O Principal Motivo Da Desindustrialização Brasileira: Wilson Cano
Artigos Científicos: O Principal Motivo Da Desindustrialização Brasileira: Wilson Cano. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Herick1992 • 5/7/2014 • 979 Palavras (4 Páginas) • 492 Visualizações
O Brasil sofre de um intenso processo de desindustrialização, iniciado ao fim dos anos 80 com medidas de abertura da economia ao capital estrangeiro. As práticas do governo Sarney e FHC resultaram no congelamento de investimentos na indústria, principalmente de transformação e no retrocesso em seu crescimento.
Os dados apresentados por Cano demonstram que apesar de ter sido um dos países exponentes na era desenvolvimentista do continente, a indústria brasileira teve significativo decréscimo em um período muito curto. O autor associa como causas deste fenômeno a prática cambial brasileira adotada pelo plano real, a abertura comercial, as altas taxas de juros, o deslocamento do índice de investimento estrangeiro (IDE) e os impactos da crise de 2008 na economia mundial.
Embora os números oficiais possam exemplificar crescimento da economia, boa parte desta imagem se dá por fatores desvinculados da estrutura produtiva nacional e são dependentes de uma melhoria das condições de compra da população por parte do governo, como o aumento do salário mínimo e programas de auxílio socioeconômico, ou de conjunturas específicas, "booms da economia", como a momentânea contribuição do efeito China para as exportações de produtos de baixa tecnologia e matérias primas para a potência em ascensão.
De acordo com o autor, “[...] O exuberante crescimento anual da economia chinesa expandiu sobremodo sua demanda externa, de forma generalizada. Contudo, sua nova divisão internacional do trabalho, sua elevada produtividade e câmbio desvalorizado fizeram com que suas relações comerciais com a América Latina passassem a ter a forma clássica da relação centro-periferia, com a pauta exportadora chinesa constituída, fundamentalmente de produtos manufaturados e sua pauta importadora, de produtos primários, ao contrário da estrutura comercial que pratica com o resto da Ásia, UE e EUA [...]”. Esta divisão internacional do trabalho citada possui sentido tanto em pequena quanto em grande escala. Aplicando-a em diferentes países, percebemos que cada região possui adaptabilidade para determinado cultivo ou fabricação de produto, o que sugere que cada país se especialize e concentre seus investimentos em determinado trabalho. Desta forma, diminuiria custos de fabricação e aumentaria o comércio para ambos. Muitos autores relacionam a divisão do trabalho ao crescimento das cidades e dos mercados, uns relacionando a divisão do trabalho ao crescimento das cidades enquanto outros afirmam que o crescimento das cidades é que permite a divisão do trabalho. Na ideia de Smith, por exemplo, a divisão do trabalho está no coração do sistema econômico como a principal força do crescimento. Quanto mais especializados forem os trabalhadores, empresas e países, maior será o desenvolvimento do mercado e da indústria, dando mais retorno aos investimentos.
Não podemos ignorar os impactos das políticas econômicas adotadas a partir de 1994 e seus efeitos domésticos à economia. A demasiada valorização do real perante o dólar, apoiado em políticas fiscais, de juros no controle dos preços desestimula o mercado exportador brasileiro, e tem sua parcela de responsabilidade na timidez dos investimentos na industria nacional, bem como na sua desvalorização e falta de competitividade.
Ao lado da política cambial, não podemos deixar de salientar o papel das altas taxas de juros e sua relação orgânica com o IDE ao país. Embora ao longo dos anos, com certa diminuição, os investimentos no Brasil se mantiveram, nota-se que sua aplicação se deslocou da indústria para outros setores mais atrativos. Uma vez que o investidor passou associar juros a lucros, quando comparada ao setor financeiro, a indústria demonstra lucros muito menores em curto prazo. Assim, quando se pensa em investimentos, pensa-se em acúmulo de capital e sua facilidade, hoje, com os mercados desregulamentados, muito mais voltada para os capitais de risco.
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