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O TRABALHO JORNALÍSTICO COMO ELEMENTO DE COMPOSIÇÃO FICIONAL NO CINEMA AMERICANO

Tese: O TRABALHO JORNALÍSTICO COMO ELEMENTO DE COMPOSIÇÃO FICIONAL NO CINEMA AMERICANO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  16/6/2013  •  Tese  •  6.996 Palavras (28 Páginas)  •  550 Visualizações

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O TRABALHO JORNALÍSTICO COMO ELEMENTO DE COMPOSIÇÃO FICIONAL NO CINEMA AMERICANO

Reinaldo Maximiano Pereira

Jornalista, professor do UnilesteMG

RESUMO:

O presente texto tenta uma análise do trabalho jornalístico representado pelo cinema americano nos filmes Todos os Homens do Presidente (All the president’s men, 1976), do diretor Alan Jay Pakula, e O Informante (The Insider, 1999), de Michael Mann. Dois filmes que reconstituem fatos reais marcados pela presença efetiva do personagem-repórter. A representação dos trabalhos da coleta de informações, passando pela seleção, contato com as fontes e a apresentação das notícias como um elemento de composição a mais para a texto fílmico que busca na veracidade de suas imagens a credibilidade no trato ficcional dos acontecimentos e personagens verídicos e históricos. Rastreia-se o modo como se delineou o desenho dos personagens-jornalistas no cinema americano, sobretudo nos chamados newspaper movies, muitas vezes esteado na representação maniqueísta do “jornalista herói” e do “jornalista vilão”. Aborda-se ainda a dificuldade de tentar enquadrar os personagens jornalistas dos dois filmes analisados neste paradigma dada a complexidade de sua atividade e sua visibilidade nas sociedades modernas.

PALAVRAS-CHAVE: cinema, jornalismo, representação.

ABSTRACT:

The present text tries to do an analysis of the journalistic work represented by american movie in the films All the president´s men (1976, Alan Jay Pakula), and the The Insider (1999, Michael Mann). These films reconstitute real facts with the presence of the character-reporter. The information collection, passing by selection, sources contact and the the reports, as an extra component for the movie, follows the truth of its images and credibility of ficcional events and real historical characters. It studies how the character-reporter in american movies, specially in newspaper movies, many times are simple based in the representation of the good guy-reporter and the bad guy-reporter. It also deals with the difficulty in naming the character-reporter in those films because of the complexity of their activity and how they are seen inside the modern societies.

Keywords: movie, journalism, representation

INTRODUÇÃO

“É importante ir ao cinema, mesmo que seja para ver produções sofríveis, para perceber quais são os caminhos que estão sendo trilhados pela humanidade. Só assim é possível perceber que ruins talvez não sejam os filmes.”

Syd Field

O cinema vem propondo, ao longo de quase 110 anos de história, um incontável número de representações sobre as mais variadas atividades profissionais: médicos, advogados, arquitetos, militares, artistas, psicólogos, empresários, policiais, detetives, políticos. Além de outras atividades: prostitutas, gigolôs, gângsteres, assaltantes, maníacos homicidas, traficantes.

O cinema não é o único produtor de significados sobre a realidade. Outras práticas distintas, como a literatura, a pintura e a fotografia possuem os seus poderes de criar imagens e conceitos a respeito dos profissionais por elas representados. Mas foi o cinema, sobretudo o americano, o responsável pela dupla e contraditória imagem que o jornalismo (que oscila entre um ofício nobre e uma atividade marginalizada) e o jornalista (que oscila entre o herói ou o vilão) receberam desde 1909 , com O Poder da Imprensa (The Power of the Press), de Van Dyke Brook, passando por obras como Cidadão Kane (Citzen Kane, 1941), de Orson Welles, A Montanha dos Sete Abutres (The Big Carnival: ace in the Hole, 1951), de Billy Wilder, Todos os Homens do Presidente (All the President’s Men, 1976), de Alan Jay Pakula, aos recentes O Quarto poder (Mad City, 1997), de Konstantinos Costa-Gavras, e O Informante (The Insider, 1999), de Michael Mann, isso só para se limitar às produções mais conhecidas.

Quanto ao jornalismo no cinema, no dizer de Pedro Butcher em artigo publicado no Observatório da Imprensa:

“Do confortável posto da ficção, o cinema já manipulou platéias para enaltecer ou destruir a mídia, reforçar seus mitos ou denunciá-los ferozmente. Nos filmes, principalmente os americanos, o jornalismo tanto pode ser visto como o ‘quarto poder’ de fato (como em Todos os homens do presidente, de Alan J. Pakula, sobre o caso Watergate) como um ‘quarto poder’ perverso, como no recente filme de Costa-Gavras, que leva exatamente esse título (...). Uma prova de que o assunto está mais do que em evidência é que, só em 98, três filmes [Quarto poder, Mera Coincidência e O Show de Truman] refletiram de forma espertíssima sobre os dilemas éticos das novas questões do jornalismo diante da sociedade do espetáculo e da imagem” Pedro Butcher

O interesse pela representação da atividade jornalística, aqui, surgiu da inquietação frente ao número considerável de filmes sobre jornalistas – os newspaper movies. Os filmes que figuram no corpo deste trabalho como objetos de estudo são Todos os Homens do Presidente e O Informante. Duas obras que apresentam, mesmo que de forma romanceada, uma história real em que a ética profissional confronta-se com os interesses empresariais e políticos dos órgãos de informação.

O trabalho proposto constitui uma tentativa de analisar como esses filmes representam o processo de investigação jornalística ilustrando seus elementos e conceitos – a apuração e veracidade dos fatos, a atribuição de valores ao acontecimento e seu relato como notícia. Defende-se, previamente, que a representação do processo de produção das notícias e a ilustração de seus conceitos nos filmes de Pakula e Mann operam uma tentativa de garantir veracidade à representação de duas histórias reais e encenam, mesmo que implicitamente, uma tentativa de focar um ideal do jornalismo encarado ainda como o guardião e o defensor dos cidadãos contra eventuais abusos de empresas privadas (o caso Wigand em O Informante) e das mais altas instâncias do poder constituído (a cobertura do caso Watergate em Todos os Homens do Presidente).

CINEMA E JORNALISMO: AFINIDADES

“Toureiro, pára-quedista, mergulhador, astronauta e ainda se pode lembrar outras para compor a lista de profissões sedutoras, fascinantes. São sempre a dos que trabalham no limite entre a vida e a morte. Como o médico,

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