Panorama moderno, evolução e tendências no movimento de responsabilidade corporativa no Brasil

1. INTRODUÇÃO

A responsabilidade social das empresas vem sendo amplamente discutido bem como divulgado pela mídia nos últimos anos. Entre os fatores que explicam a repentina valorização desse assunto está o fato de que, ao assumirem uma responsabilidade mais ampla pelo conjunto da sociedade, as empresas suprem necessidades comunitárias que não estavam sendo satisfeitas pelo Estado. O que todos esperam das empresas é uma postura mais comprometida com o desenvolvimento sustentável do País, envolvendo-se na proteção do meio ambiente, redução da pobreza e aumento da expectativa de vida da população, proporcionando um crescimento na qualidade da vida.

Atualmente percebemos uma variação de entendimentos em relação ao termo responsabilidade social, algumas mais notáveis, como a confusão entre uma ação socialmente responsável com uma tipicamente filantrópica, outra discussão é diferenciar os tipos de impactos e seus efeitos distintos sobre as partes interessadas.

O tema responsabilidade social tornou-se conhecido no Brasil a partir de 1965, através da “Carta de Princípios da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas”. No entanto, foi somente a partir dos anos 80 introduzido em uma pequena parcela de empresas que atuam no Brasil, passando a institucionalizarem em discursos relacionados a questões sociais e ambientais. Com a introdução no ambito empresarial, começaram a surgir importantes fundações, tendo como foco a questão da ética, em particular o chamado comportamento éticoe responsável com a sociedade.

O objetivo deste trabalho é apresentar o panorama contemporâneo, a evolução e tendências do movimento responsabilidade corporativa no Brasil, o desenvolvimento sustentável, com ênfase na análise da fase atual.

2. RESPONSABILIDADE SOCIAL.

O mundo contemporâneo possui um modelo de crescimento econômico que tem provocado enormes desequilíbrios. Por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e poluição aumentam a cada dia. Neste contexto começam a surgir necessidade de mudança nas formas de pensar, de agir e fundamentalmente na mudança de valores, sendo evidente que o caminho terá de ser o do desenvolvimento sustentável.

Há vários fatores que contribuíram para a expansão do interesse sobre a Responsabilidade Social nas Empresas, um deles é a globalização que, pela facilidade de transporte e comunicação que existe, permite que indivíduos e organizações tomem facilmente conhecimento sobre a forma como outras organizações, mesmo próximas ou distantes, desenvolvem a sua atividade. Isto permite que as organizações aprendam novas formas de agir e resolver problemas. Permite também que as empresas fiquem mais sujeitas a uma avaliação por parte da sociedade, tornando que politicas ou práticas seguidas pelas empresas em diferentes sítios, possam ser facilmente comparadas.

O tema acima deve ser encarado como um meio para atingir o desenvolvimento sustentável da sociedade e dasgerações. Isto significa que, essencialmente, as empresas têm de integrar em suas operações, preocupações com o impacto econômico, social e ambiental que tem na sociedade. Neste âmbito, alguns autores abrangem sete áreas: governo das organizações, direitos humanos, práticas laborais, ambiente, práticas operacionais, consumidores, envolvimento da comunidade / desenvolvimento da sociedade.

A ideia que as empresas não devem prestar contas somente aos seus acionistas como também a um grupo de partes interessadas ou influentes no negócio, é outro importante aspecto da responsabilidade social. A responsabilidade social também é definida pela sua forma de gerir um negócio com base na identificação e consideração dos impactos de suas atividades em todos os agentes envolvidos, sejam eles concretos, ou seja, trabalhadores, consumidores, fornecedores e sociedade, ou nos meios abstratos, ambiente, comunicação, futuro etc.

Uma das tarefas das organizações é identificar esses agentes e trazê-los para o dia a dia dos negócios, além de buscar maneiras de determinar, mensurar e divulgar os impactos das suas atividades sobre esses agentes. Como é impossível identificar e comprometer-se com todos interessados, as empresas buscam parcerias com organizações não governamentais, que geralmente representam alguns desses grupos, de forma a compartilhar ideias e interesses afins.

Em resposta à pressão social por mais transparência, as empresas começaram a publicar o chamado balanço social.

“O balanço socialfoi o primeiro passo para a criação de padrão de relatórios de sustentabilidade aceitos em todo o mundo. Atualmente, o que reúne maior numero de organizações é o Global ReportingIntiative, adotado por mais de quatrocentas empresas em cerca de quarenta países”.1

A visão contemporânea de responsabilidade social caracteriza-se pela implementação de iniciativas que não são impostas por lei, mas adotadas voluntariamente pelas organizações.

3. EVOLUÇÃO DAS PRÁTICAS E CONCEITOS.

Nos dias atuais, enfrentamos problemas sociais, econômicos e ambientais que se entendem por todo o globo. Poluição e degradação ambiental, pobreza e desigualdade na distribuição de renda, precárias condições de trabalho em muitos países, entre outros fatos. Por outro lado, há maior clareza a respeito de tais problemas e da necessidade de se criar soluções que transformem essas realidades locais. Ações positivas que, através de um contexto global favorável, possam se replicadas sempre que forem necessárias a cada sociedade.

Embora o conceito de responsabilidade social tenha surgido no século XX, podemos notar ações semelhantes nos séculos anteriores, como a ação dos Ingleses que deixaram de comprar açúcar produzido no Caribe porque este provinha de trabalho escravo, segundo relatório da ISO2.

O crescimento de práticas socialmente responsáveis começa a ocorrer a partir do fim da Segunda Guerra mundial. As Nações Unidas tiveram grande participação na criação de novosprincípios de direitos humanos, adotando em 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que sustenta que “todo indivíduo tem a responsabilidade de se esforçar pela promoção do respeito aos direitos individuais e a liberdade3.” São instrumentos que buscam garantir cidadania universal, mas funcionam complementarmente às leis sociais vigentes em cada país.

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