Nova Carta De Atenas
Pesquisas Acadêmicas: Nova Carta De Atenas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: davidsonaguiiar • 15/6/2014 • 2.735 Palavras (11 Páginas) • 555 Visualizações
Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 9, p. 33-37, jan./jun. 2004. Editora UFPR 33
KANASHIRO, M. Da antiga à nova Carta de Atenas − em busca de um...
Da antiga à nova Carta de Atenas − em busca de um
paradigma espacial de sustentabilidade
From ancient charter to the new Charter of Athens − a search
of a spatial paradigm of sustainability
Milena KANASHIRO1
RESUMO
As visões da Carta de Atenas (1933) assumiram caráter dogmático, influenciando profundamente as
nossas cidades. A proposição da cidade funcional como crítica às cidades tradicionais definia funções
básicas: habitar, trabalhar, recrear e circular. Frente à considerada obsolescência do tecido urbano existente,
impunha-se uma nova ordem, implicando, em termos formais, em um produto homogêneo. Nas
últimas décadas emerge a discussão do conceito chamado desenvolvimento sustentável, que objetiva a
manutenção da qualidade de vida, assegura acesso continuo aos recursos naturais e evita a persistência
dos danos ambientais. Sob esse enfoque, a Nova Carta de Atenas (1998), resultado da discussão de onze
países da Comunidade Européia, delineia temas emergentes. O trabalho traz um breve panorama do
repensar urbano, apresenta os princípios, o paradigma proposto e delineia considerações sobre a Nova
Carta.
Palavras-chave: Carta de Atenas (1933), Nova Carta de Atenas (1998), cidade sustentável.
ABSTRACT
The visions of 1933 Athens Charter assumed a dogmatic character that is continually influencing our
cities. The proposal of a functional city, as a critic of traditional spaces, was defined by its basic functions:
dwelling, work (or production), recreation and transportation. Facing the existing obsolete urban tissue,
a new order was imposed, having as result a homogeneous space, in formal terms. In the last decades the
discussion of the concept of sustainable development has emerged aiming as maintaining life quality,
ensuring continuous accessibility to the natural resources and avoiding the environmental damages. As
a consequence, the 1998 Athens New Charter, resulting from the discussion of eleven countries of
European Union witch defines an emergencies has emerged thematic. This paper deals with a brief
panorama of the urban re-thinking, present the set of recommendations, expose the paradigm and outline
considerations of the New Charter.
Key-words: 1933 Athens Charter, 1998 Athens New Charter, sustainable city.
1 Arquiteta, Doutoranda do Curso de Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR, Docente do Centro de Tecnologia e Urbanismo da UEL.
Meio Ambiene-9_01.p65 33 10/8/2005, 09:57
34 Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 9, p. 33-37, jan./jun. 2004. Editora UFPR
KANASHIRO, M. Da antiga à nova Carta de Atenas − em busca de um...
Introdução
Na história das cidades, as imagens de perfeição têm
produzido paradigmas como resultado de um desejo utópico
de ordenamento e organização do espaço. Um dos
paradigmas que talvez tenha influência sem precedentes
foi a Carta de Atenas de 1933, resultado do IV CIAM
(Congresso Internacional de Arquitetura Moderna). O documento
preconizava a organização da cidade a partir de
quatro funções básicas: trabalhar, habitar, circular e cultivar
o corpo e o espírito, basicamente o gérmen da idéia
da zonificação.
Sessenta e cinco anos depois, a Comunidade Européia,
representada por onze países, publica o documento
intitulado New Charter of Athens (1998) rediscutindo questões
urbanas “mais apropriadas para os nossos tempos”.
Este trabalho traz, primeiramente, um breve panorama do
repensar urbanístico; em seguida, apresenta os princípios
da Nova Carta de Atenas; e, por fim, as reflexões que definem
a complexidade e a emergência da discussão sobre a
busca de um paradigma espacial de sustentabilidade urbana.
Breve panorama do repensar urbanístico
Segundo Choay, a palavra Urbanismo é relativamente
recente e corresponde à nova realidade da expansão da
sociedade industrial, tendo um caráter tanto reflexivo como
crítico (CHOAY, 1979). Por assumir este viés de planejar e
organizar a sociedade industrial em novas funções sobre
antigas estruturas urbanas, diferencia-se dos precedentes
históricos do Urbanismo Clássico.
Ao longo do Século XIX, ressaltam-se preocupações
quanto à qualidade de vida e aos limites de crescimento e
expansão de cidades. Ruskin e Louis Waurin alertam para
as condições de vida dos operários e Owen cria as Trade
Unions. O Falanstério de Fourier,
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