Novo modo de ser Igreja
Artigo: Novo modo de ser Igreja. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: fernadague • 10/10/2013 • Artigo • 1.036 Palavras (5 Páginas) • 311 Visualizações
RELLumen Gentium
em 17 Março 2009.
Novo modo de ser Igreja
Ao convocar o Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII tinha um objectivo bastante claro: aggiornamento, actualização da Igreja diante das questões postas pela sociedade da época. Os trabalhos e documentos deveriam seguir esta linha, mas ao final da primeira sessão nenhum dos 72 documentos propostos tinha sido aprovado. João XXIII morreu meses depois, em 3 de Junho de 1963. Paulo VI sucedeu-o e retomou os trabalhos conciliares sob uma nova perspectiva. Meses antes, Paulo VI, na época Cardeal Montini, tinha-se pronunciado, afirmando que o Concílio deveria ocupar-se de um único problema: «a Igreja», isto é, reflectir sobre a essência da Igreja. Este seria o novo caminho a seguir.
Do projecto inicial de 72 documentos passa-se para 16, deixando aspectos secundários para intervenções futuras do Papa e das Congregações Pontifícias. A constituição sobre a Igreja - Lumen Gentium - torna-se como que o tronco do Concílio e representa, no campo da eclesiologia, uma autêntica revolução. Surge um novo modo de ser e de compreender a Igreja. De um modelo de Igreja como sociedade perfeita passa-se agora a uma pluralidade de imagens, complementares entre si e orientadas pela perspectiva do mistério e da Trindade.
Ao contrário da constituição Sacrosantum Concilium, houve longa discussão sobre o texto original, sendo feitas cerca de quatro mil emendas. O documento final, votado apenas após cada um dos capítulos ser aprovado individualmente, foi promulgado a 21 de Novembro de 1964, após receber 2151 votos a favor e apenas cinco contra. É composto por oito capítulos, onde se descreve diferentes aspectos da Igreja.
No primeiro capítulo somos introduzidos no «mistério da Igreja»: a Igreja é o reino já presente em mistério e cresce pelo poder de Deus; «é o povo congregado na unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (LG 4). Resgata-se uma série de imagens que desde as origens do cristianismo representaram a Igreja: rebanho, lavoura de Deus, edifício, Jerusalém do alto, templo do Espírito e corpo de Cristo com diferentes membros, guiados pela única cabeça: Cristo, que é a Luz dos Povos.
Enquanto o primeiro capítulo considera o corpo eclesial a partir do mistério trinitário, o segundo apresenta o seu desenvolvimento histórico. O novo povo de Deus, uno e universal, é formado por todos os que crêem. Na nova aliança, todos são chamados a ir e baptizar, segundo a ordem de Cristo em Mt 28,18-20, constituindo assim uma Igreja missionária.
O terceiro e o quarto capítulos descrevem a estrutura orgânica da Igreja. Todos os baptizados, fiéis ou pastores, têm a mesma vocação fundamental e são associados à mesma missão. Primeiramente fala-se da constituição hierárquica da Igreja, especificando a função dos bispos (pregar o Evangelho, governar e santificar o rebanho), presbíteros e diáconos, que estão ao serviço do povo de Deus. A seguir trata dos leigos, aos quais «compete por vocação procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus» (LG 31). Os leigos, cada vez mais valorizados, são chamados à santidade a partir da sua vida de inserção no mundo. Para tal é sempre actual a necessidade de se investir na formação e na participaçãodos leigos na vida eclesial.
O Concílio pede que entre pastores e fiéis haja uma «comunidade de relações» e um mútuo apoio, pois todos são «chamados à santidade». Este é o tema do quinto e do sexto capítulos. A missão essencial da Igreja é a santificação: a Igreja é santa e todos na Igreja são chamados à santidade. No coração desta vocação comum a todos situa-se a vida consagrada. O Concílio assinala os conselhos evangélicos como dom divino, consagração ao serviço de Deus. Nos próximos meses retomaremos a reflexão sobre
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