PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DO AGENTE COMUNITARIO DE SAUDE.
Por: sillandiagarcez • 14/11/2016 • Artigo • 9.741 Palavras (39 Páginas) • 474 Visualizações
PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DO AGENTE COMUNITARIO DE SAUDE.
Sillandia Garcez Ferreira Silva1
Thais Helena Ellery de Alencar2
RESUMO
Diante dos problemas da área dos profissionais da saúde no Brasil existe grande adoecimento desses profissionais, a partir desse contexto, identificamos o grau de prazer e sofrimento no trabalho do agente comunitário de saúde (ACS). A pesquisa tem fundamentação teórica por Cristophe Dejours. A metodologia é pesquisa explorativa visando à abordagem qualitativa, utilizando questionário de coletas de dados. Os participantes reconhecem a existência de situações geradoras de prazer e sofrimento no trabalho, admitindo a necessidade de intervenção nas situações geradoras de sofrimento, com o objetivo de diminuir e potencializar as vivencia do desprazer no trabalho do agente comunitário de saúde (ACS). Descrevendo a representação social de prazer e sofrimento no trabalho construído pelos profissionais, reconhecer a existência de bem-estar e circunstâncias que sofrem na organização e assumir que o profissional deve ter um papel ativo nestas circunstâncias, com o objetivo de minimizar o sofrimento e maximizar o bem-estar.
Palavra chave: Agente Comunitário de Saúde. Prazer. Sofrimento.
INTRODUÇAO
Com o crescimento da população, o trabalho do Agente Comunitário de Saúde (ACS), ficou mais exigente buscando cada vez mais qualidade em seu trabalho, devido a essa exigência têm sofrido constantes pressões dentro e fora do ambiente de trabalho, causando vários transtornos físicos e psicológicos a esses indivíduos. Durante a pesquisa foi exposta a questão de que entre os profissionais de saúde, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) se destaca pela sua inserção na comunidade e seu papel de integração entre a população adscrita e o serviço de saúde.
Verificou se que os Agentes Comunitário de Saúde (ACS) são uma categoria de trabalhadores com atribuições extremamente complexas e abrangentes, chamando atenção para a sobrecarga de trabalho e para o fato dos agentes executarem atividades planejadas por outras pessoas sem participarem das decisões, existindo o distanciamento entre gestores e executores. Em controvérsia percebeu se um grande potencial de mobilizador da população que esses trabalhadores têm. Constatou se questões como falta de formação em serviço, limitações nas resoluções de problemas da população, condições de trabalho alienantes, que geram desgastes como sofrimento, estresse, insegurança e medo.
Sendo assim, resolveu se desenvolver uma intervenção com principal objetivo de mapear os potenciais de desgaste e fortalecimento do processo de trabalho dos profissionais que compõe a estratégia de saúde da família com a finalidade de propiciar a reflexão dos profissionais a respeito do seu próprio processo de trabalho e outros componentes da equipe, proverem melhorar os processos de trabalho dos trabalhadores da estratégia saúde da família (ESF) e da atenção básica para aperfeiçoar as potencialidades e minimizar os desgastes do trabalho, tornando publico os potenciais de desgaste e fortalecimento para a população e instituições que determinam a organização do processo de trabalho.
- ENTENDENDO AS RELAÇOES DE TRABALHO – SAUDE - DOENÇA
O Trabalho e muito importante na vida das pessoas, possibilitando acesso à renda para suprir as necessidades básicas que venha a garantir uma boa qualidade de vida, mas não se trabalha somente pelo financeiro, o trabalho proporciona o sentimento de utilidade e participante na vida social, promovendo a saúde. O trabalho torna se parte de nossa identidade,quando nos questionamos quem somos,respondemos trabalhadores da saúde, o trabalho pode ser fonte de prazer, alegrias, realizações, mas infelizmente, dependendo das condições nos quais o trabalho e desenvolvido, pode causar sofrimento, adoecimento e ate provocar a morte do trabalhador.
Quando falamos das relações entre o trabalho e o processo de saúde e doença dos trabalhadores, precisamos conhecer mais o que e saúde e o que chamamos de doença. Ter saúde não significa somente ausência de saúde, mas ter qualidade de vida, de acordo com a Lei Orgânica de Saúde (LOS 8.080), de 1990, a saúde das pessoas e determinada por um conjunto de fatores, ente eles: alimentação de boa qualidade, condições de moradia, saneamento básico, trabalho e renda, acesso a educação, transporte e lazer e aos bens e serviços essenciais, incluindo a segurança publica e os serviços de saúde.
A Constituição Federal define que a saúde e um direito de todos os brasileiros e que e dever do Estado garanti-la mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução de risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O trabalho e considerado eixo organizador da vida social e determinante das condições de vida e saúde das pessoas. O trabalho é um espaço de dominação e de resistência dos trabalhadores, que busca transformar os processos produtivos no sentido de torna lós promotores de saúde, e não de adoecimento e morte. (MENDES; DIAS, 1991).
Segundo a Teoria da Determinação Social do Processo Saúde – Doença, “As condições de saúde das pessoas e dos grupos sociais são resultado do processo complexo e dinâmico que s produz socialmente em todos os ambitos que a vida social se desenvolve. As condições de saúde dos trabalhadores das cidades, por exemplo, se produzem em seus locais de trabalho, no âmbito familiar em casa, na vida associativa, na vida cultural, tudo isso em espaços ou ambientes determinados (...) a vida se forja entre os aspectos que nos causam danos e os que nos protegem de cada momento e o resultado dessas contradições é o que se chama de ‘saúde – doença’ cujos fenômenos observáveis se fazem evidentes nas pessoas”. (Breilh, 1995).
Por essa definição, os aspectos de trabalho e vida não são entendidos como “fatores”, mas como determinantes no processo de adoecimento-saúde.
1.1 As Cargas de Trabalho.
As cargas de trabalho são exigências ou demandas psicobiologicas do processo de trabalho, que geram, ao longo do tempo, desgaste do trabalhador. Em outras palavras, as cargas de trabalho são mediações entre o processo de trabalho e o desgaste psicobiologicos do trabalhador. Esse desgaste e causado pela interação dessas cargas de trabalho como os processos bio-psiquicos humanos, podendo gerar danos à saúde como: acidentes, doenças e manifestações psicossomáticas.
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