e inquestionável e, portanto, não necessita de demonstração ou experimentação, ou seja, dispensa qualquer procedimento experimental. No entanto, o conhecimento religioso se analisa, se interpreta e se explica (BARROS E LEHFELD, 2007). Este tipo de conhecimento depende da formação moral e crenças de indivíduos, grupos ou povos e requer a autoridade divina, seja de forma direta ou indireta. O conhecimento religioso não pode ser confirmado ou

negado, ao contrário do que ocorre no conhecimento científico, uma vez que se baseia em proposições reveladas pelo sobrenatural e, portanto, sagradas e valorativas. As verdades oriundas do conhecimento religioso são tidas como infalíveis e inquestionáveis. A fonte do conhecimento geralmente está presente nos livros sagrados, independentemente da religião ou doutrina. O conhecimento científico se caracteriza pela busca da compreensão dos fenômenos existentes através da utilização de procedimentos metódicos em suas investigações. Galliano

(1979, p. 21) define o conhecimento científico como “o aperfeiçoamento do conhecimento comum e ordinário obtido por meio de um procedimento metódico, o qual mobiliza explicações

rigorosas e ou plausíveis sobre o que se afirma sobre um objeto da realidade”. Além de focarem fatos e fenômenos verificáveis, o conhecimento científico é também objetivo, factual,

racional, analítico, organizado, explicativo e sistemático; constrói e aplica leis através de investigações metódicas. Podemos afirmar sem receio que hoje conhecemos mais e melhor em

comparação com o passado, mas não podemos chamar tal conhecimento de “conhecimento acumulado”, uma vez que tal processo está longe de ser meramente cumulativo. De acordo com Demo (2000, p. 74), “conhecimento novo não provém de mera soma. Vem da derrubada

sistemática e por vezes impiedosa.

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