Pesquisa Qualitativa Em Educação Física: Possibilidades De Construção De Conhecimento A Partir Do Referencial Cultural

Os autores iniciam o estudo apontando que na Educação Física há uma tradição por estudos que priorizam as Ciências da Natureza, e que esse tipo de estudo parte de um pressuposto biologizado e mecânico de ser humano. Foi só a partir de 1980 que as pesquisas majoritariamente biologicistas foram questionadas. A partir disso, os pesquisadores começaram a buscar outras áreas (que não as biológicas) para explicar conceitos da Educação Física, isso foi de fundamental importância para compreender que o “ser humano é objeto e sujeito na construção do conhecimento” (SILVA; VELOSO; JUNIOR, 2008, p. 39). Nesse estudo, os autores se objetivaram apresentar pressupostos para o estudo do ser humano a partir do referencial cultural.

O primeiro tópico do artigo, intitulado de “O ‘Fazer’ Pesquisa das Ciências da Natureza e Ciências Humanas: Implicações para a Educação Física”, os autores apontam que há um paradigma entre duas áreas da Educação Física, a quantitativo-realista e a qualitativa-idealista, que são utilizadas para pesquisar nas Ciências Sociais e em Educação. Esse paradigma inicia-se com a superioridade das pesquisas utilizadas pelas Ciências Naturais. Entretanto eles deveriam formam uma unidade científica, porém o que predominava era o positivismo, criado por Augusto Comte. Ele acreditava que objetos sociais deveriam ser tratados da mesma maneira que objetos físicos, onde a Ciências Sociais era neutra.

Os autores apontaram 3 características básicas da Ciências Naturais, primeiro o dualismo epistemológico, segundo uma Ciência Social Neutra, e por último que as pesquisas na Ciências Sociais devem encontram uma limiaridade e relação entre os fenômenos sociais. A crítica ao positivismo se inicia na prioridade dada ao biológico, no século XIX. Alguns estudiosos das Ciências Sociais afirmavam que não se pode afirmar uma realidade humana, pois ela se determina através de eventos que significam uma coisa para algumas pessoas, e outra coisa para outras pessoas. Entendendo que os seres humanos são sujeitos e objetos da pesquisa. A crítica também parte da regularidade proposta pelo positivismo, os estudiosos apontam não existir tal regularidade, pois vivemos em uma complexidade da vida social, com diversos fatores determinantes. Segundo Dilthey, o pesquisador das Ciências Sociais não deve objetivar a procura de leis, mas sim uma compreensão interpretativa da mente daqueles que são parte da pesquisa.

É relatado no texto, que esse tipo de pesquisa, relaciona o ser humano como desprovido de cultura, história, emoção, sentidos, não levando em consideração seu contexto social.

Os autores do artigo apontam que a Educação Física, enquanto área de conhecimento não pode ser prejudicada por essa dualidade imposta pelos tipos de pesquisa. E que, toda intervenção em Educação Física, independente do campo, é em última instância uma intervenção humana.

Na perspectiva relatada pelos autores, “[...] o ser humano não é visto como síntese dos fatores biológico, psicológico, social e cultural, mas como uma reunião desses elementos.” (SILVA; VELOSO; JÚNIOR, 2008, p. 43).

O estudo aponta que é necessário entender, que as Ciências Naturais e as Ciências Sociais, se complementam , humanizam, formam a Educação Física.

Entretanto, quanto se trata da Ciências Sociais na área da Educação Física, é necessário saber a partir de qual referencial teórico está se trabalhando. O grupo que, a partir das Ciências Sociais, busca compreender valores, crenças, particularidades, relações de poder, etc., podem ser caracterizados por pesquisadores que utilizam a pesquisa qualitativa. Minayo (2003) aponta algumas características que delimitam o que é pesquisa qualitativa: o objeto de estudo é histórico; deve-se relacionar o que os sujeitos dizem e fazem com o contexto em que vivem; o objeto de estudo também é o sujeito da pesquisa; é uma pesquisa intrínseca e extrinsecamente ideológica, e assim parcial; e por último, o objeto é totalmente qualitativo.

Os autores trazem que as pesquisas qualitativas vêm crescendo na área da Educação Física, e que apresentaram acima foi uma exposição do entendimento deles sobre pesquisa qualitativa.

No segundo tópico, “A Educação Física pelo Referencial Cultural: Princípios para uma ‘Descrição Densa’”, os autores relatam que é necessário compreender o ser humano como um ser atuante na sociedade em que vive, e deve-se estuda-lo a partir das relações que estabelece com outros de seu meio. Nesse referencial cultural, o corpo é entendido como uma síntese do contexto em que vive das relações que estabelece, e não como um fragmento.

Há algum tempo, segundo os autores, a Educação Física