O Cristianismo Como Revolução Educativa

Universidade Federal Fluminense

Niteroi 27 de agosto de 2014

História da Educação I

Aluna: Poliane dos Santos Glória de Freitas.

Professor : Marcelo

O Cristianismo como revolução educativa

CAMBI, Franco - História da Pedagogia, capítulo V

I- O Cristianismo promove uma revolução cultural, que segundo o autor, passa a modelar toda " visão da sociedade e seu comportamento " numa concepção social baseada nos principios religiosos de fraternidade, civilidade e igualdade, uma "ruptura" com o mundo clássico.

É em 313d. C, ano do Édito de Milão, no contexto de queda do Império Romano, que o Cristianismo se afirma como religião do Império e ganha espaço e poder no campo politico e também pedagógico, baseando-se em principios religiosos e teológicos, a paidéia crhistiana.

II- Para compreender os processos educativos baseados nos princípios do cristianismo, CAMBI nos convida a analisar os documentos canônicos, precisamente os quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João)que descrevem o magistério de Cristo, onde o processo acontece a partir da figura do mestre-profeta; as epístolas de Paulo, que apresentam uma pedagogia disciplinar, 'de repressão dos instintintos e sublimação interior', como descreve o autor; e o Apocalipse de João que sugere um processo de educação limitadora, onde as pessoa devem esperar o tempo determinado das coisas, não buscando romper as barreiras do tempo, lembra a ideia de docilidade dos corpos, ainda muito presente em métodos educacionais da atualidade. E por ultimo temos Ato dos Apóstolos onde a presença do amor e da caridade na ação educativa são princípios essenciais, mas é também um período em que estas comunidades enfrentam forte perseguição e lutam para propagar sua mensagem, nas mais diversas culturas, sem em nada alterá-la.

III- CAMBI afirma que com o surgimento da Igreja, surge também uma nova prática educativa e esta vai "substiuindo cada vez mais o poder civil". E a Igreja Romana assume este aspecto ainda mais fortemente por encontrar-se ligada ao Império, ocupando assim uma cultura de governo religioso e civil .

O ponto de vista educativo-escolar do Cristianismo dos primeiros séculos possuia dois principais aspectos:

- A imitação da figura de Cristo - o modelo que todos deviam seguir e ser.

- A formação do cristão da cultura clássica, literária, retórica e filosófica.

No entanto tal discurso enfrenta alguns questionamentos, pois necessita confirmar-se distinto da cultura clássica e incorporar suas ideias de conhecimento e governo.

IV - Netse Momento do texto, o autor afirma haver um processo de simbiose, entre o cristianismo e o helenismo, visto que há forte presença dos aspectos helenistas nos discursos cristãos, como por exemplo a ideia de LOGOS, presente na descrição do verbo descrito em João 1, bem como a aproximação da figura de Cristo à de Platão.

Pode-se dizer que já nos primeiros tempos dos apóstolos há uma primeira fase do helenismo cristão, porém é Clemente de Alexandria quem consagra a paideia cristã, reinterpretando a Biblia à luz da filosofia de Platão. É ele também, juntamente com Origenes, que traduzem uma nova perspectiva de educador, como guia espiritual e cultural. Neste mesmo período , há uma retomada do ensino da filosofia e das ciência, no entanto, de forma restrita e dentro dos aspectos religiosos.

Anos mais tarde, padres capadócios delimitam um curriculo para a paideia cristã, direcionando a maneira como se deveria seguir o processo educacional dos Jovens.

V - Os mosteiros, como lugar de formação, influenciou no formato de educação vigente até os dias de hoje. São precisamente os modelos do século VI, os mais significativos.O Monasticismo, "fixou um novo lugar de formação, no sentido espiritual e cultural ... e também elaborou um tipo de cultura cristã. " ( CAMBI, 1999, p. 132)

VI - O Cristianismo produz uma profunda transformação dentro da célula mater da sociedade: a família. Modifica a relação entre pai e filhos, estabelecendo uma relação de amor e respeito mútuos, além de transformar a perspectiva da mulher e da infância. Amulher passa a ser vista de maneira mais igualitária e embora em momentos de oscilição entre a visão de Eva e Maria, ela se percebe livre das antigas cadeias, sendo enaltecida sua import¼ancia como educadora e a maternidade. Quanto ã criança, se destaca sua ingenuidade e inocência, ainda vinculada a uma visão de ser inferior e menor.

VII - Santo Agostinho, descrito por Cambi como o mestre da pedagogia Cristã, foi quem reativou a visão do cristianismo vinculado aos principios platônicos, pois segundo ele, "a verdade ilumina a consciência e se manifesta nela... a verdade vem de Deus, de quem a alma humana carrega a marca".

A pedagogia está fortemente presente nas obras de Agostinho, como por exemplo a formaçãodos cristãos nas Confissões, o educar - instruir em De Magistro, dentre outros. Seu pensamento de que a ascensão a Deus é um proceso de auto-educação , e portanto o cristão também precisa de conhecimento, se propoagou por séculos e culminou na bandeira da educação Cristã defendida por muitos pensadores.

Características da Educação Medieval

Tradicionalmente, a Idade Média foi caracterizada pelos humanistas e reforçada pelos iluministas, como uma época de trevas, dos “séculos obscuros”. Segundo Cambi (1999) essa visão (já revisada pela historiografia) interpretava a Idade Média como um período de profunda regressão da civilização que retornou à condição de vida do tipo arcaico: uma economia de subsistência, uma sociedade regulada pela dependência e pela fidelidade a formas de quase escravidão, uma técnica inexpressiva, uma elaboração cultural reduzida, um tipo de relações internacionais restritas e inseguras, marcada ainda pela migração dos povos, por conflitos étnicos e por explosão de pauperismo.

Evidentemente, existe nesse quadro