O Jejum e Chernobyl
Por: LUIS GUSTAVO • 26/5/2022 • Abstract • 697 Palavras (3 Páginas) • 80 Visualizações
Jejum e Chernobyl
Christian Tal Schaller e Johanne Razanamahay
Sob a influência do célebre fisiologista Ivan Pavlov, o jejum foi amplamente utilizado na Rússia, desde 1920. Em 1934, o professor Sutkovoy organizou um jejum coletivo de três dias para erradicar uma epidemia de gastrenterite na marinha russa. Após a Segunda Guerra Mundial, Nokolaiev, autor de Le Jeûne pour la Santé (O jejum para a saúde), deu origem às primeiras sessões de jejum nas clínicas moscovitas, inclusive nas clínicas psiquiátricas. Pensou-se até em introduzir o jejum no programa da educação nacional.
Mas só após a tragédia de Chernobyl o jejum despertou o máximo de interesse no corpo médico. O hematologista A. I. Vorobyev, ministro da Saúde da Rússia em 1991 e 1992 quando ocorreu a catástrofe e autor de Avant et après Tchernobyl, le point de vue d’un médecin (Antes e depois de Chernobyl, o ponto de vista de um médico), recomendou o uso do jejum terapêutico nas pessoas atingidas pela radiação. Constatou que o jejum teve excelentes resultados nos casos de doença aguda devido à radiação, em que nem os enxertos de medula nem os antibióticos foram eficazes. Pela primeira vez na história, a prática do jejum mostrou-se capaz de triunfar sobre males que as terapêuticas americanas ou japonesas mais modernas não puderam curar.
Eis o depoimento de um médico russo: “Não sei o número de vítimas de Chernobyl curadas pelo jejum. Mas vi uma, em Ternopol, que veio para uma consulta de controle. Tratava-se de um bombeiro da primeira equipe. Eles tinham tomado um quarto de litro de vodca, antes de serem enviados para o local de acidente! Alguns dias mais tarde, ele estava no célebre hospital de Moscou, em que o doutor Gouskova fazia uma seleção por andares, de acordo com o prognóstico. Aqueles que pareciam condenados a uma morte certa eram mandados para o sétimo andar. Esse paciente foi enviado para o sexto andar, onde ele jejuou cinco vezes. Quando o encontrei, estava completamente curado. Não apresentava a habitual depressão provocada pela radiação. Seus olhos sorriam”. Os especialistas em jejum na Rússia recomendam sempre jejuns em que é permitida apenas a ingestão de água, chamados de RTD em russo (Terapia dosada de desintoxicação).
O Doutor Shumilov conseguiu definir e isolar uma série de sintomas provocados pela radiação crônica em pequenas doses, denominada “Doença de Shumilov” e criou uma terapia alternativa que utiliza principalmente o jejum terapêutico. Ele declara: “As vítimas do desastre de Chernobyl são orientadas a fazer regularmente curas de desintoxicação pelo jejum, com alimentação predominantemente vegetal entre as curas. Para controlar o grau de desintoxicação, utiliza-se a dosimetria individual de excreção das radiotoxinas, segundo a espectometria das emanações corporais”.
Hoje, Shumilov recomenda o jejum preventivo em domicílio para todos – principalmente aos pais antes da concepção de um filho. Ele lembra que, desde a segunda guerra mundial, 600 toneladas de plutônio estão espalhadas praticamente no mundo inteiro e que todos devem viver com essa herança de uma tecnologia que é muitas vezes encarada de forma leviana. Não devemos esquecer que as estatísticas mostram que 12 anos de testes nucleares na atmosfera produziram uma radiação equivalente a 98 acidentes
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