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O que significa ETHOS?

Por:   •  31/5/2016  •  Resenha  •  6.844 Palavras (28 Páginas)  •  450 Visualizações

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  1. O que significa Ethos?

O conceito de ethos se formou, na Grécia antiga.

“ethos” é a capacidade de perguntar pelo sentido das ações e pela suas conseqüências.

  1. Enquanto modo de ser coletivo que procede da experiência comum dos valores, normas, leis e regras que exprimem a ideia de Bem;
  2. Como hábito ou caráter do indivíduo que incorporou à sua personalidade este ideal de Bem e que o traduz, por suas ações, como virtude.

  1. Por que existe uma Questão Ética?

A questão ética surge, portanto, no momento em que é feito um apelo à iniciativa do ser humano, pressuposto que sua ação não é condicionada (inteiramente) pelo curso natural das coisas.

A dimensão ética da ação inscreve-se na temporalidade própria do existir: capacidade de iniciativa para forjar, por si mesmo, seu ser futuro: poder de agir, decisão fundada na deliberação.

  1. Ética e Moral

“Ética” é a condição humano que possibilita questionar a “Moral” instituída na sociedade, visando a sua transformação.

  1. Ethos e Cultura

A cultura é sua própria obra, que a sociedade é criação, que toda sociedade, posto que seja instituída no tempo, se altera.

A ação criativa e instituinte é feita, a bem da verdade, com base em um dos elementos centrais do ethos:

A liberdade que têm os indivíduos de escaparem ao determinismo que reina na natureza, de mudar o curso das coisas – mas também o poder de transmutar o sentido das coisas –, de não ceder à pura e simples inércia, de não se conformar simplesmente à sociedade instituída.

 O ethos é precisamente “em parte” tradição, enquanto ele se põe como experiência heteronômica, ou seja, enquanto fundamento do conjunto dos costumes, dos princípios e dos valores tendo força suficiente para sobredeterminar o agir de indivíduos e grupos sociais. Contudo, o ethos deve, sobretudo, ser considerado como criação única, ainda que esta não cesse de ser, a cada vez, a ordem simbólica representativa de uma época e de um modo de ser coletivo.

  1. Ética como questionamento da moral na cultura

A vida ética é historicamente instituída como vida desejável para um grupo humano determinado. 

Nossa perspectiva de leitura do ethos, portanto, o toma não como confirmação de uma ordem social herdada, mas, no sentido de Castoriadis, como autocriação irrepetível de um modo de ser coletivo.

 Pode-se dizer que o desafio da reflexão ética será, pois, o de pensar a capacidade dos homens de instituírem do seu ethos enquanto mesmo estes o absorvem, o que remete, em última instância, à questão da autonomia do ser social.

Toda sociedade, para existir, precisa, como vimos anteriormente, de regras morais que a regulam, sejam estas regras escritas ou presentes na subjetividade de cada sujeito. Sem regras morais, não há sociedade. Contudo, só as regras morais não bastam, pois elas representam somente o momento em que a sociedade vive. É a capacidade humana de questionar estas regras morais que possibilita a transformação da sociedade. A este questionamento é que chamamos de “Ética”. 

Todos nós vivemos em uma determinada cultura que tem seus valores morais, que somos herdeiros desta cultura e não podemos considerá-la como externa a nós, como se fosse algo de outro. É a partir desta cultura, com seus valores, que podemos fazer as perguntas da Ética visando a sua transformação. Ética, neste sentido, é a capacidade de indignar-se contra os valores morais que não expressam o Bem, a Justiça e a Dignidade do outro.

  1. A Ética Filosófica de Platão

Platão foi o primeiro a enfrentar filosoficamente, isto é, com rigor de método e profundidade de reflexão, a questão do “Bem”. A interrogação platônica visará à questão do “Bem em si mesmo” e de como este Bem se apresenta como bem para nós, ou seja, como bem na vida humana.

Platão, para explicar sua concepção de Ética, inventou o Mundo Ideal, lugar abstrato onde existe o Bem, a Verdade, a Justiça, o Belo e todas as noções perfeitas que existem. Em nosso mundo real, só percebemos a sombra deste mundo ideal, onde existe a luz plena. Para alcançar o mundo ideal, segundo Platão, precisamos de um método, a que ele chama de dialético.

Sócrates pretende recuperar o valor da dignidade moral do ser humano, em uma sociedade que tinha sérios problemas com a justiça e o bem.

  1. A Moral Ascética de Platão

Para Platão, o que nos destrói é a injustiça, a desmedida e a desrazão.

A ética platônica não pode ser pensada sem se considerar o método que sua filosofia institui, isto é, a dialética. Em Platão a dialética é a busca do ser em si de todo ente, ou seja, a Ideia: o ser na sua imutabilidade.

Ao refletir sobre o tipo de existência que possa exprimir uma vida ética, isto é, a vida daquele que busca o justo equilíbrio entre prazer e inteligência (bem entendido, trata-se aqui dos prazeres da alma, prazeres “verdadeiros”, únicos capazes de se harmonizarem com o cultivo da inteligência, em oposição aos prazeres do corpo, intensos e desmesurados, que perturbam o espírito), a ética platônica primará por uma articulação essencial entre ética e estética, entre o Belo e o Bom.

Idéia de Bem apresenta três propriedades constitutivas: a proporção ou medida, a beleza e a verdade. A unidade ontológica do Bem definirá, nesta tríplice perspectiva, o horizonte de realização da existência moral:

  • medida - não se refere a uma norma externa ao sujeito à qual ele deva se conformar, mas “designa uma certa relação do sujeito a si mesmo, um modo de comportamento particular que carrega um nome: a moderação”
  • beleza - longe de ser um modelo estético fixo, ela aparece aqui como “forma aceitável na qual seu ser poderá se manifestar, pelos seus atos, em toda a sua transparência”
  • verdade - caracteriza o modo como o sujeito se engaja no projeto de se forjar a si mesmo como sujeito moral, de constituir para si uma existência digna do nome “boa”, reconhecida como moral. Em outros termos, a verdade designa o caráter de autenticidade daquele que busca para si uma existência moral.

A articulação destes três princípios, portanto, irá presidir aquela harmonização das diversas partes da qual se constitui a vida humana, ou seja, o prazer e o intelecto, num todo coeso, numa “medida determinada”, guiando o homem em suas ações.

Pode-se, assim, dizer que a filosofia moral de Platão está em total conformidade com sua Teoria das Ideias, a qual pressupõe um abandono progressivo dos sentidos na apreensão da essência das coisas.

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