Noticia E Reportagem

Para grande público e leitores assíduos da grande imprensa, notícia é a reportagem sobre algum tema. Mesmo os que já possuem algum conhecimento no ramo jornalístico usam este critério.

A distinção entre os textos jornalísticos auxiliar o leitor a aumentar o senso crítico em relação ao jornal, rádio ou TV, pois permite ao leitor, ouvinte ou telespectador perceber o grau de motivação do veículo em divulgar informações sobre determinados assuntos, e não sobre outros.

Reportagem é um texto em que muitas vezes o primeiro parágrafo é descritivo, ou então parte de um aspecto secundário como “gancho” para outro assunto.

Para quem está estudando lead e pirâmide invertida, fica difícil identificá-las na reportagem. Na notícia o lead e a pirâmide invertida são identificados facilmente. Observe abaixo um exemplo de lead na notícia:

PF caça guerrilheiro colombiano em favela

Na primeira ação conjunta entre as forças de segurança dos governos federal e estadual, 40 agentes da Polícia Federal, com o auxílio de homens da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e dois helicópteros da Coordenadoria Geral de Operações Aéreas (Cegoa) da Polícia Civil, ocuparam ontem o Morro da Fazendinha, no Complexo do Alemão, em Inhaúma. O objetivo era tentar localizar um integrante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que estaria escondido na região, treinando traficantes para o emprego de táticas de guerrilha. Houve uma rápida troca de tiros com os bandidos e um agente da Core foi baleado em um dos pés. No fim da operação, o homem não foi localizado. (...)

O lead esclarece, em ordem de importância, que se trata da ocupação de um morro, quem são as pessoas envolvidas, as circunstâncias de tempo e lugar, o modo como se deu a ocupação e o motivo pelo qual o homem era procurado. As informações que constam no lead são mais importantes e serão detalhadas ao longo do texto. O lead deve responder às seis questões: Quem? Quando? Onde? Por quê? O quê? Como?

Vamos verificar agora, outro exemplo de lead, mas na reportagem:

UBERLÂNDIA – Adnan Jobran usa roupas brancas para presenciar o abate de frangos na processadora de alimentos Sadia, garantindo que eles morram de acordo com as diretrizes aceitas pelos mulçumanos, com os pescoços cortados com o movimento de meia-lua. Na unidade próxima de Uberlândia, a 550 km de São Paulo, cerca de 10% dos 140 mil frangos e 10 mil perus produzidos diariamente são mortos segundo os rituais islâmicos e enviados a países como Arábia Saudita e Dubai, afirmou Jobran, que possui um exemplar de Alcorão sobre a mesa e decora o escritório com cartazes de santuários muçulmanos. (...)

Este primeiro parágrafo também responde ás seis questões, mas como estratégia, elege um personagem de importância secundária no texto, para a partir do personagem chegar ao assunto principal.

As matérias jornalísticas podem ser enquadradas em alguns gêneros. Um deles é o artigo – análise de um fato ou uma série de fatos em relação ao contexto político, social, econômico ou comportamental. É a análise de um fato, e não um julgamento do fato, o artigo jornalístico é também um espaço no qual o autor eventualmente inclua, de forma implícita ou explícita sua opinião, sua visão pessoal ou suas conclusões.

A coluna é a informação exclusiva, ao bastidor da notícia, comporta a manifestação do colunista sobre aquele fato que está informando ou analisando, seja pela postura irônica em relação aos eventos ou por previsões do jornalista que assina a coluna.

Editorial é o espaço reservado para manifestar a opinião do veículo, da instituição, opinião que é definida pelos dirigentes da empresa. Não tem preocupação em informar o leitor, mas de formar opinião. Em vez de fatos, traz argumentos.

A crônica é construída em torno de personagens, às vezes, fictícios focaliza em um fato cotidiano, quer ele tenha ou não, gerado impacto como notícia. Mistura o factual com a ficção, permite ao autor opinar, seja de forma pessoal ou através de personagens.

Por mais que rendam prestigio ao veiculo, editoriais, colunas, crônicas e artigos são ignorados ou pouco lidos por grande parte do público, que só os procura em caráter eventual.

O mesmo não acontece com os gêneros de caráter informativo, como a notícia e a reportagem. Ao selecionar qual matéria daquela edição será destacada na manchete de primeira página, é muito raro um editor, optar por um artigo, editorial ou coluna. O que chama atenção da maioria do público, é a novidade anunciada pela notícia, é a revelação feita pela reportagem. É a respeito de notícias e reportagens que os leitores se costumam se manifestar, a favor ou contra, em telefones e carta à redação.

A notícia é que mais usufrui da aura de imparcialidade que leva o leitor a aceitar, a priori, aquele relato dos fatos como verdadeiro e isento. É principalmente em torno dela que foi construído o mito da objetividade, responsável pela enorme acolhida e o potencial de convencimento que o jornalismo tem.

Para alimentar o mito da aura da objetividade o jornalismo estabeleceu uma espécie de acordo com o indivíduo e as coletividades, acordo esse que vem sustentando em grande parte a aceitação do jornalismo na sociedade contemporânea. Nomes, datas, eventos veiculados na notícia podem ser comprovados até mesmo pela comparação de diferentes jornais, pois todos trazem mais ou menos as mesmas informações.

Pode ser considerada a matéria-prima do jornalismo contemporâneo, notícia é produzida segundo técnicas específicas que foram adotadas, em seu conjunto, de forma que quase unânime pela grande imprensa. Essas técnicas dizem respeito à apuração e seleção dos fatos, escolha do vocabulário, ordenação de informações, tratamento de fontes, etc.

A notícia de forma simplista é o anúncio de um fato novo, o anúncio da novidade. Alguns jornalistas tentaram explicá-la por seu conteúdo, mas a diversidade dos temas e enfoques dos jornais leva à conclusão de que qualquer fato novo, qualquer fenômeno recém-percebido pode virar notícia, desde que seja capaz de gerar