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O Pesadelo de Goiânia

Por:   •  15/12/2019  •  Resenha  •  580 Palavras (3 Páginas)  •  440 Visualizações

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O filme Césio 137 – O Pesadelo de Goiânia, escrito e dirigido por Roberto Pires, retrata uma história verídica ocorrida no Município de Goiânia – Goiás, no ano de 1987, fato que tornou-se conhecido como um dos acidentes mais relevantes que envolvem o isótopo césio 137. O acontecimento se deu quando dois coletores (Roberto dos Santos e Wagner Motta) de sucata invadiram um prédio onde anteriormente funcionou o Instituto Goiano de Radioterapia (IGR), encontrando então, uma máquina de radioterapia outrora abandonada, onde nesta havia uma cápsula de chumbo (contendo o material radioativo césio 137), no entanto, por desconhecer os riscos da retirada e posterior abertura da cápsula, os catadores levaram-na utilizando um carrinho de mão com o objetivando vender aquele produto.

Os catadores apenas vislumbram o lucro que seria angariado por meio da venda de chumbo e metal do aparelho. Durante cinco dias, eles retiraram e venderam peças deste, até que levaram-na para um ferro velho, onde o proprietário, Devair Ferreira, realizou a compra. Os funcionários do estabelecimento, ao abrirem a cápsula para a separação de chumbo, observaram que continha uma espécie de pó branco (semelhante a sal de cozinha), perceberam logo depois que no escuro, o pó adquiria um brilho intenso, de coloração azul. A característica do pó chamou a atenção do proprietário do ferro velho, que logo carregou a cápsula para casa (provocando a exposição da substância em mais um ambiente), em casa, passou a mostrar o seu achado à todos (família, amigos, vizinhança). Houveram ainda pessoas que carregaram parte daquele material para suas casas e mostraram para novas pessoas, aumentando assim a área de contato do césio 137. Destaca-se também que a máquina de radioterapia ainda foi repassada para um novo ferro velho, fazendo com que, mais uma vez a substância fosse espalhada por muitos espaços da cidade. Toda essa exposição ocorreu durante quatro dias.

Em certo momento após a exposição, algumas das pessoas que entraram em contato com o isótopo passaram a apresentar sintomas de intoxicação (tontura, náuseas, vômito). Quando procuraram o serviço de saúde não foram diagnosticados com algo relevante. No entanto, logo que a esposa do dono do ferro velho (Maria Gabriela) passou a desconfiar da cápsula encontrada, levou-a até a vigilância sanitária. Só então, após analisarem as amostras, verificou-se que tratava-se de material radioativo, justificando os sintomas apresentados por quem encontrou em contato com o pó.

Passou-se a encarar então um problema nuclear e a emergência de descontaminação das pessoas afetadas. Cadastrou-se então um total de 249 pessoas, que foram isoladas, fazendo uso de uma substância chamada “azul de prússia”, com o objetivo de eliminar os efeitos da radiação, por meio da excreção da substancia através as fezes e da urina. Ainda houve o chamado à um físico nuclear para que o mesmo avaliasse o incidente, onde verificou-se índices de radiação por diversas ruas da cidade. Mesmo com as medidas tomadas, ainda houveram vítimas fatais.

No desenrolar dos anos, a Justiça (em 1996), condenou os responsáveis pelo Instituto à prisão, sendo que a sentença pode ser substituía por prestação de serviços. Pode-se observar que o número de vítimas apenas cresceu, sendo cerca de 600 vítimas reconhecidas pelo Ministério Público. O que nos leva a pensar na inconsequência dos responsáveis do Instituto, que burlaram as normas de execução de armazenamento e descarte de uma substância radioativa, facilitando a exposição desta à centenas de pessoas que não carregavam com si conhecimento técnico sobre o assunto, tampouco para reconhecer o perigo iminente do material que lidavam.

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