O Estudo Das Relações Entre As Culturas E A Renovação Do Conceito De Cultura

O estudo das relações entre as culturas e a renovação do conceito de cultura

"Aculturação"

Segundo Denys Cuche, para se ter noção de cultura era preciso abrir um novo campo de investigação sobre os processos denominados de “aculturação" para que desta forma se registrasse um novo avanço teórico. Esse campo era completamente ignorado e existiam poucos trabalhos dedicados ao processo de mudança cultural ligado aos contatos culturais. Os contatos eram de sentido único, não havia o contato da cultura recebida e da cultura que dava. Precisavam-se esperar os estudos sobre os fenômenos da “aculturação” para compreender melhor os mecanismos da cultura.

Aculturação: Segundo a Antropologia, É o Processo decorrente do contato mais ou menos direto e contínuo entre dois ou mais grupos sociais, pelo qual cada um desses grupos assimila, adota ou rejeita elementos da cultura do outro, seja de modo recíproco ou unilateral, e podendo implicar, eventualmente, subordinação política.

Psicologia Social: Adaptação de um indivíduo a uma nova cultura com que estabelece contato, seja em seu local de origem, seja em outro local para que se tenha mudado.

 "A superstição do primitivo"

Roger Bastide (1968) observava que a orientação original da etnologia, virada para as culturas ditas “primitivas”, seja a causa principal do referido atraso. As culturas primitivas eram vistas como culturas não ou pouco modificadas pelo contato, que se supunha muito limitadas, com outras culturas. Em tais condições, não é de surpreender que um dos principais “inventores” do conceito de aculturação tenha sido Herskovits, que se afasta, a partir de 1928, do estudo dos índios, objeto quase exclusivo da investigação na antropologia dos Estados Unidos, para se consagrar à análise da cultura dos negros descendentes dos escravos africanos. Criando um novo domínio de investigação, a afro-americanologia. Bastide se opôs à abordagem de Durkheim sobre a formação e a evolução das culturas. (A pesquisa Francesa causou atraso no campo da aculturação). Emile Durkheim considerava que dois sistemas sociais e culturais são diferentes um do outro e não pode haver interpenetração entre eles. Isso mudou apenas depois da Segunda Guerra Mundial.

 A invenção do conceito de aculturação

O substantivo “aculturação” parece ter sido criado em 1880 por J. W. Powell, antropólogo americano, que designava assim a transformação dos modos de vida e de pensamento dos imigrantes em contato com a sociedade americana. O termo não significa uma pura e simples “desculturação”. Em “aculturação”, o prefixo “a” não é privativo; provém etimologicamente do latim ad e indica um movimento de aproximação. A antropologia vai empenhar-se em mostrar a extrema complexidade os fenómeno de aculturação. Estudar um processo de aculturação conduz necessariamente a precisar de que tipo de aculturação se trata, como se produziu, que fatores desempenharam um papel determinante, etc.

O Memorando para o Esteio da Aculturação

O Conselho da investigação em Ciências Sociais dos Estados Unidos cria, em 1936,

um comité encarregado de organizar a investigação sobre os factos de aculturação.

O comité, integrado por Robert Redfield, Ralphinton e Melville Herskovits.

O Memorando constitui uma contribuição decisiva e preciosa. Cria um campo de investigação específico que se esforça por organizar, dotando-o de ferramentas teóricas adequadas. Propõe uma classificação dos materiais disponíveis graças aos inquéritos já efetuados. Elabora uma tipologia dos contatos culturais:

 Os contatos se produzem entre grupos inteiros, ou entre uma população inteira e grupos particulares de uma outra população (por exemplo, missionários, colonos, imigrantes...);

 Os contatos são amigáveis ou hostis;

 Produzem-se entre grupos de dimensões aproximativamente iguais ou entre grupos de dimensões notavelmente diferentes;

Aprofundamento Teórico: exemplos (Análise a noção de “tendência”)

- Gahaku-Kama da Nova Guiné jogando futebol. Longe de se servirem do futebol para afirmarem um espírito de competição, transformam o jogo num ritual destinado a reforçar a solidariedade [K.E. Reach, citado por Lévi-Strauss (1963, p. 10)].

O