Pinheiros - Evolução Histórica
Por: Tita Cavalcante • 15/9/2019 • Abstract • 1.295 Palavras (6 Páginas) • 72 Visualizações
Pinheiros - Evolução Histórica
Um dos bairros mais antigos de São Paulo, com mais de 450 anos de história, já foi vila indígena e concentrou quilombos até se tornar um importante centro comercial. Hoje, ao mesmo tempo em que mantém um lado bem provinciano, com ruas só de casas, vilinhas, praças e muitas árvores, o local reúne lojas especializadas, restaurantes e bares, casas noturnas e escritórios.
1562 - Forte ataque de índios inimigos à Vila de São Paulo de Piratininga, repelido pelos moradores e pelos índios catequizados. Após a agressão, foi erguido pelos portugueses o Forte de Embuaçava, na margem do rio Tietê, perto da foz do rio Pinheiros.
Os índios da cidade foram então para um local conhecido como nossa Senhora dos Pinheiros.
A primeira igreja de Pinheiros, Nossa Senhora do Monte Serrat, que se ergueu quase junto com o aldeamento.
1600 - O caminho de Pinheiros – hoje, rua da Consolação – era um dos principais da Vila de São Paulo, o único acesso à aldeia indígena e a outras terras que ficavam além.
1865 – As pontes de travessia do Rio Pinheiros frequentemente eram destruídas por enchentes, e no ano de 1865 construíram uma nova ponte metálica.
Fim do século XVIII, aumento do desenvolvimento a partir da exportação do café. Que trouxe imigrantes, principalmente da Itália e Japão.
1920 – Fundação da Sociedade Hípica Paulista e da Cooperativa Agrícola de Cotia, fundada por japoneses, e se tornou uma das mais poderosas e ricas cooperativas do Brasil, em 1957 ela tinha mais de 5 mil associados e suas propriedades cobriam cerca de 140 mil hectares.
Hoje Pinheiros é um dos lugares mais sofisticados de São Paulo. Reduto da classe média, possui uma rede comercial grande e diversificada (roupas, sapatos, móveis, comidas e bebidas, bancos, etc) e uma intensa vida cultural (bibliotecas, livrarias, casas noturnas e bares, feira de artes e antiguidades, academias de dança, etc).
O bairro de Pinheiros possui duas bibliotecas municipais, a Biblioteca Alceu Amoroso Lima, que possui um acervo da memória do bairro para consulta e a Biblioteca Álvaro Guerra, que reúne depoimentos de moradores sobre suas histórias de vida e do bairro em sua Estação Memória.
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1926 clubes esportivos às margens do Rio Pinheiros, que já sofria com a poluição gerada pela cidade. Foto: Fernando Marques/Estadão
Nas décadas de 1920 e 1930, com o objetivo inicial de gerar energia, a Light desapropriou 20 milhões de metros quadrados para a realização das obras, que incluíam a execução de barragens, elevatórias e a reversão do rio Pinheiros que passaria a receber as águas do Tietê, do qual era afluente, para alimentar a Usina Henry Borden nas encostas da Serra do Mar. Desta obra, cerca de 80% das terras passaram para o poder de Light, que tinha o direito de ficar com as terras “saneadas e drenadas” regulamentado por lei.
Observou-se que no início dos tempos a várzea era um obstáculo que limitava a expansão urbana, graças às suas características naturais e físicas. Esse ganho de terras do rio direcionou sua ocupação e foi fator determinante na comercialização dos terrenos. A construção de avenidas e vias expressas que deram acesso às grandes glebas drenadas pela Light aliados ao sistema de financiamento, atraiu dezenas de empresas multinacionais a partir da década de 1970, iniciando o eixo do setor terciário do setor sudoeste da cidade.
A criação das Operações Urbanas Consorciadas Faria Lima em 1995 e Água Espraiada em 2001, fez desta área, mais uma vez, objeto de grandes intervenções urbanas. Apesar dos avanços adquiridos referentes ao aspecto legal do planejamento urbano, com o advento do Estatuto da Cidade em 2001, tanto o Plano Diretor como as leis que regulamentam as operações urbanas, ainda não levam em conta o meio físico territorial. No geral, apresentaram programa amplamente voltado para melhoria do sistema viário, amparado no adensamento construtivo para captação de recursos para as obras.
Em uma cidade com a dinâmica de ocupação urbana como São Paulo, o levantamento histórico de informações se faz necessário para um planejamento adequado. Ao resgatar os mapas com o traçado do antigo leito do rio Pinheiros observou-se que muitas ruas foram executadas sobre os aterros de seus meandros. Há trechos em que o traçado original apresenta distância superior a quinhentos metros em relação ao atual canal. Outras evidências da existência do rio podem ser constatadas em vias curvas em locais planos, unindo os loteamentos antes separados pelo rio, em ruas sem saída ou desencontradas, em divisões irregulares entre lotes na mesma quadra. Nos locais onde passava o rio Pinheiros, a água aparece nas inundações decorrentes de problemas de drenagem e aterros, e também nas sarjetas devido ao exaustivo bombeamento do lençol freático onde há subsolos de garagem. Este trabalho procura trazer uma releitura, não só do rio Pinheiros, mas dos rios em relação à cidade, que apresentam características e situações semelhantes, tanto de ocupação como de planejamento urbano.
Enchentes, inundações ocasionadas na região da capital paulista podem ter origem na retificação do rio Pinheiros na década de 20 a 40. Os impactos causados pela ocupação do antigo leito do Rio Pinheiros foram alvo de estudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Em projeto de Mestrado Profissional em Habitação, pela arquiteta e urbanista Angela Kayo, sobrepôs mapas do antigo leito do rio ao mapa de atual ruas de São Paulo e constatou grande modificação do traçado natural do rio. Alguns trechos foram desviados mais de 700 metros do traçado original.
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